A recente matéria sobre a comunidade Prédios de Caxias do Sul, do Facebook, abordou um dos exemplares mais icônicos da área central de Caxias do Sul: o Edifício Dona Ercília. Localizado na esquina das ruas Sinimbu e Marquês do Herval, o condomínio projetado pelo engenheiro Hugo Grazziotin foi finalizado em 1967, trazendo como novidade o fantástico e inovador elevador de carros (leia mais abaixo).
Mas a esquina — e quase toda a extensão da Marquês até a Rua Os Dezoito do Forte — tem sua história diretamente atrelada ao pioneirismo da família do imigrante italiano Abramo Pezzi (1846-1903). Chegado a Caxias em 1879, Pezzi, ou melhor "Il Maestro", destacou-se na história da cidade como um respeitado professor de italiano e português, lecionando e ensinando os colonos no próprio casarão onde residia, ao lado da Catedral. Foi lá que moraram também os filhos Arcadio, Mansueto, Mario, Ettore, Ercília, Fenice e Aurora.
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A Adega Pezzi
Filhos de Abramo Pezzi, Mário e Ettore foram os responsáveis pela fundação da lendária Adega Pezzi, em 1918. A empresa respondia pelos famosos Vinhos Perdigueiro — nas variedades tinto, branco, moscatel e niágara — e por bebidas como vermouth, quinado, gemado e conhaque. Uma produção que se consolidaria no mercado a partir da década de 1930, com o surgimento da Festa da Uva e a presença constante da vinícola em estandes e eventos do setor.
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Além da cantina e da antiga residência da família, o complexo dos Pezzi abrigou posteriormente um hotel e um comércio de secos & molhados e ferragens, bem na esquina, ao lado do Bispado. Porém, o casarão de madeira adornado por lambrequins, típico dos primórdios da imigração italiana, seguiu apenas até 1959, quando foi demolido.
Começava a nascer aí o moderno Edifício Dona Ercília, cujo projeto foi aprovado pela prefeitura em 1961. O nome foi uma homenagem do engenheiro Hugo Grazziotin à mãe, dona Ercília, filha de Abramo Pezzi e casada com o comerciante Domingos Grazziotin.
O elevador de veículos
Conforme o engenheiro Hugo Grazziotin, 92 anos, o Dona Ercília foi o primeiro prédio a dispor dessa tecnologia no Brasil. A ideia surgiu a partir de um empecilho para avançar no subsolo: o terreno bastante rochoso e a existência de uma nascente.
— Não dava para fazer um prédio daquele padrão sem vagas de garagem. Então, em vez de descer, nós fizemos os carros subirem — explicou o visionário engenheiro na matéria de 14 e 15 de julho.
Traduzindo: o morador avança com o carro em um compartimento e é levado pelo zelador até seu andar, onde estaciona no box da garagem, localizado junto à área de serviço... dentro do apartamento.
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