Pergunte a alguém com menos de 40 anos o que é um carro de praça ou um chofer de praça, e o interlocutor ficará “boiando” — para usar um termo da mesma época. Porém, em tempos de Uber, corridas por aplicativos e um sem número de outras opções, vale a pena recordar de como tudo isso começou.
O serviço de táxi devidamente organizado e registrado em Caxias remete à década de 1920, quando os veículos eram conhecidos pela denominação “carros de praça”. À época, o então “Regulamento de Veículos” da antiga Intendência Municipal determinava as normas de circulação e a tabela de cobrança pelas corridas — algo que já ocorria informalmente e sem muito controle desde meados de 1910.
Conforme informações do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, os primeiros carros circulavam com “ sistema de tração animal”. Em 1920, por exemplo, Caxias contava com 25 modelos nessa modalidade. Desses, 23 atuavam na área central, no serviço público, e dois na então Vila de Galópolis, como particulares.
Já os primeiros registros de carros de praça a motor datam de 1925. Segundo os registros da administração pública, naquele ano Caxias contava com cinco automóveis para serviço de transporte de passageiros. Um ano depois, em 1926, esse número saltava para 14, além de 226 automóveis de particulares, classificados como “Auto” ou “Baratinha” no item “modelo” — abrangendo as marcas Ford, Fiat e Chevrolet.
Licença para guiar
Outra curiosidade do acervo público do Município são as licenças. Na década de 1930, a então Diretoria de Tráfego expedia cartas de Condutor de Automóvel, nas quais constava a observação “foi julgado apto para conduzir veículo de tração a motor”. Entre os condutores, a profissão aparecia identificada como comerciante, mecânico e/ou “chauffeur”.
Na foto acima, os pioneiros carros de praça a motor estacionados na Rua Marquês do Herval, defronte à Praça Dante Alighieri, por volta de 1930. Entre as construções ao fundo, o antigo casarão e a casa de comércio da família Pezzi (atual Edifício Dona Ercília), o Bispado e a Catedral Diocesana, ainda com as escadarias frontais.
Tudo em uma Caxias prestes a receber pavimentação.
Em Caxias e Bento
A denominação “carro de praça” estava relacionada ao fato de os veículos fixarem seu estacionamento no ponto mais movimento da cidade, ou seja, a praça central. Na imagem que abre a matéria, percebe-se a imponente frota caxiense estacionada na Rua Sinimbu, defronte a então Praça Rui Barbosa (Dante Alighieri).
Conforme revelou o empresário Henrique Grossi em uma reportagem de 2011, os carros das marcas Pontiac, Chevrolet e Ford eram importados. Grossi, que utilizava os antigos modelos para se deslocar a serviço ou a passeio, recorda dos nomes de alguns motoristas, entre eles Pasqualetto, Tonietto, Santa Maria e Alberti. O serviço de táxi podia ser solicitado pelo telefone 222. Abaixo, um registro dos carros de praça em Bento Gonçalves, na década de 1950. O local é a Rua Mal. Deodoro (Via Del Vino), próximo da esquina com a Dr. Antunes — com o antigo Hotel Zanoni ao fundo, à esquerda.
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Você possui fotos e histórias de antigos chofers e motoristas de táxi nos anos 1940, 1950 e 1960? Envie as imagens, acompanhadas de um breve histórico, para o e-mail rodrigolopes33@gmail.com.