Estabeleceu-se com força a crise no PL. O vereador Hiago Morandi (PL) protocolou nesta sexta-feira ofício ao presidente do diretório estadual do PL, Giovani Cherini, que assina como líder da bancada, pedindo a "imediata destituição" do presidente do partido em Caxias, Maurício Scalco, a "dissolução da comissão executiva provisória" local e a "aplicação da penalidade de expulsão" a Scalco. A medida é consequência da divisão da bancada do PL na votação para a presidência da Mesa, em que pelo menos dois vereadores do partido — Pedro Rodrigues e Sandro Fantinel — votaram a favor da chapa encabeçada pelo petista Lucas Caregnato. O próprio Hiago, mais o vereador Capitão Ramon e a vereadora Daiane Mello foram votos contrários à chapa para a presidência da Mesa. Horas depois, em entrevista ao portal Leouve, Scalco disse que a divisão na votação "foi um erro do líder do partido" (na verdade, líder da bancada, o próprio Hiago).
"Não existe nenhum 'racha' entre os vereadores eleitos do PL. Tal análise, extremamente equivocada, fragiliza o PL como partido, enfraquece a imagem da maior bancada da Câmara e é o tipo de comportamento que cria rachas", escreveu Hiago no requerimento ao diretório estadual.
Vereador mais votado da última eleição, com 11.304 votos, Hiago publicou um vídeo em suas redes sociais reiterando o conteúdo do requerimento enviado ao PL estadual. Ele descreve que o pano de fundo para a crise é a intenção de Scalco em ser nomeado assessor de bancada na Câmara, petição que não foi atendida.
— Recebi o convite do diretório estadual e a informação por um ofício, através do presidente deputado federal (Giovani) Cherini e o deputado federal (Luciano) Zucco, sobre a indicação estadual ao cargo da bancada, devido a minha formação em Direito e experiência na Câmara — disse Scalco a reportagem.
Scalco também alega não ter recebido nenhum ofício ou informação sobre pedido de expulsão. Também diz que não participou das discussões da eleição da Mesa Diretora.
— Não participei de assuntos internos da Câmara, os vereadores eleitos que participaram. Não sei nem o que foi tratado — declarou. (Com Renata Oliveira Silva)
'Núcleo duro' da direita se dissolveu
O "núcleo duro" da direita caxiense que atuou na legislatura passada, que tinha como argamassa ideológica a atuação anti-PT e era forte como força política a ponto de gerar a candidatura de Maurício Scalco (PL) e Gladis Frizzo (PP) à prefeitura de Caxias do Sul, praticamente se dissolveu. Além de Scalco e Gladis, era composto também pelo ex-vereador e hoje deputado federal Mauricio Marcon (Podemos) e pelos vereadores Adriano Bressan e Alexandre Bortoluz, ambos do PP, e Ricardo Zanchin (Novo), que entrou na vaga de Marcon e tinha a atuação dele e de Scalco, que se elegeram pelo Novo, como referência política na Câmara.
Nova direita atuará em faixa própria
Gladis, Marcon e Scalco deixaram a Câmara. Zanchin também. Bressan entrou para o Governo Adiló e Bortoluz, que permaneceu na Câmara, compôs com Bressan um acordo para a Mesa e o rodízio na presidência que inclui o PT. Só para se ter uma ideia, na legislatura passada, o "núcleo duro" compôs uma chapa alternativa quando foi a vez de Denise Pessôa (PT) ser presidente. Na nova legislatura, a bancada do PL não tem como referência política aquele "núcleo duro" da direita. Mudou o perfil e atua em faixa própria, com nomes novos, à exceção de Sandro Fantinel, que nunca foi próximo do "núcleo duro" e segue agradecido ao prefeito Adiló. Já o DNA político de Daiane Mello vem do MDB. Como se vê, Hiago Morandi não está alinhado como "núcleo duro" e, como líder, tem ascendência sobre toda a bancada.