Por essa, o governo municipal de Caxias do Sul não esperava. O projeto de readequação administrativa enviado pelo Executivo à Câmara, que pretendia transformar quatro cargos de diretores-gerais de secretarias em quatro cargos de secretários adjuntos não foi aprovado em sessão extraordinária nesta terça-feira, na Câmara. Faltou um voto. O governo estava tranquilo da aprovação. Tinha margem tranquila de votos, e a própria coluna chegou a prever que o projeto seria aprovado com facilidade. Pois não passou.
O projeto de readequação chegou à Câmara na sexta-feira (13) em dobradinha com outro, que adequava a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para receber a alteração administrativa. Esse segundo projeto foi votado primeiro, e foi aprovado com 14 votos favoráveis, quer dizer, a LDO foi adequada para receber a mudança administrativa contida no projeto principal. Cinco vereadores votaram contra e houve três ausências permanentes ao longo da sessão: dos vereadores Rafael Bueno (PDT), Mauricio Marcon (Podemos) e Gladis Frizzo (MDB).
Porém, na votação do projeto principal, na última das sessões extraordinárias do dia, o número de ausências dobrou de três para seis vereadores. Também não votaram Felipe Gremelmaier (MDB), Ricardo Daneluz (PDT) e Tatiane Frizzo (PSDB). O resultado é que o número de votos favoráveis baixou de 14 para 11, e o projeto de lei complementar precisava de 12 votos, ou metade mais um dos 23 vereadores. Bateu-se cabeça na base do governo, que estava completamente desarticulada. Agora, o projeto só poderá ser reapresentado no ano seguinte, conforme estipula o Regimento Interno da Casa. Aliás, há outra lição para o Executivo: enviar projetos de interesse do governo nesta época do ano está sujeito a essa desarticulação, com vereadores que não estão na cidade e com as dificuldades da votação online.
A proposta criava secretários-adjuntos nas pastas de Educação, Saúde, Meio Ambiente e Obras e Serviços Públicos. Agora, o governo ganhou de presente um embaraço para conduzir uma alteração no primeiro escalão, que contava com a criação dos cargos de secretários adjuntos. Na Secretaria de Obras, por exemplo, deveria ser alojado um suplente de vereador do PSB, para abrir espaço ao partido na Secretaria da Habitação. Agora será necessário um rearranjo.
"Pode ter faltado entendimento", diz Paula
A prefeita em exercício, Paula Ioris, lamentou a rejeição do projeto de readequação de cargos.
— É lamentável. Pode ter faltado entendimento dos vereadores da importância de se ter um secretário adjunto dentro das grandes secretarias, medida que não geraria custo extra. Os adjuntos seriam fundamentais para otimizar o trabalho, deixando para os titulares as questões estratégicas. Reconhecemos e respeitamos a independência entre os poderes, mas lamentamos a decisão, porque o projeto qualificaria a gestão das secretarias, melhorando o atendimento à população — justificou Paula.