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"Minha família... minha prioridade", escreveu mulher presa por suspeita de envenenar bolo e matar três parentes em Torres

Deise Moura dos Anjos, 42 anos, foi detida temporariamente no último domingo

Reprodução / Reprodução
Deise (E) é nora de Zeli Teresinha dos Anjos (D).

Deise Moura dos Anjos, 42 anos, foi presa temporariamente no último domingo (5) após a Polícia Civil descobrir, no celular dela, pesquisas sobre efeito do uso de arsênio. Com isso, ela se tornou a principal suspeita de causar as mortes de três pessoas da própria família, que comeram um bolo envenenado, em Torres, no Litoral Norte.

O envenenamento ocorreu em 23 de dezembro, durante uma reunião familiar em que seis pessoas consumiram a sobremesa e precisaram ser hospitalizadas. Três delas morreram.

O motivo seria uma desavença com a sogra — Zeli Teresinha Silva dos Anjos, 61 anos — que fez o bolo. Segundo a polícia, a briga entre elas teria ocorrido há pelo menos 20 anos.

Nas redes sociais, Deise se apresenta como uma mãe carinhosa e uma pessoa dedicada à família. A imagem de família feliz também era compartilhada por Zeli. Inclusive, a foto de capa da sogra em uma rede social, tirada em 2021, trazia a imagem de Deise, além do marido, do filho, do neto e também de um bolo idêntico ao que causou as mortes. 

Gremista, compartilhava muitas fotos com o filho, a mãe e o marido. Em uma foto da sua formatura, com familiares reunidos, escreveu na legenda “Minha família... minha prioridade!”.

Em uma publicação de novembro de 2023, a mulher compartilhou uma imagem do personagem Coringa com uma frase reflexiva que dizia o seguinte: "Quando for falar mal de mim, aproveita e fala todas as coisas boas que fiz quando você precisou". Na legenda, complementou com uma observação: "Não esquece, pois não foram poucas!".

Na última postagem pública nas redes, a suspeita compartilhou um texto atribuído a Santo Agostinho e retirado de uma novela tratando sobre a morte. O post traz frases como “cuide do seu corpo como se fosse viver para sempre; e cuide da sua alma como se fosse morrer amanhã”.

Investigação apontou quantidades letais de arsênio 

Os exames periciais realizados nas vítimas, no bolo e nos ingredientes utilizados no preparo do doce identificaram quantidades letais de arsênio, principalmente, na farinha, apontada como fonte da contaminação. A investigação da polícia indica que a responsável pelo envenenamento seria Deise.

A suspeita, contudo, não confessou que tenha praticado o crime.  Ela já foi ouvida mais de uma vez. Em uma das ocasiões, prestou depoimento durante cinco horas e não confirmou que tenha envenenado a farinha.

Deise não participou da reunião familiar no litoral Norte em dezembro. Na ocasião, ela, o marido, e o filho estavam na casa onde moram, em Nova Santa Rita. Segundo a polícia, o marido não é investigado porque não há nenhum indício de que ele poderia tentar algo contra a mãe.

Ela está detida no Presídio Estadual Feminino de Torres por suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e com emprego de veneno e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada.

A prisão tem validade de 10 dias — prazo que deve ser usado pela polícia para concluir a investigação. A defesa de Deise informou, nesta segunda-feira (6), que prestou atendimento em parlatório à cliente e não teve acesso integral à investigação em andamento.

O que diz a defesa

O que diz a defesa de Deise Moura dos Anjos:

Por meio de nota, os advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela S. Souza informaram que a equipe "não teve acesso integral a investigação em andamento".

Leia a nota abaixo na íntegra:

Caso bolo envenenado

Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente por suposto envenenamento no caso do bolo, na cidade litorânea de Torres/RS, vem a público manifestar que possui defesa constituída, representada pelos advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela S. Souza.

Até o presente momento, 06 de Janeiro, às 07hrs, a defesa prestou atendimento em parlatório à cliente, contudo, não teve acesso integral a investigação em andamento, razão pela qual se manifestará em momento oportuno.

Entenda o caso

Seis pessoas da mesma família passaram mal e precisaram procurar atendimento médico em 23 de dezembro após consumir o bolo, que continha arsênio, conforme análise da perícia da Polícia Civil.

Três delas morreram: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, Maida Berenice Flores da Silva, 59, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos, filha de Neuza.

Zeli, responsável por fazer o bolo, permanece hospitalizada. Ela deixou a UTI na manhã desta segunda, de acordo com o boletim médico.

Um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana, também ficou hospitalizado vários dias, mas já está em casa.

Uma sexta vítima, um homem da família, foi liberado após atendimento médico.

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