Está chegando ao fim o trabalho do Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais da UFRGS (Leme) sobre o Edifício Galeria XV de Novembro, mais conhecido como Esqueletão. Desde outubro de 2021, um grupo formado por 30 especialistas se debruça sobre a estrutura de concreto, inacabada desde a década de 1950.
Os últimos moradores e comerciantes deixaram o prédio há sete meses, após determinação da Justiça. O imóvel de 19 andares situado na Rua Marechal Floriano Peixoto passou por minuciosa análise, desde a resistência e durabilidade do concreto utilizado há mais de 60 anos até a possibilidade de oxidação do aço que sustenta a estrutura.
O resultado oficial só será entregue à prefeitura em maio. Porém, a coluna teve acesso à decisão.
Pelos apontamentos técnicos, se nada for feito, o Esqueletão vai cair. Não é possível precisar uma data de quando isso irá ocorrer.
Um incêndio, por exemplo, encurtaria demasiadamente a vida útil da estrutura e traria risco imediato de desabamento. Mas, como o prédio está vazio, com tapumes para evitar invasões, a estrutura pode até durar mais tempo. Porém, com as infiltrações existentes e a exposição das estruturas de concreto - e em avançado estado de corrosão -, o prédio estará fadado ao desabamento.
O laudo dos engenheiros vai prever dois cenários. Um de baixo custo e outro de alto.
O que prevê o menor dos investimentos tratará do que precisa ser feito para evitar o desabamento. Se os problemas nas estruturas de concreto forem corrigidos, se houver uma melhor vedação, o esqueleto do imóvel será preservado, desde que ele seja mantido em desuso.
Agora, se a ideia for ocupar o prédio, além das intervenções já apontadas, será necessário executar uma série de obras com objetivo de adequá-lo às exigências de Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndios (PPCI). Obviamente, o custo será bem elevado nesta hipótese. Neste cenário, será ponderado que a demolição trará menos custos se o objetivo for a reconstrução da estrutura.
A partir do recebimento formal do laudo, a prefeitura traçará dois cenários. O primeiro deles é pedir aos proprietários que assumam o serviço. Outra opção é coordenar os trabalhos e depois cobrar os valores dos donos do imóvel.
Em 2018, um laudo preliminar da prefeitura apontou que o imóvel corria risco crítico de desabamento. Na ocasião, o Ministério Público chegou a pedir a sua demolição.
O Esqueletão também já havia sido interditado administrativamente pela prefeitura em pelo menos duas ocasiões, nos anos de 1988 e 1990. E houve uma interdição judicial em 2019.