A direção do Banco Central do Brasil esteve reunida na manhã desta quinta-feira (19) para a apresentar o relatório da inflação de dezembro. No entanto, o assunto que dominou a entrevista coletiva foi o dólar. O atual presidente, Roberto Campos Neto disse que a instituição não irá atuar para deixar o câmbio em um determinado patamar.
— O BC não tem intenção de chegar a nenhum nível de (preço de) câmbio. Vamos continuar monitorando o fluxo de dólares e vamos atuar se for preciso. Não tem como dizer o que vamos fazer no futuro — explica Campos Neto.
O presidente do BC disse que a instituição tem observado uma saída maior de dólares em pessoa física.
— Fizemos um leilão de manhã e a demanda foi muito maior do que esperávamos e resolvemos fazer um novo leilão. Este fim de ano tem um fluxo atípico muito grande — frisa.
Campos Neto acredita a mudança no fluxo cambial devido à concretização de alguns cenários que eram até então, incertos, como o ajuste fiscal.
— Algumas incertezas viraram certezas e, de fato, se tornou um cenário mais adverso — acredita.
Galípolo, por sua vez, disse que o real não está sofrendo um ataque especulativo coordenado.
— Não é correto tratar o mercado como uma coisa só; ataque especulativo não representa bem o que acontece hoje. O presidente da República concorda com meu ponto de vista — classifica o futuro presidente da instituição.
Sobre os ajustes fiscais necessários, Galípolo afirma que a discussão no Congresso faz parte do processo, mas ressalta que o mercado está em outra rotação:
— O fiscal demanda um debate com a sociedade, com o Congresso, que é próprio da democracia; o mercado anda em outra velocidade — avalia.
Galípolo acredita que é difícil uma solução única sobre o cenário fiscal no país:
— As dificuldades das contas públicas estão sendo tratadas há um tempo. É difícil um projeto fiscal que seja uma bala de prata. Os programas fiscais (do governo) são reconhecimentos de que há sim problemas fiscais. Mas não cabe ao BC fazer nenhuma orientação ou sugestão ao governo — afirma o diretor de Política Monetária.
Campos Neto completa:
— Reconhecemos que o governo tem demonstrado um esforço. Mas não cabe a gente fazer uma avaliação do fiscal, mas como a percepção do fiscal impacta no macroeconômico.