
Três anos depois de um laudo preliminar apontar risco crítico de desabamento, o prédio Esqueletão, localizado no Centro Histórico de Porto Alegre - na Rua Marechal Floriano Peixoto -, passará com rigorosa avaliação. Esse levantamento começa às 8h de terça-feira (26).
Ele será conduzido pelo Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (Leme) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A ação está sendo possível porque o imóvel de 19 andares foi completamente desocupado há um mês. Os últimos moradores e comerciantes deixaram o prédio, após determinação da Justiça.
- Entraremos com as equipes para fazer tanto os ensaios para avaliar a consolidação dos materiais quanto a parte da avaliação das sessões e avaliação estrutural. Enquanto isso, outras equipes estão olhando a questão sobre cenários para possível recuperação em termos de segurança contra incêndio e desempenho de instalações que seriam necessárias - destaca o professor da UFRGS, e engenheiro civil, Luiz Carlos Pinto da Silva Filho.
Os trabalhos deverão ser realizados em até quatro meses. A partir do laudo, será possível definir qual o destino será dado à estrutura. A conclusão final dos trabalhos, porém, ocorrerá em 13 meses, com 22 semanas de atividades técnicas.
- Iniciaremos um trabalho minucioso, onde a prefeitura irá investir um montante de quase R$ 255 mil reais. Vamos definir a real situação em que se encontra a construção, e através dos apontamentos técnicos resolver de uma vez por todas esta questão que ficou marcada como um símbolo do abandono do Centro da nossa cidade - informa o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Pablo Mendes Ribeiro.
Inacabado desde a década de 1950, o imóvel passará por testes para saber se a sua estrutura está comprometida, e se precisará ser demolido. O objetivo é identificar as falhas aparentes e ocultas do prédio.
Se a demolição for o caminho, a prefeitura poderá pedir ao proprietário que assuma o serviço ou ela poderá coordená-lo e depois cobrar dos donos. Mas se o laudo atestar que o prédio tem condições de manter com as ocupações, os proprietários serão chamados para concluir a obra.
- Buscamos o Leme pela sua capacidade técnica e pela capacidade de entrega dentro do prazo que necessitamos. O futuro do Centro Histórico passa por uma decisão sobre o futuro do Esqueletão -, destaca o secretário municipal de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Cezar Schirmer.
Em agosto, o juiz Eugenio Couto Terra determinou a desocupação do prédio em até 30 dias. Ele atendeu a pedido da Procuradoria-Geral do Município (PGM) em ação ajuizada em 2003 pela prefeitura contra os proprietários do imóvel.
O Esqueletão já havia sido interditado administrativamente pela prefeitura em pelo menos duas ocasiões, nos anos de 1988 e 1990. Também já houve interdição judicial em 2019.
Segundo a Procuradoria Geral do Município, desde 2003, com o ajuizamento de uma ação civil pública, o município tenta obrigar judicialmente os proprietários a tomarem medidas com relação à estrutura. Um laudo preliminar de 2018 apontou que ele corre risco crítico de desabamento. O Ministério Público já chegou a pedir sua demolição.