No dia em que o Globo de Ouro para Fernanda Torres pela atuação no filme Ainda estou aqui foi um dos principais assuntos dos sites de notícias do Brasil, na Câmara Municipal de Porto Alegre um livro que é a antítese da história do deputado federal Rubens Paiva circulou como uma provocação aos vereadores de esquerda. Trata-se de A verdade sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça, de Carlos Brilhante Ustra.
O que uma coisa tem a ver com a outra? Brilhante Ustra foi um dos mais notórios torturadores da época do regime militar, reconhecido por diversas de suas vítimas. E Rubens Paiva foi preso, torturado e morto nos porões do regime.
Quem levou o livro para o plenário foi o vereador Marcelo Ustra Soares (PL), que se elegeu usando o codinome de Coronel Ustra. Ele é primo de Brilhante Ustra e fez 2.669 votos, impulsionado pelo nome do parente tristemente famoso.
No plenário, Ustra mostrou o livro ao vereador Jesse Sangali (PL), o mais votado da Câmara, e brincou dizendo que levaria outros exemplares para os colegas. A verdade sufocada foi definido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como seu livro de cabeceira. Na votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, Bolsonaro fez uma homenagem a Brilhante Ustra na hora de votar.
Uma assessora do vereador Roberto Robaina (PSOL) fotografou o livro sobre a mesa de Ustra. Robaina postou a foto em seu perfil no Instagram com a legenda “No dia em que Fernanda Torres recebe o Globo de Ouro por sua atuação num filme que condena a ditadura, a extrema direita mostra sua natureza contra a verdade e a justiça: faz circular na Câmara o livro do torturador Brilhante Ustra”.
No primeiro comentário, Robaina emendou: “Os que idolatram a ditadura e seus torturadores estão sentados na Câmara. Vamos seguir lutando contra essa extrema-direita inculta e defensora de assassinos”.