Repassando a trajetória dos fotógrafos que registraram Caxias do Sul ao longo do século 20, pode-se dizer que vários deles ficaram marcados pela atuação em seus bairros e distritos de origem – eternizando o cotidiano dos moradores e vizinhos, cerimônias religiosas, batismos, aniversários, jogos de várzea, etc. Caso de Sisto Muner na vila de Galópolis, Fiorentino Cavalli em Santa Lúcia do Piaí, Valério Zattera em Conceição da Linha Feijó e Clemente Tomazoni em Lourdes. Já nas cercanias do bairro Rio Branco um dos nomes mais lembrados é o de Amadeu Zinani.
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No palco do Cine Operário de Galópolis em 1947
Conforme informações contidas no livro O Instante e o Tempo – A Fotografia em Caxias do Sul (1885-1960), lançado em 2016, Amadeu Zinani nasceu em 27 de maio de 1912, na Terceira Légua de Caxias, onde atuou na ferraria da família até casar, em 1934. A união com a vizinha e amiga de infância Leonilda Lorenzoni motivou a mudança do casal para Erechim, onde o jovem de 22 anos passou a trabalhar na fábrica de esquadrias do senhor José Madalosso. O aprendizado atrás das câmeras, porém, deu-se após o reencontro com o fotógrafo itinerante Antenor Dal Bosco, também da Terceira Légua.
Munido inicialmente de uma máquina tipo caixão com fole, Zinani atuou em Erechim como fotógrafo de estúdio e itinerante por três anos. Após passagens pelo povoado de Barra do Rio Azul e por Barão de Cotegipe, onde permaneceu por 13 anos, o fotógrafo e a esposa optam por retornar a Caxias em 1950 - muito em função da educação dos filhos Orfeu, Danilo e Claire. É quando surge o estúdio situado junto à casa da família, na Av. Rio Branco, 668, no breve trecho entre as ruas Tronca e Olavo Bilac.
O ateliê
Texto reproduzido do livro O Instante e o Tempo – A Fotografia em Caxias do Sul (1885-1960) destacou o estúdio:
"O ateliê era amplo, porém singelo. Integravam a sala de poses um telão neutro, o genuflexório destinado aos ritos religiosos, cadeiras, móveis ornados com guardanapos de crochê e vasos com flores colhidas no próprio quintal. O ambiente era ajustado conforme a cerimônia: primeira comunhão, noivos, formaturas, 15 anos".
Década de 1970
O fotógrafo Amadeu Zinani atuou durante 41 anos, até por volta de 1975, sempre com a mesma câmera e com chapas de vidro. Exceto os 28 negativos doados ao Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami pelo próprio fotógrafo, os demais foram reutilizados para compor porta-retratos e vidraças de janelas.
Já aposentado, ele desfrutou do convívio da família e dos amigos, com quem gostava de tocar bandoneon e jogar quatrilho. Amadeu Zinani faleceu em 2002, aos 90 anos.
Parceria
Parte das informações desta coluna integra o perfil de Amadeu Zinani contido na publicação O Instante e o Tempo – A Fotografia em Caxias do Sul (1885-1960). O álbum foi lançado pelo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami em 2016 e traz as biografias de 25 profissionais da área. A pesquisa e os textos couberam às servidoras municipais Sônia Storchi Fries, Susana Storchi e Elenira Prux.