A maior parte dos candidatos ao governo do Rio Grande do Sul rejeita a privatização do Banrisul, banco público controlado pelo governo estadual. Entre os oito concorrentes cujos partidos têm representação no Congresso, apenas Ricardo Jobim (Novo) defende abertamente a desestatização. Eduardo Leite (PSDB) afirma que é a favor de abrir “a discussão” sobre o assunto e diz que a decisão final será da Assembleia Legislativa. O Legislativo só pode deliberar sobre o tema caso o governador envie uma proposta de privatização.
Os outros seis concorrentes defendem mudanças na gestão da instituição financeira, mas mantendo-a sob controle estatal.
Discutida nas campanhas eleitorais para o governo do Estado desde 1998, a venda do banco público era uma condição imposta pelo governo federal para que o governo estadual conseguisse o acordo para a retomada do pagamento da dívida com a União. A exigência acabou suplantada com as reformas aprovadas na Assembleia e a privatização de outras estatais.
Por outro lado, no ano passado, os deputados estaduais aprovaram emenda que retirou da Constituição Estadual a necessidade da convocação de um plebiscito para a desestatização do Banrisul, deixando a decisão na mão do Palácio Piratini.
Em recente pesquisa do Ipec (antigo Ibope) no Rio Grande do Sul, 49% dos entrevistados se disseram contra a venda do banco público, ante 28% de pessoas favoráveis. Outros 9% disseram que não são favoráveis nem contrários, enquanto 15% disseram que não sabem ou não responderam à questão.
Esta é a terceira reportagem da série Vida Real, na qual os postulantes ao governo gaúcho foram convidados a responder, de forma sucinta e objetiva, a respeito de temas que impactam diretamente no cotidiano dos gaúchos. Nas edições anteriores, eles foram chamados a dizer “sim” ou “não” para concessões de estradas e os atuais critérios do repasse de recursos a hospitais.
Desta vez, a pergunta feita aos oito candidatos foi a seguinte:
O senhor defende a privatização do Banrisul?
Leia a resposta de cada um, em ordem alfabética:
Não. O Banrisul deve ser reformulado e precisa se tornar extremamente eficiente. Vamos dar um destino diferenciado para o Banrisul: financiar a indústria, a agroindústria e a produção. Vamos incorporar o Badesul (agência de fomento estadual) ao Banrisul, dando a ele uma função de geração de empregos.
Não. O Banrisul, no nosso governo, será público e será fortalecido, não somente para que o governo possa comemorar os lucros. Quero o Banrisul financiando o desenvolvimento e estabelecendo linhas de crédito diferenciadas para setores produtivos que possam ajudar desenvolver o RS, gerem empregos e aumentem a arrecadação.
Sim, chamaremos a discussão para o Estado sobre ter três bancos ou apenas encaminhar o fortalecimento de algum deles para ser o banco que promove o desenvolvimento. Essa discussão vem no sentido de estimular a reflexão do Estado. A decisão será aquela que a sociedade encaminhará e, no final das contas, da Assembleia Legislativa.
Não, hoje não defendo a privatização do modo como está. O preço da ação do Banrisul, que valia R$ 29,70 no tempo do (ex-governador José Ivo) Sartori, hoje é R$ 10. Não vale a pena vender por muito pouco valor. Em cinco ou seis anos eu tiro esse valor, mesmo ele estando mal administrado como está hoje.
Na atual circunstância, não. O banco valia R$ 10,4 bilhões, hoje vale R$ 4,4 bilhões. Ou seja, se perdeu R$ 6 bilhões por má gestão, politicagem e incompetência. Se botar para vender, vai vender por R$ 2 bilhões ou R$ 3 bilhões. Quem vai ganhar dinheiro quando o banco retomar seu valor original?
Sim. Porque eu pretendo criar um fundo para investir todo esse dinheiro (que seria obtido com a venda do banco) para fazer uma revolução na educação do Rio Grande do Sul. Investimento em educação é investimento em PIB futuro.
Não. Entendo que o Banrisul é um instrumento que o Estado tem para fazer política de desenvolvimento. Quero usar o Banrisul para ajudar, sobretudo, na microeconomia, na diversificação, na agregação de valor. O banco deve cumprir um papel importante na estratégia de desenvolvimento de longo prazo do RS.
Não. Defendo que o Banrisul continue sendo um banco público para que possa ser o braço financeiro e estratégico do Estado para impulsionar o desenvolvimento. Ele está presente nas pequenas comunidades, nas cidades do Interior, cumprindo uma relevante função social que o banco privado não cumprirá.
Sobre o Vida Real
Para ajudar os eleitores a conhecerem a posição dos candidatos ao governo do Rio Grande do Sul sobre alguns dos temas mais relevantes desta eleição, a reportagem de Rádio Gaúcha, Zero Hora e GZH realiza a série Vida Real.
Foram chamados a participar os oito concorrentes cujos partidos têm representação no Congresso Nacional, mesma regra adotada para a participação nos debates eleitorais.