Nada mais previsível do que a decisão do PT (leia a íntegra abaixo) de não apoiar nenhum dos candidatos a governador no Rio Grande do Sul, depois de ter perdido a vaga no segundo turno por uma diferença ínfima para Eduardo Leite (PSDB).
É o troco pela decisão de Leite de se manter neutro na eleição presidencial. O mínimo que a direção do PT esperava era que o ex-governador declarasse apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dissesse que se arrependeu do voto em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno de 2018.
Nem Leite esperava que o PT o apoiasse. A coordenação da campanha está satisfeita com a recomendação do PT aos filiados para que não votem em Onyx Lorenzoni (PL), por ser ele o representante de Bolsonaro no Rio Grande do Sul.
A expectativa é de que os eleitores de Edegar Pretto no primeiro turno, que irão em massa às urnas no dia 30 para votar em Lula para presidente, votem em Leite para tentar evitar a vitória de Onyx. Se ocorrer, não será a primeira vez que eleitores petistas combinam o 13 com o 45. Na eleição de 2018, muitos já votaram no tucano porque não queriam o ex-governador José Ivo Sartori (MDB).
Artistas e intelectuais historicamente ligados ao PT lançaram um manifesto pelo voto em Leite, acompanhando o raciocínio do ex-governador Tarso Genro de que é preciso derrotar Onyx. Nessa manifestação pesa a atenção que o ex-governador deu à cultura e o desmonte promovido nessa área pelo governo Bolsonaro.
PSOL orienta filiados a votarem contra Onyx e Bolsonaro
A executiva do PSOL aprovou resolução semelhante à do PT, mas mais enfática no voto contra Onyx Lorenzoni. "Nenhum voto em Onyx, derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo com Lula presidente" é a síntese da resolução aprovada nesta segunda-feira (10) por ampla maioria. Os militantes estão liberados para votar em Eduardo Leite, branco ou nulo, uma obviedade em se tratando de filiados a um partido que abomina o bolsonarismo.
Segunda deputada mais votada do Estado, Luciana Genro, presidente estadual do partido, avisou que o PSOL será oposição ao próximo governo gaúcho, seja ele liderado por Onyx ou por Leite:
— Vamos enfrentar a agenda econômica liberal que retira direitos dos servidores, desmonta os serviços públicos e privatiza o patrimônio do Estado.
A prioridade do PSOL é a vitória de Lula porque, na avaliação de dirigentes do partido, serviria "para frear a agenda autoritária e conservadora de Onyx, caso o ex-ministro se consagre vitorioso no segundo turno".