A Justiça da França condenou Dominique Pelicot a 20 anos de prisão nesta quinta-feira (19) por drogar, entre 2011 e 2020, sua então esposa, Gisèle Pelicot, para estuprá-la com dezenas de homens desconhecidos.
— Senhor Pelicot, em relação ao conjunto dos fatos, o declaramos culpado de estupro com agravantes — declarou o presidente do tribunal de Avignon, Roger Arata.
Os outros 51 acusados de estuprar Gisèle também foram considerados culpados pelo tribunal francês. As penas pedidas pela promotoria para variam de quatro a 18 anos de prisão. As sentenças deles serão conhecidas na sequência.
O julgamento
O julgamento do ex-marido começou no dia 2 de setembro, na cidade de Avignon, sul da França. Os suspeitos de participação nos crimes tinham entre 26 e 74 anos no momento dos estupros, segundo o g1.
Dominique Pélicot admitiu culpa. Outros 35 declararam inocência, enquanto 13 se consideraram culpados. Um está foragido e outro faltou ao julgamento. Desses, 18 já estão em prisão preventiva.
Desde o início, o julgamento ganhou manchetes mundiais, em especial por conta da recusa de Gisèle em fazer um processo a portas fechadas. Ela apoiou a divulgação das imagens de estupro, marcadas pela frase: "Que a vergonha mude de lado".
Em seu pronunciamento final antes do encerramento do julgamento na última segunda-feira (16), o homem de 72 anos elogiou a "coragem" da ex-mulher.
— Gostaria de começar por saudar a coragem da minha ex-mulher — disse ele.
Ele também pediu que a família aceite suas desculpas pelo sofrimento causado desde a revelação dos crimes.
— Lamento o que fiz, fazer (minha família) sofrer por quatro anos, peço perdão.
Segundo o g1, Pelicot também era acusado de ter filmado sua filha, Caroline Daian, e sua enteada nuas.
Entenda o caso
Gisèle descobriu que havia sido estuprada em 19 de setembro de 2020, quando a polícia indiciou seu então marido por filmar sob as saias de três outras mulheres. Ao ser intimada a depor, a vítima foi confrontada por vídeos do computador de Dominique que registravam os estupros. Eles foram casados por 50 anos e tiveram três filhos e sete netos.
— Em 50 anos não tivemos uma vida linear, mas sempre nos mantivemos unidos. Problemas financeiros, problemas de relacionamento, problemas de saúde... Sempre apoiei meu marido. Tenho um sentimento de nojo, tínhamos tudo para sermos felizes, tudo. Não entendo como ele conseguiu chegar a isso — comentou ela no tribunal.
A francesa abriu mão do anonimato na tentativa de impedir que crimes como esse aconteçam novamente.