No último sábado (27), completaram-se 100 dias da entrada oficial do PSB na base do governo de Caxias do Sul, anunciada em 16 de fevereiro. A data deve ser "celebrada" pela sigla e pelo prefeito Adiló Didomenico (PSDB) a partir de quarta-feira (31), quando deverá ser confirmada a saída do vereador Edi Carlos Pereira de Souza (PSB) da Câmara para ocupar um cargo na prefeitura, no setor de iluminação pública dentro da Secretaria de Obras e Serviços Públicos.
O parlamentar, inclusive, deu uma pista desta movimentação quando integrou comitiva do Executivo que foi à São Paulo para leilão da parceria público-privada (PPP) da iluminação em Caxias, e apareceu em uma foto ao lado do chefe da pasta de Obras, Norberto Soletti. Na manhã da última quinta-feira (25), nos bastidores da sessão ordinária do Legislativo, Edi Carlos se esquivou do assunto quando questionado pela reportagem.
— Não sei de nada, por enquanto sou vereador. Mas vou falar (sobre o assunto) na quarta (31) — antecipou.
A previsão é de que a fala do vereador seja para pedir licença do cargo na Câmara para o presidente do Legislativo — e colega de partido —, Zé Dambrós (PSB), para começar o mês de junho, na quinta-feira (1º), ao lado do prefeito Adiló. Para substituir Edi Carlos, ocupará a terceira cadeira do PSB o suplente Alberto Meneguzzi — as outras duas pertencem aos socialistas Gilfredo De Camillis e o próprio Dambrós.
Na quinta-feira (25), um texto enviado por engano a alguns contatos de Meneguzzi circulou por aplicativos de mensagem, no qual ele confirma o regresso à Câmara no dia 1º de junho, próxima quinta, às 8h30min, e adianta que vai "leve, querendo conciliar e propor assuntos importantes".
"Passo por aqui para dizer que irei assumir, como suplente, novamente como vereador no dia 1º de junho. Eu não previa isso, estava afastado e licenciado do partido por uma questão de ética, já que voltei para área da comunicação. É um novo desafio num momento bem conturbado na política. Vou leve, querendo conciliar e não brigar, e propor assuntos importantes para que nossa cidade possa ser feliz de novo", diz o conteúdo enviado pelo suplente.
Com essa movimentação, o PSB ficará com três nomes do Legislativo na prefeitura. Wagner Petrini, secretário de Habitação desde o dia 22 de fevereiro, anunciou a saída da Câmara em 16 de fevereiro, confirmando a entrada do partido na base do governo Adiló. O primeiro suplente do PSB, Idair Moschen, assumiu em abril como diretor-presidente da empresa Festa da Uva, Turismo e Empreendimentos SA, dando lugar a Edi Carlos, o segundo suplente, na Câmara, que agora vai assumir cargo no Executivo.
A transferência de Edi Carlos estava sendo planejada para ocorrer no início de março, quando, no dia 2, o vereador foi sorteado para ser relator no processo de cassação contra Sandro Fantinel (sem partido). Com o caso encerrado em 16 de maio, o caminho ficou aberto para que o PSB e a prefeitura seguissem com o planejamento inicial.
Mudança não passa por projeto de cargos da prefeitura
Ainda em fevereiro, ventilava-se que a ida de um terceiro integrante do PSB para o alto escalão do governo estava baseada no projeto da prefeitura para criação de quatro cargos de diretores superintendentes em secretarias. À época, ao oficializar a ida para o governo, Wagner Petrini afirmou que outras pessoas da base popular do PSB deveriam assumir espaços em pastas do Executivo, entre elas a de Obras e Serviços Públicos. A entrada de Edi Carlos na prefeitura seria em um desses novos cargos.
Tudo o que foi acertado está ocorrendo. Tudo ao seu tempo.
ADRIANO BOFF
Ex-presidente do PSB
Foram duas tentativas da prefeitura de emplacar a proposta. A primeira ocorreu em 13 de janeiro, quando enviou ao Legislativo projeto que previa a transformação de quatro cargos de diretor-geral em secretários adjuntos, com a justificativa de que era necessário desafogar demandas dos chefes de algumas pastas. A votação, quatro dias depois, não atingiu o quórum mínimo necessário — faltou um voto.
Segundo o regimento interno da Câmara, um projeto rejeitado só pode ser reapresentado após 12 meses. Entretanto, no dia 25 de janeiro, a prefeitura realizou uma manobra jurídica e modificou detalhes da proposta original. Assim, encaminhou projeto que previa a transformação dos quatro cargos de diretores-gerais em diretores-superintendentes. Um dia depois, pautado para ser votado na sessão do Legislativo, o projeto foi retirado de última hora pela prefeitura, que observou um risco de o projeto não ser aprovado novamente. Com o recuo, não é necessário aguardar um ano para reenviar o texto para apreciação do parlamento municipal. Desde então, porém, o tema não voltou a ser comentado nem pelos vereadores e nem pelo primeiro escalão do Executivo.
A reportagem tentou falar sobre o assunto com a prefeitura: a chefe de gabinete, Grégora Fortuna dos Passos, não retornou as ligações, e a assessoria de imprensa, consultada, afirmou que ainda não há previsão de encaminhar o projeto de volta ao Legislativo. Questionado sobre a necessidade de este projeto estar aprovado para oficializar uma eventual ida de Edi Carlos para o executivo, o ex-presidente do PSB, Adriano Boff, que encabeçou as negociações do partido com o prefeito Adiló, descartou.
— Com certeza não (passa pelo projeto de criação de cargos). Ainda nas vésperas da ida do vereador Wagner (Petrini) ao Executivo, discutimos (PSB e Adiló) a participação do PSB na administração. Tudo o que foi acertado está ocorrendo. Tudo ao seu tempo — desviou Boff, em mensagem enviada por aplicativo.