Dez dias após se afastar para a realização de duas cirurgias na cabeça, o presidente Lula retorna a Brasília com a missão de amenizar o clima no mercado que nos últimos dias levou à disparada do dólar. O mandatário deve se reunir com a equipe ministerial nesta sexta-feira (20) para uma avaliação do ano, e também para discutir o avanço do pacote de corte de gastos no Congresso e a desconfiança de investidores sobre o equilíbrio fiscal.
Até agora, as manifestações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, renovando o compromisso do governo com a revisão de despesas não foram suficientes para mudar o rumo do dólar. Nem mesmo a alta da Selic, combinada ao indicativo do Banco Central de novos ajustes no mesmo sentido, tiveram o efeito esperado pela equipe econômica.
Na entrevista que concedeu ao Fantástico no domingo, quando teve alta hospitalar, Lula citou o histórico de seus dois primeiros mandatos, assegurou compromisso com as contas públicas e falou do impacto que o descontrole tem para os mais pobres.
— Vou repetir: ninguém nesse país, do mercado, tem mais responsabilidade fiscal do que eu — argumentou.
A percepção da maioria dos agentes de mercado, contudo, é outra. Além do pacote de corte de gastos enviado pelo governo ser considerado insuficiente, os projetos têm sido desidratados por parlamentares durante a análise na Câmara, o que aumenta o descrédito.
Lula também avalia uma nova rodada de conversas com lideranças do Congresso nesta sexta. No início da semana passada, ele participava de uma reunião com os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, quando passou mal e foi em busca do atendimento médico que identificou o sangramento próximo ao cérebro.
Desde que Lula foi internado, ministros assumiram o protagonismo da articulação, mas não conseguiram avançar com os projetos do ajuste fiscal no ritmo esperado.