A final da Libertadores entre Boca Juniors e River Plate tinha tudo para ser a maior da história: colocou frente a frente dois dos clubes mais importantes do mundo se enfrentando pela primeira vez em uma final internacional. Nunca antes na competição, criada em 1960, um clássico definiu o campeão.
Entretanto, o que era pra ser um grande espetáculo tornou-se uma dor de cabeça cheia de discussões e reviravoltas para todos os envolvidos. Apesar da edição de 2018 ter sido marcada por confusões das mais diversas, a Conmebol não poderia imaginar uma decisão tão problemática quanto a atual.
Relembre as polêmicas envolvendo os finalistas:
Jogadores irregulares
Nas oitavas de final, o Santos escalou de maneira irregular o meio-campista Carlos Sánchez no empate sem gols pelo primeiro confronto com o Independiente, na Argentina. No dia do jogo de volta, a Conmebol anunciou que a punição ao clube brasileiro seria a derrota por 3 a 0 no jogo de ida. Em São Paulo, outro 0 a 0 no campo eliminou os santistas.
Só que a entidade não manteve o mesmo critério com os argentinos. O River utilizou o meia Bruno Zuculini, apesar do atleta ainda ter dois jogos de suspensão a serem cumpridos por uma expulsão em 2013. Ábila, do Boca, foi outro que atuou com jogos a cumprir por uma expulsão na final da Copa Sul-Americana de 2015. Por conta do atraso nas denúncias, as equipes não foram punidas.
Cruzeiro x Boca
No jogo de ida das quartas de final entre Boca e Cruzeiro, na Bombonera, em uma disputa de bola pelo alto, Dedé acertou, sem querer, uma cabeçada no rosto do goleiro Andrada quando o jogo estava 1 a 0 para os donos da casa. Depois de revisar o lance no VAR, o árbitro paraguaio Eber Aquino expulsou o zagueiro injustamente e os argentinos ainda marcaram mais um gol.
Antes do jogo de volta, o Cruzeiro entrou com pedido no Tribunal da Conmebol pela anulação da expulsão do zagueiro e conseguiu. Apesar disso, os mineiros não conseguiram reverter os 2 a 0 e foram eliminados após empatarem em 2 a 2.
Grêmio x River
Depois de vencer o River na Argentina por 1 a 0 pelo jogo de ida da semifinal, o Grêmio foi derrotado de virada por 2 a 1 na Arena e foi eliminado. O gol de empate foi marcado por Borré com a mão, e o VAR não sinalizou a irregularidade. Apesar disso, a maior reclamação tricolor ficou por conta da participação do técnico suspenso Marcelo Gallardo no jogo.
Mesmo impedido, o treinador foi flagrado se comunicando com seu assistente por meio de um rádio, além de ir ao vestiário no intervalo. Apesar do recurso gremista para tentar anular o resultado, a Conmebol apenas aplicou uma multa de US$ 50 mil e aumentou a pena de Gallardo para quatro jogos.
Adiamento pela chuva
A primeira partida da final entre Boca e River estava marcada para sábado, dia 10 de novembro, mas precisou ser adiada por conta da chuva que caiu sobre Buenos Aires. Representantes da Conmebol foram ao estádio para inspecionar o gramado, e o árbitro chileno Roberto Tobar e sua comissão decidiram que o campo não estava em condições de receber o jogo. As equipes entraram em campo no dia seguinte e empataram em 2 a 2.
Ataque ao ônibus do Boca
O ônibus que levava a Delegação do Boca ao Monumental de Núñez para a grande decisão foi atacado por torcedores do River Plate, que quebraram as janelas do veículo com pedras e garrafas. Pablo Pérez, capitão do Boca, lesionou a córnea com um dos estilhaços de vidro. Alguns jogadores sentiram efeitos de gás de pimenta que pode ter sido causado tanto por torcedores quanto por autoridades policiais.
Final transferida para o dia seguinte
Marcado para as 18h de sábado, 24 de novembro, o jogo foi inicialmente adiado em uma hora por conta do ataque dos torcedores ao ônibus do Boca. Pouco depois, o horário mudou para as 20h15min. Entretanto, em meio a reuniões compostas pelos presidentes dos clubes, da Conmebol e da Fifa, a partida foi oficialmente transferida para o dia seguinte.
Final adiada
Na manhã seguinte, o Boca Juniors solicitou à Conmebol a suspensão da final por considerar que sua equipe não estaria com as mesmas condições do que o rival. Pouco depois, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, afirmou que a partida seria adiada com o objetivo de "preservar a igualdade esportiva" entre as duas equipes.
Tribunal de disciplina
Ainda no domingo (25), o Boca Juniors apresentou um pedido de punição ao River para o Tribunal de Disciplina da Conmebol. Em coletiva de imprensa, o presidente do clube Daniel Angelici disse que esperava uma punição ao rival com base do artigo 18 do Regulamento Disciplinar, que impõe castigos desde a dedução de pontos até a determinação do resultado de um jogo.
Decisão longe da Argentina
Após reunião com os presidente de Boca Juniors e River Plate, a Conmebol anunciou na terça-feira (27) que a segunda partida da final seria realizada fora da Argentina. No entanto, não apontou nem local nem data exata e horário para a decisão. Além disso, definiu que o jogo seria entre 8 e 9 de dezembro e acrescentou que iria arcar com os custos de deslocamento de até 40 pessoas por delegação de cada clube.
Boca relutante
No mesmo dia em que foi anunciada a final fora do país, o presidente do Boca, Daniel Angelici, declarou que não estava nos planos do clube jogar a partida de volta contra o River Plate. O mandatário ainda afirmou que confiava em uma decisão favorável da Conmebol para declarar o clube campeão da competição e não descartou recorrer ao CAS caso a decisão da Comissão Disciplinar fosse diferente.
Decisão em Madri
Com a confirmação de que a final não seria disputada na Argentina, possíveis locais para o jogo acontecer foram oferecidos. O presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Novelletto, inclusive, ofereceu Porto Alegre como sede. A imprensa argentina noticiou que Doha, no Catar, estaria disposta a investir cerca de R$ 50 milhões para ser palco da decisão. No dia 29, a Conmebol confirmou que a final será disputada no Santiago Bernabéu, em Madri. A partida foi confirmada para domingo, 9 de dezembro, às 17h30min.
Punição ao River
No dia 29, o mesmo em que confirmou a final na Espanha, o Tribunal de Disciplina da Conmebol anunciou a rejeição do pedido do Boca para eliminar o River da competição e divulgou que a punição ao clube seria a perda de dois mandos de campo a partir de 2019 e multa de US$ 400 mil (R$ 1,543 milhão).
Insatisfação dos dois clubes
Na tarde de sexta-feira (30), o Boca emitiu um comunicado em seu site dizendo que não existia mais clima para jogar a final do torneio e que a única solução seria a eliminação do rival. Um dia depois, foi a vez do River protestar: o clube entendeu que a decisão de transferir a final para a Espanha prejudicou quem comprou ingresso e afetou a igualdade de condições, por conta da falta do mando de campo.
Viagens à Espanha
Boca Juniors e River Plate declararam insatisfação com a final em Madri, mas os dois times embarcaram para a Espanha na quarta-feira (5). O primeiro a viajar foi o Boca, que, com grande festa da torcida, saiu da Argentina nas primeiras horas do dia. Já o River embarcou no início da tarde, mas diferentemente do rival, seus torcedores não puderam acompanhar a delegação no aeroporto por questões de segurança.
Vai ter jogo (será?)
Se nada mais der errado, a decisão será no domingo (9), às 17h30min. Quem vencer leva o título, já que no jogo de ida, na Bombonera, as equipes ficaram no 2 a 2. Um novo empate leva a disputa para a prorrogação e, persistindo a igualdade, tudo será definido nos pênaltis.