Antonio* foi assaltado pelo próprios passageiros a duas quadras do local de embarque. Pedro* teve o carro interceptado por criminosos durante uma corrida. José* foi buscar uma mulher e, no ponto de partida, deparou-se com o suposto namorado dela que anunciou o assalto quadras à frente. Gilberto* pulou do próprio carro em movimento em plena freeway para escapar dos ladrões. Retiradas de boletins de ocorrências, as histórias revelam parte do que os motoristas de aplicativos têm convivido desde que o primeiro serviço passou a funcionar em Porto Alegre, em novembro de 2015.
Passados mais de três anos do início da operação, 2.274 assaltos foram cometidos contra os condutores em 26 cidades gaúchas entre 2016 a 2018 - uma média de dois roubos por dia. Do total, 59,12% dos casos ocorreram em Porto Alegre e outros 38,6% em 14 cidades da Região Metropolitana. Os dados foram obtidos por GaúchaZH pela Lei de Acesso à Informação (LAI) e, para a análise, foram utilizadas técnicas de programação, devido ao grande volume de material.
Motorista da Uber por um ano e meio, Antonio não desconfiou da dupla de passageiros que esperava próximo de um shopping em São Leopoldo. A poucos metros dali, os criminosos anunciaram o assalto e que descesse do carro, apontando uma arma. Foi quando o condutor decidiu tomar uma decisão arriscada: começou a dirigir em ziguezague para fazer com que os assaltantes perdessem o equilíbrio e, com isso, ficasse fora da mira do revólver.
— Foi tudo muito rápido. Eu só pensava em sair dali — conta a vítima.
Um dos criminosos entrou em luta corporal com o motorista, que acabou levando coronhadas na cabeça. Desgovernado, o carro bateu no canteiro central da BR-116 — uma das principais ligações de Porto Alegre com o Vale do Sinos.
Os criminosos acabaram fugindo sem levar nem mesmo o carro, praticamente destruído. Com sangramento intenso na cabeça, o condutor conseguiu caminhar até a delegacia mais próxima. Dali, foi encaminhado direto para o hospital. Ainda em atendimento médico, decidiu abandonar o aplicativo, que servia como alternativa ao desemprego.
— Não vale o risco. Por todo transtorno emocional, do conserto do veículo. Mesmo tomando todas as precauções, não arrisco mais — avalia o ex-motorista.
Serviços operam há 3 anos no Estado
Desde que o serviço passou a operar no Estado, há mais de três anos, os roubos não pararam de crescer. Das 36 ocorrências registradas em 2016, houve salto vertiginoso para 1.438 em todo ano passado, aumento de quase 3.9 mil %. Preocupados, os motoristas passaram a prestar mais atenção a sua volta e exigiram a criação de uma delegacia especializada, que está descartada. Mas isso não evitou que 1.170 assaltos a condutores pelos próprios passageiros, registrados a partir de 1º de janeiro de 2017.
Atentos à desconfiança dos motoristas, os criminosos começaram a utilizar técnicas mais elaboradas para cometer os roubos. Uma delas era fazer com que mulheres — conhecidas dos ladrões — pedissem a corrida. Ao chegarem no ponto de embarque, o motorista deparava com a suposta passageira.
Uma mulher "magra, bonita e bem vestida", como descreveu uma das vítimas. Em alguns casos, ela aguardava acompanhada de um homem ou pedia para que o aguardasse. Só ele acabava entrando no carro e cometia o assalto no caminho.
José foi uma das vítimas em junho do ano passado. Ele estava prestes a voltar para casa, quando foi chamado para uma corrida por uma mulher em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. Ela até chegou a embarcar no carro acompanhada de dois homens, mas uma quadra à frente, deixou o veículo para dar espaço para outros dois homens.
— Ela falou que ia chamar outro carro, porque não havia espaço para todos. Naquela hora eu já desconfiei — conta o condutor.
No meio do caminho, foi anunciado o assalto. Os criminosos alegaram que queriam o carro para fazer um roubo. José teve mãos e pés arramados e foi colocado no banco traseiro. Nervosos, os criminosos tiveram que desamarrá-lo para voltar a dirigir. Em Campo Bom, ele foi solto. Naquele dia, ele tinha combinado de jantar com a esposa por volta das 21h. Devido ao assalto, chegou em casa passado das 2h.
— A gente sempre estava trocando mensagem no WhatsApp. Quando ele parou de responder, eu percebi que algo tinha acontecido. Eu tentei ligar e o telefone só dava desligado. Naquela hora, passou um milhão de coisas na minha cabeça — conta a esposa.
Juntos há dois anos, os dois têm dois filhos. Na época do assalto, uma das crianças tinha recém nascido e o Uber servia como alternativa de renda, já que a esposa estava de licença maternidade. De manhã, José atuava como padeiro e à noite como motorista de aplicativo. Passado o crime, abandonou a plataforma, como fez Antônio.
— Não vale a pena se arriscar tanto. Principalmente quando a empresa não dá auxílio para o motorista. Um ano após o assalto, eles voltaram a me ligar. Queria que eu voltasse a trabalhar. Mas não quero não — conta.
* Os nomes dos entrevistados são fictícios.
Contrapontos
A Cabify se manifestou por nota. Confira:
A empresa reforça continuamente a sua preocupação com a segurança dos motoristas parceiros e passageiros e acredita que todos têm o direito de ir e vir em um ambiente seguro. A empresa investe e desenvolve constantemente em tecnologias para a ampliação da segurança dos seus usuários, como a remoção de possíveis áreas de risco do mapa de atuação e também registra e monitora as informações sobre todas as etapas da viagem (solicitação, aceitação do motorista parceiro, finalização da corrida e pagamento), inclusive por GPS. Com esses e outros dados, e respeitando o Marco Civil da Internet, é possível oferecer suporte e informações, inclusive para as autoridades. Em relação à liberação do meio de pagamento em dinheiro, foram estabelecidos processos rigorosos de segurança para esse novo recurso. A nova funcionalidade oferece uma configuração de segurança, na qual o condutor tem a opção de habilitar ou desabilitar o recurso, escolhendo sua preferência em relação ao método a ser pago, garantindo a comodidade e segurança ao motorista parceiro. Além disso a empresa mapeou, junto com as prefeituras, horários e locais de risco nos quais a funcionalidade não estará habilitada. A Cabify é o único aplicativo no Brasil a ter esse cuidado (opção de dinheiro somente em locais e horários de menos risco. Nos casos de situações de risco, a empresa orienta o contato imediato com a Central de Atendimento, que está disponível 24 horas nos 7 dias de semana, para análise do caso considerando o direito de defesa das duas partes mediante prova. Se houver comprovação de um ato de violência e/ou recorrência do motorista parceiro em determinada atitude, ele é automaticamente cortado da base da Cabify. A Cabify também possui um botão de segurança, recurso que permite que os usuários possam entrar em contato direto com as autoridades policiais locais ao clicar no botão de SOS - localizado no canto superior da tela do aplicativo - disponível em toda corrida. A empresa promove, ainda, palestras informativas com dicas de atendimento de qualidade e de segurança.
A Uber também se manifestou por nota. Confira:
A Uber entende que o levantamento apresentado pela Zero Hora contém lacunas importantes e falhas metodológicas que não permitem a verificação dos dados e induzem a conclusões equivocadas. Destacamos os seguintes pontos:
A reportagem compartilhou hoje (sexta, 19/7) com a empresa os números citados. Todavia, foram não foram fornecidos quaisquer dados sobre as ocorrências (como nomes, placas, data, local e horário) que permitam identificar veículos ou indivíduos e verificar se as ocorrências mencionadas têm de fato alguma relação com o aplicativo da Uber em si.
Ainda que houvesse dados que permitissem a verificação, não foi concedido pelo veículo um tempo minimamente razoável para que a empresa pudesse checar. Os números gerais foram fornecidos na sexta às 12h14, pedindo-se um posicionamento para o mesmo dia. A reportagem foi publicada às 15h15.
O pedido da reportagem não detalhou a metodologia utilizada no levantamento. Questionada, explicou que o trabalho teria sido feito com base em declarações das próprias vítimas, que teriam dito à polícia serem motoristas utilizando o aplicativo e que estariam em viagem no momento dos crimes. Informou também que estaria com os boletins de ocorrência, que não foram compartilhados com a empresa para verificar se os supostos motoristas estavam cadastrados no sistema.
Ainda que tivessem sido fornecidos os documentos, simplesmente reunir todos os boletins que tenham a palavra "Uber" em algum dos campos não significa que o incidente tenha ocorrido com o aplicativo ou envolvendo motorista e/ou usuário, por inúmeras razões, por exemplo:
Como afirma a própria nota enviada pela Secretaria de Segurança Pública: "Dessa forma, os dados no arquivo que você consultou não possuem a robustez necessária para realizar qualquer tipo de inferência ou conclusão definitiva, ou mesmo indicativa, acerca do tema. A demanda 22.389 apresenta 2.683 ocorrências que atenderam aos requisitos de extração delimitados, e a leitura apenas do histórico da ocorrência pode gerar interpretações diversas, conforme critério subjetivo de cada leitor, sem necessariamente ir ao encontro das conclusões obtidas ao final da investigação policial — trata-se apenas da interpretação do solicitante. Cabe destacar ainda que boa parte das ocorrências listadas possuem as palavras chave que você indicou sem que elas tenham relação direta com o ocorrido ou seu desfecho. Exemplo hipotético: um cidadão que tenha sido vítima de roubo a pedestre, mas que, no relato da ocorrência, informe ter utilizado um transporte por aplicativos para chegar até um destino, tendo sido vítima do roubo apenas depois disso. Mesmo que o crime não tenha qualquer relação com o transporte por aplicativos, por constar no relato uma das palavras-chave listada por você, essa ocorrência estará na planilha."
O termo "Uber" passou a ser utilizado muitas vezes como sinônimo de toda a categoria de aplicativo de mobilidade - e também frequentemente para designar outros aplicativos.
Graças à popularização do aplicativo e das oportunidades de geração de renda que ele oferece, "motorista de Uber" passou a ser comumente designado como profissão, ainda que a pessoa dirija também para outros aplicativos ou possua outra ocupação como principal - lembrando que grande parte dos motoristas parceiros dirigem menos de 10 horas por semana. Quando eles sofrem com a violência urbana que assola nossa sociedade, mesmo que nem estejam ao volante, o nome do aplicativo aparece como se fosse a profissão ou estivesse ligado de alguma forma à ocorrência.
Boletins de Ocorrência são apenas o documento que dá início à investigação. Portanto, alguém afirmar no BO que atua como motorista de aplicativo não é suficiente para assumir que isso é um fato, nem que estava atuando utilizando um aplicativo qualquer no momento da ocorrência.
Ou seja, não há qualquer base metodológica para vincular os dados levantados ao número de ocorrências no aplicativo.
Sabemos que infelizmente, a violência permeia a vida das cidades e afeta cidadãos que querem apenas se deslocar e trabalhar. Desde que chegou ao Brasil, o número total de viagens realizadas com a Uber no País já ultrapassa 2,6 bilhões. Porto Alegre aparece regularmente entre as cinco cidades com mais viagens no País.
A despeito desse volume, segurança é uma prioridade para a Uber e toda ocorrência que impacte motoristas parceiros ou usuários é levada muito a sério. Por isso, a Uber sempre busca aprimorar sua tecnologia para fazer da plataforma a mais segura possível.
Todas as viagens via aplicativo da Uber são registradas por GPS. Os aplicativos de usuários e motoristas parceiros contam com recurso para compartilhar a localização, o trajeto e o tempo de chegada em tempo real com quem desejar. Além disso, é possível ligar para a polícia em situações de risco ou emergência diretamente do app. A empresa também adota no Brasil o machine learning, que usa a tecnologia para bloquear viagens consideradas mais arriscadas. Desde maio, a pedido dos motoristas da região Sul, é possível ver o destino final da próxima rota, bem como se o usuário fez poucas viagens no aplicativo.
O aplicativo exige do usuário que quiser pagar somente em dinheiro que insira o CPF e data de nascimento para confirmar sua identificação. Como anunciado recentemente, os dados dos usuários passaram a ser checados com o Serasa. No caso do motorista, os dados são validados junto à base de dados do Denatran.
Em novembro passado, a Uber anunciou um compromisso público para enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil, materializado no investimento de R$ 1,55 milhão até 2020 em projetos elaborados ao longo dos últimos 18 meses em parceria com dez entidades que são referência no assunto. Desde então foram desenvolvidos recursos para identificar mensagens impróprias e eliminar do histórico os pontos exatos de embarque e desembarque, além de campanhas contra assédio e podcast sobre violência contra a mulher, entre outras ações.
A 99 também enviou nota:
A maior prioridade da 99 é promover viagens seguras tanto para motoristas quanto passageiros. A 99 atua na prevenção, proteção e atendimento de passageiros e motoristas e dispõe de inteligência artificial que monitora padrões de comportamento de usuários na plataforma e alerta quanto a existência de áreas de risco. Além disso, a 99 realiza cadastramento rigoroso de usuários, treina e orienta os motoristas em procedimentos para situações com ameaça potencial e mantem à disposição de todos os usuários uma central de atendimento exclusivo de segurança, que funciona 24 horas, 7 dias por semana para responder e orientar prontamente sobre emergências.
Adicionalmente, temos um botão de emergência que aciona automaticamente a polícia e equipe especializada em nossa central; permitimos aos usuários adicionar e telefonar para contatos de confiança, além de compartilhar sua rota em tempo real; e uma ferramenta que mapeia e trata comentários impróprios que caracterizam assédio sexual e prioriza atendimento às vítimas e bloqueio de usuários que cometam tal prática.
A 99 investe continuamente para prevenir ocorrências e entende que o mapeamento das áreas de risco é um recurso eficiente para que motoristas tomem decisões diariamente. Tais áreas são mapeadas de forma dinâmica, por meio de estatísticas do app, além de dados das Secretarias de Segurança Públicas. O número de áreas de risco mapeadas não diminuiu em Porto Alegre. Atualmente, são cerca de 40 áreas identificadas e reportadas com potencial risco e esse número se mantém estável desde o ano passado, mesmo com a mudança dinâmica de localidades. Ainda para proteger motoristas, bloqueamos chamadas de passageiros que não correspondam aos critérios de usuário seguro e informamos o destino da viagem ao condutor antes que seja aceita.
Quanto às câmeras de segurança, iniciamos a sua implantação no fim de 2018 e seguimos em fase de testes e expansão. Essa tecnologia beneficia igualmente a segurança de motoristas e passageiros, e estamos trabalhando para que alcance o maior número de motoristas possível.
A Secretaria da Segurança Pública foi procurada para se manifestar pelo fato de homicídios consumados não aparecerem no levantamento pedido à pasta. A SSP emitiu uma nota sobre o questionamento. Confira:
Em relação à demanda 22.389, você solicitou as "ocorrências de ROUBO, FURTO, HOMICÍDIO, TENTATIVA DE HOMICÍDIO e ESTUPRO com as palavras 'Uber', 'Cabify', '99 POP' e 'aplicativos'". Foi, então, possibilitado acesso à consulta das ocorrências extraídas pela PROCERGS com as palavras-chave indicadas por você na solicitação.
O arquivo com as ocorrências, em que pese ter sido disponibilizado pela Secretaria de Segurança Pública, na figura do Observatório Estadual da Segurança Pública, visa exclusivamente a atender sua solicitação. Não permite, portanto, ser utilizado como "balanço", "levantamento" ou "registros" da SSP sobre tipos de fatos indicados pelas palavras chave, ou seu conjunto, envolvendo transporte por aplicativo. Isso pela razão de que tais informações não refletem com exatidão as ocorrências envolvendo motoristas particulares de aplicativo, uma vez que a planilha representa um recorte temporal, retratando os fatos registrados até a data da extração de dados, e apenas aqueles em que conste no relato alguma das palavras-chave mencionadas. Qualquer ocorrência envolvendo motorista de aplicativo que foi registrada sem que tenha sido escrita qualquer das palavras-chave indicadas por você na solicitação, não constou na planilha. E os fatos que constam ainda estão sujeitos a alterações por revisão de ocorrências, apuração de informações de investigações, diligências, perícias, correção do fato no final da investigação policial etc.
Dessa forma, os dados no arquivo que você consultou não possuem a robustez necessária para realizar qualquer tipo de inferência ou conclusão definitiva, ou mesmo indicativa, acerca do tema. A demanda 22.389 apresenta 2.683 ocorrências que atenderam aos requisitos de extração delimitados, e a leitura apenas do histórico da ocorrência pode gerar interpretações diversas, conforme critério subjetivo de cada leitor, sem necessariamente ir ao encontro das conclusões obtidas ao final da investigação policial — trata-se apenas da interpretação do solicitante. Cabe destacar ainda que boa parte das ocorrências listadas possuem as palavras chave que você indicou sem que elas tenham relação direta com o ocorrido ou seu desfecho. Exemplo hipotético: um cidadão que tenha sido vítima de roubo a pedestre, mas que, no relato da ocorrência, informe ter utilizado um transporte por aplicativos para chegar até um destino, tendo sido vítima do roubo apenas depois disso. Mesmo que o crime não tenha qualquer relação com o transporte por aplicativos, por constar no relato uma das palavras-chave listada por você, essa ocorrência estará na planilha.
Como apuramos esta matéria?
Para chegar aos dados, a reportagem fez um pedido ao governo do Estado via Lei de Acesso à Informação (LAI). A primeira solicitação, feita em 8 de março, teve retorno negativo 17 dias depois. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) alegou que era necessário especificar os tipos de crimes buscados, em um novo pedido. Este foi feito em 1º de abril, quando foram solicitadas ocorrências de roubo, furto, homicídio, tentativa de homicídio e estupro relacionadas aos aplicativos, no período de 19 de novembro de 2015 (quando a Uber passou a operar no Estado) até o último dia de 2018. O retorno à solicitação ocorreu em 24 de abril, informando que a consulta a 2.683 ocorrências deveria ser feita presencialmente no Observatório da Segurança, ligada à SSP. Não foi permitido o uso de internet ou de pen-drives. As ocorrências foram copiadas em um notebook e analisadas na redação integrada de GaúchaZH. Para o trabalho, o programador Hermes Wiederkehr usou técnicas com o uso da linguagem Python. Na análise, a reportagem desconsiderou resultados que tratavam de outros tipos de aplicativos, como os de relacionamento. A filtragem resultou no total de 2.474 ocorrências. Do total, 2.280 são roubos registrados entre 2016 e 2018. Em 2015, não foram cometidos roubos, mas dois furtos em Pelotas e uma tentativa de homicídio na Capital.