O primeiro debate do segundo turno indicou que a disputa entre Eduardo Leite (PSDB) e Onyx Lorenzoni (PL) pelo governo do Rio Grande do Sul deverá ser beligerante nas próximas três semanas. Realizado na noite desta segunda-feira (10) pela Rede Bandeirantes, o confronto foi repleto de críticas mútuas entre os candidatos e com poucas propostas sobre o futuro do Estado.
Logo na largada, Leite questionou Onyx sobre uma declaração do rival sobre "vender tudo" no Estado e o uso que pretende dar aos recursos que, segundo Onyx, estariam parados no caixa do Banrisul. Na resposta, Onyx afirmou que se referia a estatais federais, e não gaúchas, não citou o Banrisul e disse que a passagem por cinco ministérios no governo Jair Bolsonaro o preparou para governar o Estado. Na réplica, Leite atacou:
— Ficou pipocando em cinco ministérios, não conseguiu parar em nenhum porque não deu certo. Ministro pipoqueiro — disparou Leite.
— Vimos aqui um conjunto de mentiras. O senhor se enrola nas mentiras. No Ministério da Cidadania, administrei orçamento de R$ 400 bilhões. O senhor não sabe porque renunciou — devolveu Onyx.
Num claro aceno ao eleitor de esquerda, o tucano disse que não pretende vender o Banrisul num eventual segundo mandato e voltou a insistir que Onyx havia declarado intenção de "vender tudo". Mais uma vez, criticou a trajetória do rival pelo governo federal, dizendo que ele teve os "poderes subtraídos" a cada troca de pasta.
— Esse é o candidato que não ataca, que fala de propostas. Até agora não falou nada do Rio Grande do Sul, só de Brasília. Deve ser o desespero — provocou Onyx, na réplica.
— Ele começou pela Casa Civil e terminou em um ministério criado para ele para não cumprir o mandato no cargo que o povo gaúcho confiou a ele como deputado federal — devolveu Leite.
Na sequência, Leite usou o plano de governo de Onyx para criticar supostas omissões. De acordo com o tucano, o ex-ministro não cita iniciativas para as mulheres, para o funcionalismo público e para o Banrisul, entre outras áreas. Onyx rebateu dizendo já ter prometido criar secretarias para a mulher e para a primeira infância.
Em seguida, o candidato do PL disse que Leite "se elegeu nas costas" de Bolsonaro e que após eleito teria passado a atacar o presidente.
— O seu melhor secretário da Fazenda foi o presidente Bolsonaro, que lhe deu R$ 2,9 bilhões durante a pandemia — disse Onyx.
— Somos muito diferentes. O senhor concorreu duas vezes a prefeito de Porto Alegre e não chegou a 10%. Agora se lança candidato pendurado no presidente porque não tem luz própria — rebateu Leite.
Idéias
No segundo bloco, com perguntas de jornalistas da Band, a tensão refluiu e os candidatos apresentaram ideias para temas de interesse da população, como educação, saúde, desenvolvimento econômico, agronegócio e segurança. Questionado sobre logística, Leite defendeu a aplicação de recursos do Estado em estradas federais, como as BRs 116 e 290, usando o investimento como indutor do crescimento econômico. Na sua vez, Onyx disse que pretende acabar com a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e investir em hidrovias.
A chuva e o frio fora de época afastaram a militância dos candidatos. Primeiro a chegar, Onyx estava acompanhado da esposa, Denise, do filho Rodrigo Lorenzoni, da vice Cláudia Jardim e dos deputados Tenente-coronel Zucco (Republicanos) e Giovani Cherini (PL).
Leite chegou logo depois, ao lado do governador Ranolfo Vieira Júnior, do publicitário Fábio Bernardi, da ex-secretária estadual de Comunicação Tânia Moreira e do coordenador da campanha, Caio Tomazelli. Embora tenham chegado com poucos minutos de diferença, os candidatos só se encontraram no estúdio, minutos antes do começo do programa. Em nenhum momento se cumprimentaram ou fizeram algum aceno de cortesia.
No terceiro bloco, o embate voltou a ser direto. Onyx disse que pretende reverter o processo de privatização da Corsan e criticou a gestão do Banrisul.
— Os R$ 46 bilhões que ele diz que estão parados na tesouraria não é dinheiro parado. É dinheiro dos depositantes. Ele quer botar a mão no dinheiro do banco. Ele já teve problema com caixa, agora quer botar a mão no caixa do banco — afirmou Leite, numa provocação ao caixa 2 admitido por Onyx em eleições passadas.
— Sempre a arrogância, sempre a prepotência. Sabe tudo. Olha, Eduardo, o último trimestre do banco foi uma tragédia, o próximo vai ser pior ainda. Sabe por quê? Porque partidarizou o banco. Eu já disse: não vou privatizar o Banrisul — devolveu Onyx.
No embate seguinte, Onyx elevou a voz e pediu respeito aos pipoqueiros, em resposta à contumaz crítica de Leite aos sucessivos cargos que o ex-ministro ocupou. Em seguida, citou a pensão que foi recebida por Leite como ex-governador e perguntou por que o adversário renunciou.
O tucano reagiu pedindo calma a Onyx, disse que jamais recebeu aposentadoria e que será o primeiro ex-governador a abrir mão da pensão. Leite afirmou que renunciou para não confundir governo com campanha e criticou a agenda conjunta de Bolsonaro e Onyx, marcada para esta terça-feira (11), em Pelotas, às 15h, "em horário de expediente". No embate final, ambos discutiram sobre a gestão da pandemia, com acusações mútuas de despreparo e de falar mentiras.
Nas considerações finais, Leite voltou a citar o caixa 2 praticado por Onyx e concluiu dizendo que deseja novo mandato para seguir resolvendo problemas do Estado. Onyx agradeceu aos eleitores pela votação no primeiro turno, disse que resolveu o caixa 2 com Deus e com a Justiça, e afirmou que está numa missão para transformar a vida dos gaúchos.