Onze dias após o primeiro turno e quase uma semana depois da data prevista na legislação, a propaganda eleitoral para o governo do Estado retorna nesta quinta-feira (13) ao rádio e à TV. O atraso na retomada dos programas foi fruto de acordo entre as equipes de Eduardo Leite (PSDB) e Onyx Lorenzoni (PL), acatado pela Justiça Eleitoral.
Nas duas campanhas, havia um sentimento de que era necessário um tempo maior de respiro após o primeiro turno, tanto para acertar o tom para a reta final da eleição como para buscar apoios políticos. Passado esse prazo, Leite e Onyx retornam nesta quinta à mídia eletrônica com 10 minutos de programas diários.
No rádio, as peças serão veiculadas de segunda a sábado, das 7h10min às 7h20min e das 12h10min às 12h20min. Na televisão, o horário é das 13h10min às 13h20min e das 20h40min às 20h50min. Confira a seguir o cada candidato está planejando dizer nos próximos dias na tentativa de atrair o voto dos gaúchos, na ordem do resultado do primeiro turno:
Onyx reforça conexão com Bolsonaro e tentará demonstrar eficiência como ministro
O espaço de propaganda no segundo turno é um dos principais ativos da campanha de Onyx Lorenzoni em relação ao primeiro. Além da ampliação do tempo de rádio e TV, o candidato do PL estará em condições iguais às do adversário. No primeiro turno, Leite tinha mais que o dobro de inserções durante a programação e 3min44seg nos programas em bloco, enquanto Onyx contava com 1min31seg. Agora, ambos terão programas de cinco minutos e o mesmo número de inserções.
Com o espaço maior, um dos objetivos será detalhar os planos de Onyx, como a instalação de clínicas regionais de saúde e a regularização fundiária na área urbana e rural. Sem dar detalhes, o vice-prefeito de Porto Alegre, Ricardo Gomes (PL), adianta que também vão aparecer propostas específicas para a Capital e a Região Metropolitana.
Outro elemento preparado pelo staff do candidato é a apresentação de medidas do governo federal consideradas positivas e que contaram com a participação do ex-ministro, como a implementação do auxílio emergencial na pandemia. Isso servirá para combater a narrativa do adversário de que Onyx trocou várias vezes de ministério por não ter bom desempenho na Esplanada.
A predominância das cores verde e amarelo tende a permanecer, de forma a reforçar a conexão com a candidatura de Jair Bolsonaro (PL). O ex-ministro tem dito que pretende conquistar 1 milhão de votos a mais para Bolsonaro no Estado, o que, por tabela, beneficiaria sua própria candidatura. A associação ao presidente será apresentada como uma vantagem de Onyx, em caso de vitória de ambos.
— Imagine um governador e um presidente perfeitamente alinhados, ainda mais com uma Câmara e o Senado bem mais de centro-direita — diz Bolsonaro, em vídeo captado pela campanha na terça-feira (11), em Pelotas.
Também haverá acenos a segmentos do eleitorado, como servidores públicos, mulheres e simpatizantes do tradicionalismo. Para os dois últimos grupos, Onyx assumiu compromisso de criar secretarias específicas. Outro elemento que deve aparecer é a crítica à neutralidade de Leite na disputa presidencial. Desde o início do segundo turno, o candidato do PL tem dito que é alguém de posição e "sempre esteve do mesmo lado".
— Nós não atacamos, mostramos as diferenças nas escolhas de cada um e as consequências dessas escolhas — sintetiza o coordenador de comunicação da campanha de Onyx, Daniel Ramos.
Leite muda campanha e aposta em confronto de propostas e trajetórias
Eduardo Leite encara o segundo turno como uma nova eleição. Após usar a semana posterior ao primeiro turno para reposicionar o discurso, o tucano apresenta agora uma campanha repaginada. O novo conceito usa as cores do Rio Grande do Sul e a bandeira do Estado para fugir da polarização nacional e transformar a disputa local em um debate sobre o futuro dos gaúchos.
Para tanto, Leite vai mostrar as realizações de seu governo, com destaque para as conquistas obtidas a partir do ajuste nas contas públicas, que permitiram colocar em dia o salário do funcionalismo. Nas propagandas, o tucano afirma que manter o equilíbrio fiscal é fundamental para novos avanços, como o pacote de R$ 5 bilhões em obras e investimentos lançado no ano passado.
Haverá ainda o compromisso de priorizar a educação, com ênfase nas escolas de turno integral, um pedido do PDT no ato de apoio a Leite no segundo turno, e, em outro aceno à esquerda, o reforço na promessa de não privatizar o Banrisul.
Em paralelo à exibição de realizações e novas propostas, Leite vai avançar no contraste com Onyx Lorenzoni. Após passar todo o primeiro turno como alvo preferencial de ao menos seis adversários, o tucano agora pretende sair da defensiva. As peças irão comparar trajetórias e questionar o preparo do rival para lidar com os problemas do Estado.
Como tem feito em entrevistas e no recente debate da TV Bandeirantes, Leite quer convencer os eleitores que Onyx não tem soluções para questões primordiais, como saúde e educação, coloca em risco as finanças do Estado ao prometer rever reformas como a da previdência e precisa se "pendurar" na candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência.
— Vamos traduzir o legado do governo e mostrar que o Rio Grande fala mais alto. Estamos num processo de oito anos recuperando o Estado, e as mudanças não podem ser interrompidas. Há uma eleição nacional, claro, em que se vota com uma visão de Brasil, mas aqui é o Rio Grande do Sul e não podemos desviar desse caminho que é a pauta dos gaúchos — diz o coordenador da campanha tucana, Caio Tomazelli.