As lembranças do antigo armazém da família Tonietto, publicadas recentemente neste espaço, dialogam, obviamente, com a história da colonização italiana na Serra Gaúcha. Foi do interior da província de Pádova, que migrou, no início da década de 1890, o casal Virginio Tonietto e Stella Maria Bonetto, os precursores do clássico secos & molhados da Av. Rio Branco, 808, na década de 1920 – antes de o filho Luiz assumir o negócio, em 1948.
Conforme informações contidas no livro Era uma Vez, escrito pelo médico Virgilio Tonietto (filho de Luiz e neto e Virginio e Stella), Virginio Romoaldo Tonietto nasceu em 7 de abril de 1878 e chegou ao Brasil com apenas 13 anos, em 1891, na companhia do pai, Leonardo Tonietto, e dos irmãos. Trabalhou inicialmente como agricultor, ajudando a família nas lides diárias em Conceição da Linha Feijó, onde todos se estabeleceram. Foi lá também que ele casou-se com a jovem Stella Maria Bonetto, nascida em 24 de dezembro de 1882.
Curiosidade: ambos moravam muito próximos na Itália, mas só vieram a se conhecer do outro lado do oceano. Virginio residia no distrito de Abbazia Pisani, município de Villa Del Conte. Stella morava no distrito de Onara, pertencente à cidade de Tombolo, a apenas dois quilômetros dali. Virginio migrou em 1891, Stella Maria, em 1892.
A descendência
Do casamento de Virginio e Stella, ocorrido em 1899, nasceram 16 filhos: Tereza, Clorinda, Orégio, Frederico, Quintino, Aurélia, Amantino, Rosina, Aurélio, Regina, Luiz, Carolina, Joana, José, Elvira e Gema – sendo que Orégio, Quintino e José faleceram ainda durante a infância.
Conforme o autor Virgilio Tonietto, a origem do armazém tem relação com uma visita da avó, dona Stella, à cidade em 1918, para vender os produtos cultivados em Conceição da Linha Feijó.
“Ela ficou sabendo de um imóvel que estava à venda na Estrada Rio Branco, na frente de uma grande área de terras onde seria instalado um quartel do Exército Brasileiro. Era o lote urbano número 27 da quadra 142, tinha 968 metros quadrados e fazia divisa com os terrenos de Rosa Serafina Dossin, Eugênio Schiavo, Rosalimbo Cassio e João Facchin. Juntaram as economias e adquiriram o imóvel, onde instalaram uma casa de comércio e uma moradia. Foi a transição da atividade agrícola na colônia para a prestação de serviços na zona urbana. De agricultores, passaram a ser comerciantes”.
O resto dessa história, que teve continuidade com a família do filho Luiz atrás do balcão, todo mundo conhece bem. Virginio Tonietto faleceu em 28 de maio de 1948, aos 70 anos. A esposa Stella Maria morreu aos 74, em 27 de julho de 1957, época em que morava com a família da filha Elvira, na Rua Feijó Jr., 470, bairro São Pelegrino. Ambos estão sepultados no Cemitério Público Municipal de Caxias do Sul.
Para a posteridade no Studio Calegari
Na imagem que abre a matéria, a família de Virginio Tonietto e Stella Maria Bonetto Tonietto em um registro de 1931, feito no clássico estúdio de poses do fotógrafo Julio Calegari (1886-1938), na Av. Júlio de Castilhos.
Em pé, da esquerda para a direita, estão os irmãos Luiz, Regina, Clorinda, Tereza (Terezina), Aurélio, Amantino, Rosa e Frederico Tonietto. Sentados, a partir da esquerda, vemos Aurélia, Joana, Elvira, o casal Virginio Tonietto e Stella Maria Bonetto Tonietto, Gema e Carolina.
A foto integra o acervo da família e foi gentilmente cedida pelo senhor Jorge Tonietto, filho de Luiz e Dalva, e neto de Virginio e Stella Maria.
A primeira geração
O patriarca Leonardo Tonietto (pai de Virginio) faleceu em Conceição da Linha Feijó em 29 de novembro de 1910, aos 72 anos, 19 anos após sua chegada ao Brasil. Quando migrou, em 1891, já era viúvo da matriarca Giovanna Betiatto, falecida em 1880, com apenas 40 anos. Ela está enterrada no cemitério ao lado da igreja de Santa Eufêmia, na localidade de Abazzia Pisani, na Itália.
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