As notícias sobre o estado de saúde do presidente Lula após a cirurgia de emergência feita na madrugada desta terça-feira (10), em São Paulo, são promissoras. A intervenção para drenagem do sangue que pressionava o cérebro foi bem-sucedida, Lula acordou bem-disposto e os médicos asseguram que a hemorragia intracraniana não deixou sequelas. Se não houver nenhuma intercorrência, o presidente deve deixar a UTI nas próximas 24 horas, passar uns dias no quarto e retornar a Brasília em uma semana. Ainda que a reeleição não esteja na pauta, é natural que se questione se o presidente poderá ser candidato em 2026.
Quando Lula voltará a trabalhar? Os médicos não podem precisar, mas diferentes neurologistas acreditam que ele deve ser liberado em uma semana, pouco mais. Enquanto estiver internado, poderá despachar do hospital, como fez o ex-presidente Jair Bolsonaro em sucessivas internações ao longo do mandato.
O mais sensato seria Lula transmitir o cargo para o vice-presidente Geraldo Alckmin e cuidar da saúde até estar plenamente recuperado. Ele já foi negligente viajando para a reunião do Mercosul em Montevidéu sem fazer os exames de revisão que estavam marcados para o dia 6 de dezembro. Poderia ter detectado o sangramento antes. No Uruguai, Lula sentiu-se mal durante o jantar com os presidentes, mas essa informação só veio à tona agora, depois da cirurgia.
Para a campanha de 2026 falta pouco menos de dois anos. Hoje, Lula é candidato à reeleição, mas a queda no banheiro, o sangramento quase três meses depois e a idade avançada serão usadas na campanha pelos adversários para tentar desgastá-lo. Foi assim com Joe Biden, que resistiu em abandonar a candidatura e, quando o fez, era tarde demais.
Se Lula não for candidato, o candidato do PT seria o ministro Fernando Haddad, que já disputou a eleição e foi para o segundo turno em 2018. O problema é que Haddad tem contra ele os percalços reais e os artificiais da economia, que ninguém sabe como estará em 2026. O governo acredita que estará “voando”. A oposição, que o aumento do PIB neste ano é “voo de galinha”.
Poderia ser Geraldo Alckmin o candidato do governo, caso Lula não queira ou não possa concorrer? Até poderia, mas o PT não cogita abrir mão da cabeça de chapa, ainda mais sendo o PSB um partido menor. E Alckmin ainda carrega a marca de ser um candidato sem carisma, que conseguiu a façanha de fazer menos votos no segundo turno do que fez no primeiro, em 2002.