O diabetes é uma doença causada por deficiência na produção de insulina pelo pâncreas ou por diminuição de sua ação, resultando em aumento da glicemia e uma série de problemas de saúde. No Brasil, 16,8 milhões de adultos têm diabetes. A estimativa da incidência da doença em 2030 chega a 21,5 milhões, conforme o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF).
Existem diferentes tipos de diabetes:
- Tipo 1 - Nesse caso, há destruição das células que produzem insulina (autoimune na maioria) – doenças em que as nossas defesas atacam o próprio corpo
- Tipo 2 - quando há perda de capacidade do pâncreas de produzir insulina frente a uma elevada resistência a sua ação, por excesso de peso, aumento da gordura na barriga e maus hábitos de vida
- Outras causas - podem ser genéticas, doenças do pâncreas (exemplo: fibrose cística e pancreatite), induzida por medicações (corticoides, póstransplante, HIV/aids).
- Diabetes gestacional - quando a glicemia de jejum é superior a 92 mg/dL ou o teste oral de tolerância à glicose após a 24ª semana apresenta valores anormais.
Quais são os sintomas do diabetes?
O aumento da glicemia causa sede, fome, excesso de urina, visão turva, fraqueza, emagrecimento, náuseas, dor abdominal, cãibras. Você também pode não ter sintomas e estar com a glicose elevada, causando prejuízos à saúde.
Quando investigar?
A partir dos 45 anos de idade ou antes, se houver sobrepeso/ obesidade e mais um dos seguintes fatores: familiares com a doença, ovários policísticos, uso de corticoide, terapia para aids, transplante, hipertensão, doença cardiovascular, HDL baixo e triglicerídeos elevados. Também recomenda-se de seis a oito semanas após diabetes na gravidez.
Como se diagnostica?
Glicemia em jejum – 126 mg/ dL, ou o exame de hemoglobina glicada (proteína do sangue que gruda glicose) – 6,5% ou teste oral de tolerância a glicose (glicemia – 200 mg/dl). Esses exames devem ser repetidos. Ou quando há sintomas e glicemia – 200 mg/dL.
Quem tem pré-diabetes?
Quando a glicemia plasmática de jejum entre 100 e 125 mg/dl; nível de hemoglobina glicada entre 5,7% e 6,4%; e glicemia duas horas após sobrecarga de glicose entre 140 e 199 mg/dl.
Quais os problemas que o diabetes causa?
Problemas vasculares (infarto, derrame, amputação), insuficiência renal, problemas nos nervos e cegueira. Também se associa a problemas de memória (Alzheimer e de origem vascular), doenças hepáticas (gordura no fígado e cirrose), impotência, infertilidade, depressão, ansiedade e dores articulares, além de um risco significativamente maior de duas dezenas de tipos de câncer, como mama, cólon, esôfago e fígado.
Como evitar?
Adotando um estilo de vida saudável e manejo dos fatores de risco para doença cardiovascular: hipertensão e colesterol, parar/evitar fumar. Procure seu médico para fazer revisões periódicos e identificar precocemente os problemas que o diabetes causa. Naqueles com excesso de peso, o emagrecimento é muito importante. Deve-se examinar cuidadosamente os pulsos, a pressão, a tireoide, o coração, o abdômen e a sensibilidade dos pés. Avalia-se a retina com oftalmologista. Realizam-se exames de sangue, urina, cardiovasculares e exames preventivos de câncer.
Como tratar o aumento dos níveis de glicemia?
Ter um estilo de vida saudável e com medicamentos utilizados de maneira cada vez mais personalizada, reduzindo problemas cardiovasculares, renais e neurológicos. Pode-se realizar o teste da ponta de dedo e a monitorização da glicose de maneira contínua, uma tecnologia revolucionária. A insulina é excelente opção de tratamento para todos os tipos de diabetes. No diabetes mellitus tipo 1 utilizam-se diferentes formas de insulina (subcutânea ou inalada) ou as bombas de insulina. Chegaremos à era do pâncreas artificial.
Fonte: Fernando Gerchmann - médico endocrinologista e professor da Faculdade de Medicina da UFRGS e Gilberto Schwartsmann - escritor, médico oncologista, professor da Faculdade de Medicina da UFRGS
Parceria com a Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina
Este artigo faz parte da parceria firmada entre ZH e a Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM). A estreia foi em março, com a reportagem “Câncer: do diagnóstico ao tratamento”. Em abril, publicamos artigo sobre depressão e bipolaridade. Uma vez por mês, até dezembro, o caderno vai publicar conteúdos produzidos (ou feitos em colaboração) por médicos integrantes da entidade, que completou 30 anos em 2020 e atualmente conta com cerca de 90 membros e é presidida pelo otorrinolaringologista Luiz Lavinsky. De diversas especialidades - oncologia, psiquiatria, oftalmologia, endocrinologia etc -, esses profissionais fazem parte do Programa Novos Talentos da ASRM, que tem coordenação de Rogério Sarmento Leite e no qual são acompanhados por um tutor com larga experiência na área.