Portugal e Espanha estão enfrentando falta de luz nesta segunda-feira (28). O apagão, que começou pouco antes das 12h do horário local (7h de Brasília), interrompeu a operação de vários serviços, como empresas de telecomunicações, estações de trem e aeroportos.
No início, houve relatos de problemas em outros países da Europa, como França, Bélgica, Itália, Polônia e Finlândia que, no entanto, foram consideradas pontuais pelas autoridades. Os efeitos se concentram na Península Ibérica e sul da França, na fronteira com a Espanha.
O fornecimento ainda não foi totalmente restabelecido. Serão necessárias entre "seis e 10 horas" para restabelecer a normalidade após o apagão massivo que afetou toda a Península Ibérica, disse o gestor da rede elétrica espanhola, a Red Eléctrica, que pediu para evitar "especulações" sobre a origem do incidente.
— Poderíamos estar falando de um intervalo entre seis e 10 horas, se tudo correr bem — disse Eduardo Prieto, diretor de operações da Red Eléctrica.
Pouco depois das 17h (horário local), a concessionária de energia espanhola informou retorno da eletricidade em áreas da Catalunha, Aragão, País Basco, Galiza, Astúrias, Navarra, Castela e Léon, Estremadura e Andaluzia. Às 2h50min no horário local, 82,4% da rede elétrica do país já tinha sido restabelecida, segundo a Red Eléctrica.
Em Portugal, a energia começou a ser estabelecida à noite. Por volta das 22h no horário local, 1,5 milhões de portugueses seguiam sem luz, conforme a Redes Energéticas Nacionais (REN). O Aeroporto Internacional de Lisboa Humberto Delgado também voltou a operar.
Causa do apagão
Ainda não há explicação oficial para a queda de energia nem o número de clientes afetados. Segundo o jornal espanhol El País, nenhuma possibilidade é descartada, incluindo a de um ataque cibernético.
A REN de Portugal afirmou que o apagão foi causado em razão de uma falha na rede elétrica espanhola. Inicialmente, foi atribuída à REN a informação de que a causa seria um "fenômeno atmosférico raro", o que foi posteriormente negado pela empresa.
Em pronunciamento, o primeiro-ministro português, Luis Montenegro, reforçou que o problema teria sido causado no país vizinho.
— Essa origem não está relacionada com a rede elétrica portuguesa, e tendo nós a ligação à rede elétrica espanhola, presume-se que foi nessa que teve origem e que estará relacionada com o aumento abrupto na tensão da rede espanhola, cuja origem ainda não sabemos explicar — disse.
Devido às variações extremas de temperatura no interior de Espanha, teriam ocorrido oscilações anormais nas linhas de muito alta tensão. O fenômeno, conhecido como "vibração atmosférica induzida", teria acontecido em razão das variações extremas de temperatura na Espanha. Essas oscilações teriam causado "falhas de sincronização entre os sistemas elétricos".
Mais cedo, o ministro Adjunto da Coesão Territorial de Portugal, Manuel de Castro Almeida, afirmou que existia a possibilidade de o apagão ser resultado de um ataque cibernético.
— Há essa possibilidade, mas não está confirmada — disse, conforme noticiado pelo portal português Público.
No entanto, a vice-presidente da Comissão Europeia, Teresa Ribera, declarou, logo depois, que não “há indícios" que o apagão tenha sido "provocado”.
Assim como ela, o Centro Nacional de Cibersegurança de Portugal emitiu comunicado afirmando não haver indícios de que a interrupção tenha sido causada por um ataque cibernético.
A REN prevê que a normalização da rede possa levar até uma semana. Já o primeiro-ministro de Portugal.
Portugal
De acordo com a operadora de rede elétrica portuguesa REN, a queda de energia afeta toda a Península Ibérica e parte da França.
"A REN confirma um corte de energia de grandes dimensões em toda a Península Ibérica, que afetou também parte de França e cujo impacto chegou a Portugal a partir das 11h33min", informou a empresa em comunicado enviado à AFP.
A polícia confirmou que os semáforos foram afetados em todo o país, o metrô foi fechado nas cidades de Lisboa e do Porto. Trens não estão circulando.
A polícia portuguesa instruiu as pessoas a evitarem deslocamentos desnecessários. "Priorize a direção segura: sua calma salva vidas", acrescentou o comunicado.
O governo de Portugal criou um grupo de trabalho para acompanhar o apagão.
— O governo está a trabalhar em conjunto num grupo de acompanhamento que foi imediatamente acionado. Trata-se de um problema de interrupção de energia que estará a afetar muitos países da Europa, terá tido origem na rede de transporte e é um problema de origem exterior a Portugal — afirmou à agência de notícias Lusa o ministro da Presidência, António Leitão Amaro.
O ministro disse ainda que o governo trabalha para "o mais rapidamente possível" retomar a situação de normalidade no fornecimento de energia.
— Estamos focados nos serviços mais essenciais: assegurar a segurança nos aeroportos, assegurar a continuidade dos serviços de saúde, também as restantes vias e redes de transportes — concluiu.
O gaúcho Marques Damazio, que mora em Portugal, contou como enfrentou a situação em Lisboa, durante entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha:
— Em torno de 11h30min da manhã aqui, horário de Lisboa, de Portugal, houve uma queda de luz geral mesmo, e aí começou a aparecer várias informações que alguns países da Europa já estavam também sem energia e aí dali em diante foi começando a internet ficar mais fraca, caindo a potência. Agora estão fechando hospitais, né? Os túneis de acesso ao centro da cidade de Lisboa estão todos fechados. Semáforos, nenhum funciona. A polícia local está pedindo para não ir ao centro, tá tudo parado.
Espanha
Na Espanha, a Red Elétrica, operadora responsável pelo abastecimento de energia elétrica, confirmou o problema e afirmou em redes sociais que está trabalhando para restabelecer o serviço.
As autoridades espanholas estão pedindo aos moradores que "evitem dirigir o máximo possível" em razão da queda de energia.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, pediu para que trabalhadores não essenciais evitassem sair para o trabalho nesta terça-feira (29).
Nas cidades espanholas, muitos moradores foram às ruas, com os celulares nas mãos, em busca de cobertura. Muitos semáforos não estavam funcionando, forçando os carros a se moverem lentamente.
A queda de energia afetou as telecomunicações. Segundo o jornal El País, houve problemas generalizados para fazer chamadas. O serviço de mensagens WhatsApp chegou a operar na metade da velocidade.
Os metrôs e trens foram interrompidos, e a Direção Geral de Trânsito (DGT) pediu aos moradores que "evitem o trânsito o máximo possível". A empresa ferroviária espanhola, Renfe, anunciou a interrupção de seus serviços às 12h30min do horário local (7h30min em Brasília) em razão da falta de energia.
O prefeito de Madri, José Luis Martínez Almeida, fez um apelo semelhante à população:
— Se pudermos, ficaremos onde estamos. Estamos todos em uma situação difícil — disse o prefeito à estação de rádio pública RNE.
Sánchez visitou o centro de controle da Red Eléctrica, e seu gabinete declarou que o governo "está trabalhando para determinar a origem e o impacto deste incidente e está dedicando todos os recursos para resolvê-lo o mais rápido possível".
Segundo a RNE, a queda de energia não afeta nem as Ilhas Canárias nem as Ilhas Baleares.
Por sua vez, a operadora aeroportuária espanhola AENA indicou que suas instalações estão operacionais graças a geradores de emergência. "Os aeroportos estão operando com sistemas elétricos de contingência", embora haja atrasos nos voos, afirmou a AENA em X.
Nas redes sociais, vídeos publicados mostram o metrô às escuras:
Jogo interrompido
O apagão que afetou toda a Península Ibérica e parte da França nesta segunda-feira paralisou o Masters 1000 de Madri. A queda de energia interrompeu as partidas pouco depois das 12h30min no horário local.
"A queda de energia impede o uso do sistema de arbitragem eletrônica e deixou uma câmera suspensa sobre a quadra central", disse a ATP em seu site.
Os organizadores do torneio disseram nas redes sociais que estavam "trabalhando para restaurar" a energia "o mais rápido possível", sem oferecer um cronograma para quando as partidas seriam retomadas.
