Depois de uma segunda-feira (9) marcada pelo início da recuperação das estruturas físicas e simbólicas dos três poderes, em Brasília, o governo federal espera avançar concretamente na investigação dos atos antidemocráticos praticados neste domingo (8). Para esta terça-feira (10) é esperado o encerramento da tomada de depoimentos dos cerca de 1,5 mil manifestantes presos, segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino.
As pessoas detidas no ginásio da Academia de Polícia Federal passaram a noite prestando depoimentos. A previsão era de os trabalhos prosseguirem ao longo desta madrugada de terça-feira (10).
Após os depoimentos, há dois destinos possíveis para os suspeitos: a decretação da prisão em flagrante, com audiência de custódia 24 horas depois, reavaliando a necessidade de detenção; ou responder em liberdade aos crimes cometidos, segundo Dino
Junto ao esforço do Poder Executivo e do Poder Judiciário, o procurador-geral da República, Augusto Aras prometeu focar os esforços de seu braço da Justiça em obter prisão e ressarcimento financeiro dos danos. Serão instaurados inquéritos para identificar e responsabilizar quem esteve presente ou teve participação na invasão e depredação de cada uma das sedes dos poderes.
— Acrescentei quase uma centena de procuradores de todo Brasil para as audiências de custódia que serão feitas. Todo os Ministérios Públicos, federal e dos Estados, estão mobilizados para que o evento de domingo não se estenda às outras unidades federativas da União — disse Aras, criticado por barrar investigações em outras oportunidades.
Reforço dos Estados
Mais 500 homens da Força Nacional chegarão a partir de terça-feira ao Distrito Federal, com policiais militares enviados pelos governadores, no intuito de manter a ordem enquanto os manifestantes liberados deixarem a capital. Do Rio Grande do Sul, 73 policiais do batalhão de choque da Brigada Militar foram disponibilizados.
— Estamos atuando de maneira sinérgica e em sintonia para manter a ordem em nossos Estados. Deixo registrado e recomendo que os outros Estados também façam um gabinete de crise reunindo todas as forças de segurança e órgãos de controle para atuar de forma coordenada e fazer a identificação daqueles que atuam e agridem as instituições — afirmou Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, o primeiro dos 27 gestores estaduais a falar na reunião desta segunda-feira com os três poderes, que aconteceu no Palácio do Planalto.
Instituições funcionando
A ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), lamentou a depredação do plenário e demais espaços. Considerando as atividades do tribunal, Rosa anunciou sessões extraordinárias na Corte, já a partir desta terça-feira, de modo virtual, até o final do mês de janeiro.
O senador paraibano Veneziano Vital do Rêgo (MDB), presidente do Senado na ausência de Rodrigo Pacheco, que estava em viagem, prometeu manter as atividades dos colegas na casa legislativa. A pauta será a análise do plano de intervenção federal na segurança pública do DF, decretada pelo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva no domingo e aprovada pela Câmara dos Deputados nesta segunda:
— O Senado estará reunido amanhã (terça-feira), mesmo sem portas, mesmo em meio aos destroços, para debater, como nesta noite já farão os colegas da Câmara de Deputados. Não nos ajoelharemos.