Por uma hora e 40 minutos, com breves intervalos, os candidatos Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB) protagonizaram o primeiro confronto do segundo turno, em debate tenso na TV Bandeirantes. Foi um debate tenso, sem concessões para as amenidades. Leite testou pela primeira vez a estratégia de forçar o adversário a falar de temas do Rio Grande do Sul, repetindo que o presidente da República não vai desembarcar no Rio Grande do Sul para resolver os problemas que são do governo estadual.
Como diz que no primeiro turno eram todos contra ele, Leite tentou emparedar Onyx pelo que considera seus pontos mais frágeis: o desconhecimento da situação do Estado, a falta de explicações sobre "como fazer" o que promete e sua incapacidade gerencial, atestada por não esquentar banco em nenhum dos cinco ministérios que ocupou.
Onyx apegou-se ao que na sua visão são os pontos fracos do adversário: a renúncia ao governo do Estado, o déficit orçamentário, a reforma administrativa e a mudança no sistema de previdência dos policiais militares e bombeiros. Nessa toada, os dois só falaram de educação porque o tema foi posto na roda pela jornalista Lucia Mattos. De logística, porque o jornalista Guilherme Macalossi perguntou.
No início do debate, Onyx exibiu uma calma surpreendente para quem acompanhou os enfrentamentos do primeiro turno. Pouco depois das 23h, exaltou-se, disse que Leite foi "moleque" com o ex-governador José Ivo Sartori e acusou o adversário de ter "um coração de pedra, porque só fala em números e esquece das pessoas". Leite revidou nas considerações finais, dizendo que para implementar os projetos que mudam a vida das pessoas é preciso conhecer os números e ter responsabilidade fiscal, referindo-se às críticas do adversário à reforma administrativa e às mudanças na previdência dos militares, que Onyx prometeu rever.
Leite questionou as declarações de Onyx sobre os R$ 42 bilhões do fundo de reserva do Banrisul, que ele chama de "dinheiro parado na tesouraria", e explicou que todos os bancos fazem isso para garantir a segurança dos correntistas. Lembrou que o Itaú tem R$ 500 bilhões aplicados em títulos e disse que, se Onyx fizer o que está prometendo, quebra o Banrisul.
Onyx cobrou do ex-governador uma solução para o IPE Saúde, que deve R$ 1 bilhão a prestadores de serviços, mas nenhum dos dois avançou em uma solução para o problema. Ficaram nas acusações mútuas e não disseram o que farão para enfrentar a crise do planos de saúde dos servidores públicos.
Questionado sobre como colocar em pé uma das suas principais propostas, a criação de clínicas especializadas de saúde, Onyx ignorou a pergunta. Exaltado, enfileirou acusações a Leite e ordenou que respeitasse os pipoqueiros. É que o ex-governador volta e meia o chamava de "pipoqueiro" por ter pipocado por cinco ministérios, sempre perdendo poder, "por incapacidade de gestão".
O candidato do PL acusou Leite de quebrar empresas e de extinguir empregos na pandemia, pela política de restrição da circulação de pessoas, ao que o ex-governador contestou afirmando que o Estado teve uma política bem-sucedida de proteção de vidas, comprovada pelo menor índice de excesso de óbitos em comparação com os anos anteriores.