Guindado à condição de protagonista dos debates eleitorais, o Banrisul não será privatizado. É o que garantem os dois candidatos que disputam o segundo turno, Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB). Embora não esteja no plano de governo de nenhum dos dois, a venda do banco estadual sempre foi abordada em entrevistas e debates porque se impunha diante da pressão da área econômica do governo federal desde a gestão de Michel Temer, como já havia sido na administração de Fernando Henrique Cardoso.
A adesão ao regime de recuperação fiscal teria saído no governo Sartori se ele tivesse concordado com a privatização do banco, exigida pelos técnicos da Secretaria do Tesouro Nacional. Sartori resistiu, em parte por convicção, em parte porque sabia que não passaria no plebiscito exigido pela Constituição estadual para vender. Eduardo Leite conseguiu maioria na Assembleia para acabar com a exigência de plebiscito, mas não ousou colocar o banco à venda.
No primeiro turno, todos os candidatos foram questionados por GZH sobre a privatização do Banrisul. Só Ricardo Jobim (Novo) foi abertamente a favor e indicou até o que faria com o dinheiro se fosse eleito. Criaria um fundo para investir em educação. Leite repetia que a venda não estava o seu plano de governo, mas que admitia discutir a privatização em um contexto de conveniência para o Estado. Onyx disse desde o início que manteria o banco público.
No segundo turno, Leite começou a receber cobranças de potenciais aliados e assumiu o compromisso de não vender o Banrisul. Disse isso no debate da Bandeirantes e reafirmou em vídeo divulgado nesta terça-feira (11). Essa postura garantiu o apoio do PDT e a simpatia de petistas que buscam um motivo para não anular o voto, já que a recomendação do partido é não votar em Onyx Lorenzoni.
A posição de Onyx e Leite acabou por derrubar o valor das ações do Banrisul, que no passado subiam a cada sinal — por mais vago que fosse — da venda do banco (conforme informação na coluna de Giane Guerra). No governo, a avaliação é de que a queda nas ações pode ser fruto do temor de ingerência política em caso de vitória de Onyx, já que ele tem dito que despachará de dentro do banco.
No debate da Band, Leite o questionou sobre qual seria a governança do Banrisul. O candidato apenas garantiu que não haveria indicações políticas, mas insistiu no uso das reservas de R$ 42 bilhões para financiar a economia. Leite lembrou que essas reservas são necessárias para garantir a liquidez e alertou que as posições do adversário eram uma ameaça ao Banrisul.
Os liberais, que não concordam com a simples existência de um banco estadual, mesmo que lucrativo, estão decepcionados. Após o debate na Band, o vereador Felipe Camozzato, eleito deputado estadual, escreverem seu perfil no Twitter:
"Onyx precisa melhorar no próximo debate de 2° turno no RS. Embora se posicione na direita, defendeu propostas de esquerda: contra privatização, que rever reforma da previdência, quer renegociar regime de recuperação fiscal, promete criar mais secretarias, etc. Não é por aí...".
Com lupa
É preciso uma dose extra de boa vontade — e bons óculos — para ler as 16 páginas do programa de governo de Onyx Lorenzoni, registrado no TSE.
Além do corpo pequeno das letras na publicação em PDF, quando se tenta ampliar o texto fica sombreado e quase ilegível.