No dia 25 de outubro, é comemorado no Brasil o Dia do Dentista, o que levanta um alerta para a saúde bucal. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 55% dos brasileiros não vão ao dentista regularmente.
São muitas as funções da cavidade: sugar, mastigar, deglutir, falar e até respirar. Além disso, os dentes fazem parte de um conjunto de estruturas que formam o sistema estomatognático que, quando equilibrado, exerce um papel importante na saúde geral.
O corpo humano é colonizado por uma série de microrganismos e o mesmo acontece com a boca. Portanto, manter uma rotina de autocuidados e a visita periódica ao dentista são essenciais para garantir um sorriso saudável e preservar o bem-estar geral, proporcionando também melhor estética do sorriso.
Dicas de cuidados orais
A principal estratégia para manter a saúde bucal é a escovação dos dentes pelo menos duas vezes ao dia, utilizando uma escova de cerdas macias e creme dental com flúor, indica o doutor Mauro Leite, cirurgião-dentista, chefe de cirurgia bucomaxilofacial da Santa Casa de Porto Alegre. A escovação à noite, antes de dormir, também deve ser priorizada.
— Existem algumas técnicas de escovação, mas o mais relevante para uma boa escovação é realizar, com movimentos suaves, a remoção do biofilme bacteriano, que normalmente está localizado entre dente e gengiva, em todos as faces dos dentes. Considerando sempre o fio dental como um coadjuvante indispensável nesta tarefa — explica Leite.
Consultas regulares ao dentista também são de extrema importância para identificar, prevenir e tratar as doenças bucais.
— A limpeza profissional dos dentes e o exame detalhado de dentes e gengivas possibilita a detecção de estágios iniciais de doenças, auxiliando o paciente a buscar estratégias de mudança de hábitos e comportamentos fundamentais para a manutenção da saúde — alerta Leite.
Riscos para a saúde bucal
A cárie é uma das condições que mais afetam a saúde bucal. Ela ocorre pela perda mineral dos tecidos dentais - como o esmalte, dentina e cemento - causada por ácidos produzidos por bactérias da boca.
— Se não tratada, a cárie pode evoluir para grandes perdas de porções dentárias, inflamação e necrose da polpa dentária e infecções graves dentais, levando a perda do dente — complementa Leite.
Além das cáries, a gengivite e a periodontite também são recorrentes. Elas se caracterizam por serem causadas pela presença de bactérias que causam infecção nos tecidos de suporte dos dentes.
— A gengivite pode avançar para periodontite, e comprometer o osso que sustenta o dente, resultando em perda dental, por isso, é necessário que seja tratada — salienta Leite.
A halitose também é uma queixa crescente dentro dos consultórios odontológicos. Além de causar desconforto social, pode ser sinal de má higiene bucal, problemas gástricos ou mesmo patologias sistêmicas, como diabetes.
Outro incômodo comum é a sensibilidade dentária, que pode estar associada a outras condições, como cáries, retração da gengiva, a presença de bruxismo e o uso de líquidos muito cítricos ou ácidos.
— A correta avaliação do paciente será fundamental para orientá-lo sobre a melhor conduta e a associação de uma equipe multidisciplinar, se necessário — explica o cirurgião-dentista.
Saúde bucal infantil
Entre as crianças, é essencial trabalhar a saúde bucal desde o início da erupção dos dentes de leite, alerta Paulo Kramer, professor do Curso de Odontologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Assim como nos adultos, uma das maiores preocupações é a cárie, que pode aparecer logo nos primeiros anos de vida.
— O uso de creme dental com flúor é essencial para prevenir cáries. Na primeira infância, até os seis anos, a quantidade ideal é um grão de ervilha — explica Kramer, também membro titular da Academia Gaúcha de Odontologia.
Além disso, evitar o consumo de açúcar nos primeiros dois anos de vida é crucial, conforme recomendam o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Mitos e verdades
- Uso de pasta de dente com flúor faz mal para a saúde?
A utilização do flúor é comprovadamente recomendada por estudos já ao nascimento do primeiro dente de leite, desde que seja utilizada a quantidade correta - até os seis anos o ideal é que seja do tamanho de um grão de ervilha.
- Aparelho ortodôntico causa cárie?
Não, mas aumenta o risco. Por isso, o tratamento ortodôntico deve ser realizado com especialistas, que vão orientar sobre os cuidados necessários para que o paciente se mantenha saudável.
- A escovação em excesso é benéfica?
Escovar os dentes com muita força ou em excesso pode desgastar o esmalte causando abrasão dentária e retrações gengivais.
- Cáries surgem apenas em quem consome muitos doces?
Embora o açúcar seja o principal substrato para as bactérias que causam a cárie, alimentos ricos em carboidratos também podem contribuir, pois se transformam em açúcar na boca.
- É possível tratar alterações ósseas com aparelhos?
Sim, alterações ósseas de crescimento e desenvolvimento dos ossos da face podem ser tratadas com auxílio de aparelhos ortodônticos e ortopédicos já nos primeiros anos de vida.
- Dentes de leite influenciam a saúde dos dentes permanentes?
Sim, a saúde dos dentes de leite tem relação direta com a saúde dos dentes permanentes. Infecções e traumas em dentes de leite podem deixar sequelas na dentição permanente.
- É necessário remover o siso?
A remoção dos terceiros molares, conhecidos como sisos, é indicada quando eles estão retidos ou parcialmente irrompidos na cavidade bucal. Nestas situações podem causar cistos e tumores, reabsorções das raízes dos dentes adjacentes e cáries. Portanto, devem ser removidos.
*Produção: Murilo Rodrigues