Projetado pela montadora francesa Renault em 1956, o lendário Dauphine chegou a Caxias na sequência da inauguração da Brasdiesel S/A, sua concessionária oficial, em 1959. Os primeiros modelos, inclusive, ganharam uma badalada exposição na Rua Sinimbu, defronte à antiga Praça Rui Barbosa.
Anúncio da Brasdiesel publicado no Pioneiro da época destacou:
“O Dauphine é um carro muito confortável, com quatro portas, ampla visão panorâmica e muito estável e macio no rodar, graças ao seu exclusivo sistema de suspensão Aerostable. Acomoda, folgadamente, cinco pessoas e possui amplo porta-malas. É super econômico, perfazendo, em média, 16,7 quilômetros por litro de gasolina, podendo rodar mais de 540 quilômetros sem reabastecimento. Dauphine é o automóvel ideal para os que desejam um carro moderno e confortável, seguro, fácil de dirigir e, principalmente, de mínimo custo de manutenção. Dauphine é, atualmente, o automóvel mais barato do Brasil. Conheça de perto o seu Dauphine na Brasdiesel S/A, que são os concessionários para esta região, e torne-se mais um feliz possuidor Dauphine”.
Nas imagens desta página, os veículos estacionados na Sinimbu, defronte à Catedral Diocesana, em finais de 1959. Era a época da construção do primeiro arranha-céu de Caxias do Sul, o Condomínio Galeria Auto João Muratore - leia-se “Caixa de Fósforo”, ao lado do Cine Central.
Mudanças a caminho
Entre os anos de 1959 e 1968, a versão brasileira do Dauphine foi fabricada pela Willys Overland, mediante licença da Renault. Originalmente, a ideia era concorrer em popularidade com o Volks Sedã (Fusca), diferenciando-se pelas quatro portas e pelo porta-malas sob o capô dianteiro - uma espécie de alternativa mais confortável em relação ao “rival” alemão.
A saber: o Dauphine foi o primeiro carro de passeio da Willys Overland do Brasil, que na época já fabricava a clássica Rural Willys e o Jeep Willys. Após várias evoluções no motor e em detalhes de conforto e acabamento, o carro foi rebatizado: nascia, em 1962, o inesquecível Gordini.
Um Gordini nas curvas de Galópolis
Autor do livro Breves Vitórias, Brilhantes Derrotas, o economista e professor Henry Paulo Dias destacou o Dauphine/Gordini em um dos textos que compõem a publicação, que ganhou relançamento na última Feira do Livro de Caxias, em novembro.
O trecho a seguir integra a crônica “Um Gordini II nas curvas de Galópolis”:
“A Oficina Mecânica Santo Antônio, no pré-lançamento dos Dauphine, havia sido consultada para ser sua concessionária em Caxias do Sul. A oficina capitulou e encerrou suas atividades antes do lançamento, e a primeira empresa caxiense a ser concessionária dos Dauphines foi a Brasdiesel, já conceituada e estruturada em função dos caminhões Scania-Vabis. Pois bem, o Dauphine, que carregava um motor quatro cilindros de 850 CC, 32 HPs e três marchas, foi substituído, em 1962, pelo Renault Gordini, homenagem ao projetista e construtor francês que tinha esse sobrenome (Amedée Gordini). O carro era realmente avançado, extremamente veloz, muito bonito, e os jovens da época, de imediato, adotaram esse carrinho como companheiro para todas as ocasiões. Nessa fase, a concessão já estava com a empresa Bay & Cia. Nessa sequência, meu pai, Ruy, havia comprado um Renault Gordini II, 1966, azul clarinho, que era a coisa mais bonita do mundo. Quase novo, com estofamento vermelho. Esse negócio havia sido em Bento Gonçalves, com um militar que se transferira. A ideia era vender aquele carro, e com ele, ganhar algum dinheiro. Pois numa das tardes de domingo, enquanto Ruy fazia a sesta, eu tomei emprestado o carro e fui para a estrada de Galópolis fazer uns “pegas”. Numa das curvas, entrei em velocidade muito acima do recomendado e dei com a traseira nas pedras de um barranco, prejudicando a parte onde estava a tração e o motor do carro, que teve de ser rebocado para uma oficina especializada na marca”.
A continuação dessa e de várias outras histórias sobre o automobilismo caxiense entre as décadas de 1949 e 1975? Livro “Breves Vitórias, Brilhantes Derrotas”, de Henry Paulo Dias (henrycorretor47@gmail.com).