Mal começou a aparecer nas especulações sobre a sucessão presidencial de 2026 e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), foi abatido por uma decisão de primeira instância da Justiça Eleitoral, que o torna inelegível por oito anos. Caiado foi acusado de abuso de poder político em ação movida pelo candidato derrotado do PL à prefeitura de Goiânia, Fred Rodrigues. Caiado e o vencedor da eleição em Goiânia, Sandro Mabel, vão recorrer da sentença ao Tribunal Regional Eleitoral e, em caso de insucesso, ao Tribunal Superior Eleitoral.
Caiado é pré-candidato assumido à Presidência da República e, por isso, se tornou um obstáculo aos planos do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se considera os planos A, B e C da direita, e tenta reverter a condenação que o tornou inelegível. O plano de Bolsonaro é manter a candidatura até agosto de 2026, tendo um dos filhos, provavelmente o deputado Eduardo Bolsonaro, como vice, para substituí-lo se tiver o registro negado pela Justiça Eleitoral. Foi o que Lula fez em 2018, quando se manteve candidato, mesmo sabendo que não poderia concorrer, e na última hora foi substituído por Fernando Haddad.
Essa obsessão de Bolsonaro deve tirar da disputa o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, que teria de renunciar no início de abril de 2026 para concorrer a presidente. A relação entre os dois é errática — ora se aproximam, ora se afastam — o que tornaria mais confortável para Tarcísio disputar a reeleição em São Paulo.
O movimento do PL de Goiânia pode ser interpretado como uma tentativa de matar dois coelhos com uma cajadada só. De um lado, tentar ganhar no tapetão uma eleição perdida no voto para Sandro Mabel e, de outro, tirar do jogo um candidato da direita com potencial para conquistar votos ao centro. É verdade que Caiado não tem a popularidade de Bolsonaro, mas também não pesa contra ele nenhuma das acusações graves que pesam contra o ex-presidente, acusado de tramar um golpe em 2022 para se manter no poder.
Ninguém poderá acusar Caiado de golpe, nem de boicote à vacina, nem de negacionismo climático. Médico que concorreu a presidente em 1989 e foi nocauteado pelo fenômeno Fernando Collor, o governador goiano amadureceu, disputou mandatos dentro das regras do jogo e foi reeleito em 2022 porque seu mandato tem elevados índices de aprovação, sobretudo pelas políticas adotadas em três áreas cruciais: saúde, segurança e educação. Caiado está entre os governadores com melhor avaliação no Brasil. Há quatro dias, a Paraná Pesquisas divulgou levantamento que mostra aprovação de 84,3% entre os goianos.