O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, renunciou ao cargo nesta segunda-feira (6). Durante o anúncio, ele informou ainda que não liderará mais o Partido Liberal, mas que ficará no poder até que a legenda encontre um substituto.
De acordo com o g1, o premier também dissolveu o parlamento, que ficará na atual configuração até 24 de março. No pronunciamento oficial em que comunicou a decisão, Trudeau se descreveu como um "lutador" à favor da democracia em meio ao "momento crítico" que o mundo enfrenta.
Trudeau, 53 anos, chegou ao poder em 2015 após 10 anos de governo do Partido Conservador. Inicialmente, recebeu forte apoio, mas se tornou impopular entre os eleitores nos últimos anos devido a uma série de questões — incluindo o aumento dos preços dos alimentos e da habitação, e diante da imigração crescente.
— Este país merece uma escolha de verdade na próxima eleição, e ficou claro para mim que, se eu tiver que lutar batalhas internas, não poderei ser a melhor opção nessa eleição — explicou durante coletiva de imprensa realizada em Ottawa.
Com a renúncia, novos apelos devem ocorrer pelo adiantamento das eleições parlamentares do país, marcadas para 20 de outubro, para instituir um governo capaz de lidar com a administração do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, pelos próximos quatro anos. Trudeau sai de cena em um momento em que as pesquisas mostram que seu partido perderá para os conservadores nas próximas eleições legislativas.
O premier ainda apontou o sistema eleitoral do Canadá como seu principal "arrependimento". Trudeau ressaltou que seu objetivo era mudar as eleições no país.
— Se eu tenho um arrependimento, particularmente conforme nos aproximamos desta eleição (…), eu gostaria que tivéssemos sido capazes de mudar a maneira como elegemos nossos governos neste país para que as pessoas pudessem simplesmente escolher uma segunda opção, ou uma terceira opção na mesma cédula — expressou no pronunciamento.
Crise no governo
A crise que envolve o mandado de Trudeau começou em dezembro de 2024, quando parlamentares pediram que ele renunciasse ao cargo depois do pedido de demissão da ministra de finanças, Chrystia Freeland.
Freeland afirmou que a renúncia ocorreu por diferenças com Trudeau sobre o enfrentamento às ameaças de Trump de impor tarifas de 25% aos produtos canadenses.
A demissão da ministra desencadeou uma crise política, uma das maiores no governo de Trudeau, desde que assumiu o poder, em novembro de 2015.
O que acontece agora?
Com a renúncia de Trudeau, o Partido Liberal precisa escolher um novo líder para assumir o cargo de primeiro-ministro interino enquanto se organiza uma convenção.
As convenções, no entanto, geralmente demoram meses para serem organizadas. Se uma eleição ocorrer antes disso, os liberais estariam nas mãos de um primeiro-ministro não escolhido por seus membros, situação inédita no Canadá.
Os liberais poderiam tentar uma convenção mais curta, mas há a possibilidade de protesto entre os candidatos que se sentissem em desvantagem.
Já que os liberais de Trudeau não possuem maioria absoluta no Paramento, por anos foi-se dependido do apoio do Novo Partido Democrático (NPD) para aprovação de legislação e permanência no poder. O apoio, no entanto, foi perdido. Jagmeet Singh, líder do partido, deixou claro que votarão para derrubada do governo. Os outros partidos de oposição disseram o mesmo.