Não é novidade que a halitose, mais comumente chamada de mau hálito, causa desconforto e pode gerar situações desagradáveis. O problema, no entanto, costuma ter solução simples. Conforme Celso Senna, odontologista e consultor em halitose da Associação Brasileira de Odontologia, cerca de 90% dos casos são gerados por má higiene bucal. Ou seja, combater o mau cheiro geralmente é simples: basta ter disciplina e caprichar na limpeza.
- Se a pessoa tiver o costume de passar fio dental e fizer uma boa escovação, remove a placa bacteriana causadora do mau hálito. Se não fizer isso, as bactérias vão para gengiva, dentes e próteses (dentadura, aparelhos) e ficam encrostadas. Higiene é fundamental - afirma Senna.
O consultor alerta que usuários de aparelhos ortodônticos - móveis ou fixos - devem ter ainda mais cuidado. Além de efetuar boa higiene nos dentes, devem dar atenção especial ao aparelho, que precisa de limpeza com material próprio.
A dieta também tem influência no hálito. E não apenas a escolha dos alimentos, mas a frequência das refeições, salienta Ana Gabriela Ioppi Batalha, cirurgiã dentista especialista em periodontia e halitose. Segundo ela, ao ficar muito tempo sem receber alimento, o organismo tende a queimar gorduras e liberar gases com mau cheiro.
- O ideal é a pessoa se alimentar a cada três ou quatro horas - avisa Ana Cristina.
Além disso, explica, a saliva é importante aliada do bom hálito. Por isso, a ingestão de líquido, principalmente água, é fundamental. Ao optar por sucos, a preferência é pelos cítricos e naturais. E para quem aprecia chimarrão, chá e café, Ana Cristina dá uma dica: nunca ingeri-los em jejum. Esses itens contêm cafeína, que estimula o organismo, promove a baixa salivação e, consequentemente, gera mau hálito.
Conforme Ana Cristina, o mau hálito pode gerar, ainda, problemas sociais. Segundo ela, o problema pode prejudicar a autoconfiança - a pessoa deixa até de sair de casa ou de namorar.
- Embora não sejam a maioria, são casos complicados. O tratamento da halitose é complexo porque é preciso analisar tudo. Se é uma pessoa nervosa, por exemplo, o estresse é um fator que ajuda a secar a boca e favorecer a proliferação de bactérias - explica.
Aparelho ajuda a identificar as causas da halitose
Em seu consultório em Vacaria, a cirurgiã dentista especialista em periodontia e halitose Ana Gabriela Ioppi Batalha conta com um aliado no combate ao mau hálito. Ela utiliza há um ano o OralChroma, aparelho japonês capaz de diferenciar os gases responsáveis pelo problema e de identificar a causa.
O recurso é utilizado em conjunto com o exame clínico, em que a médica investiga aspectos como a dieta do paciente, o tempo que fica em jejum, os medicamentos que utiliza e se sente a boca seca ou amarga.
- O equipamento auxilia porque, em alguns casos, o exame clínico não dá resultado pois falta descobrir qual é a bactéria causadora. Quem me procura geralmente já teve a gengiva tratada e continua com mau hálito. Percebo que a maioria tem problemas de amígdala ou placa bacteriana na região posterior da língua - comenta.
O tratamento depende do diagnóstico. Nos casos em que o cheiro ruim tem origem nas amígdalas (cuja anatomia favorece o acúmulo de resíduos alimentares e bactérias), gengiva ou estômago, o paciente é encaminhado a otorrinolaringologistas, periodontistas e gastroenterologistas, respectivamente.
Quando a língua é a causadora do mau hálito, higienização correta é suficiente e, de acordo com o tipo de bactéria causadora, antibióticos podem dificultar a volta do problema. Já quando a vilã da halitose é a saliva, medicamentos para aumentar a produção são eficientes.
Como funciona o aparelho:
:: Com uma seringa posicionada na boca do paciente, o mais profundo possível, o médico suga o ar e, em seguida, o insere no aparelho;
:: São necessárias três medições. Após a primeira, realizada na chegada do paciente ao consultório, o médico administra um aminoácido, responsável por revelar bactérias disfarçadas por algum cheiro;
:: O aparelho, conectado a um computador, exibe o resultado de cada medição;
:: O sistema leva, em média, oito minutos para analisar cada uma das três porções de ar.
Saiba como combater e identificar as causas do mau hálito
Aparelho japonês é capaz de diferenciar os gases responsáveis pelo problema
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