Considerada uma das maiores feiras do agronegócio na América Latina, a Expodireto Cotrijal volta a abrir os portões do parque em Não-Me-Toque, no norte do Estado, na segunda-feira (6). Se no ano passado a edição foi marcada pelo recomeço após restrições da pandemia, em 2023 a exposição volta com o compromisso de superar público e negócios, mesmo com outra estiagem em campo e o crédito dificultado.
Mais de 260 mil pessoas são esperadas até o dia 10 de março — igualando, no mínimo, o número de visitantes do ano passado, quando foram 263 mil. Já em negócios, a projeção é bater os R$ 4,9 bilhões da última edição.
A expectativa otimista vem apesar do cenário de crédito caro ou até escasso na modalidade subsidiada. Desde o começo do ano, produtores enfrentam dificuldades para acessar linhas do Plano Safra por esgotamento de recursos. O tema deve estar entre as cobranças que o setor fará ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que virá ao Rio Grande do Sul para prestigiar a feira. Sua presença é aguardada no primeiro dia, quando ocorre a cerimônia oficial de abertura da Expodireto. Também estará presente o governador do Estado, Eduardo Leite.
— Foram suspensas várias linhas operadas pelo BNDES, mas estaremos aqui com o ministro, fazendo as reivindicações necessárias, e pautaremos os assuntos importantes. Não podemos travar a força produtiva brasileira — afirma o presidente da Cotrijal, Nei César Manica, mencionando que a feira se tornou “um grande palco de reinvindicações políticas” do setor.
Em 2022, quando outra estiagem abatia o agronegócio gaúcho, a ausência de representantes do governo federal na feira foi bastante criticada pelo setor. Foi a primeira vez em 22 edições que um ministro da Agricultura não esteve presente na Expodireto. O posto era ocupado pela ministra Tereza Cristina, que acabou sinalizando a liberação de recursos por meio de reunião virtual.
Este ano, além de ouvir as demandas dos produtores, a expectativa é de que o titular da pasta traga boas notícias. Não só para o combate à estiagem, mas também para a irrigação e o crédito rural.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Máquinas e Implementos Agrícolas do RS (Simers), Claudio Bier, o cenário atual deve alterar o modelo de aquisição dos equipamentos, mas não limitar os negócios na feira.
— Vamos ter a oportunidade de falar com o ministro e de pedir que tenhamos programas como o Moderfrota, o Mais Alimentos, e uma série de verbas que tínhamos antigamente para ajudar na questão do crédito. Mas, por outro lado, o mercado já absorveu essa falta. As montadoras estão operando com crédito próprio, os consórcios entraram muito forte na agricultura e há o capital privado. Crédito tem, só mais caro — diz Bier.
A estiagem, outro fator que poderia reduzir os negócios na Expodireto, também não é vista com tanto assombro pelos dirigentes. Isso porque, justamente pela sua referência nacional, a feira deve atrair compradores de outros Estados que não sofrem com a intempérie.
— A Expodireto é uma feira de nível nacional. Acredito que venha muita gente de fora para comprar as nossas máquinas, e vamos chegar, no mínimo, ao mesmo patamar do ano passado. Todo ano, as indústrias investem muito em tecnologia, e o agricultor se entusiasma com isso porque sabe que vai produzir mais em menor pedaço de chão — completa o presidente do Simers.
Maior em tamanho e presença
Se o público esperado supera o número de edições anteriores, a área por onde circularão os visitantes também será maior. O espaço que recebe a Expodireto foi ampliado em 33 hectares, totalizando 131, ou seja, pouco mais de 130 campos de futebol. A área adicional será ocupada em parte neste primeiro ano, com projeto de ampliação para as próximas edições.
Além das tradicionais máquinas robustas que ocupam grande parte do parque e das novidades em tecnologia e implementos para o campo, o local vai abrigar mais de 580 expositores nos espaços reservados para os estandes. Em 2022, foram 563.
Fora as áreas de lazer e de convivência para os visitantes aproveitarem a feira como passeio e experimentarem as iguarias das agroindústrias, como o tradicional Pavilhão da Agricultura Familiar.
— A expectativa é muito positiva. São mais de 3 mil pessoas trabalhando todos os dias nos acabamentos finais. O setor de máquinas e equipamentos traz muita tecnologia e inovação, sem falar na produção animal e vegetal. Além de todos os fóruns e seminários, alguns estreantes este ano. Será uma grande feira — projeta Manica.
Olhar internacional em destaque
Sucesso há duas edições e uma atração à parte na Expodireto, a Arena Agrodigital promete mais uma vez ser referência em inovação para o setor. Este ano, o espaço contará com uma programação global e diversificada, levando para o Interior do Rio Grande do Sul experiências que o resto do mundo está aplicando.
Na segunda-feira, a programação se inicia com painéis sobre a contribuição brasileira para o tema, destacando iniciativas já desenvolvidas no Brasil para fomentar a inovação e a tecnologia no campo. Nos dias seguintes, os ecossistemas de inovação de Israel, China, Estados Unidos e União Europeia tomam o palco da Arena para ampliar as discussões sobre irrigação, indústria 5.0, economia de carbono, ESG, entre outros assuntos.
Coordenador da Arena Agrodigital, Marcelo Schwalbert destaca que a iniciativa conecta a Expodireto ao cenário internacional do agronegócio e, além da oportunidade dos debates, proporciona o network para além da feira.
O espaço destinado à inovação ocupa mais de 1,6 mil metros quadrados de estrutura, preenchido com a presença de 26 expositores, 15 startups, além de hubs de inovação de referência, instituições financeiras e indústrias relacionadas ao setor. Também está mantida na edição deste ano a arena de drones, que foi destaque em 2022.
Na feira como um todo, a expectativa da organização é de receber delegações de mais de 60 países, incluindo importadores, expositores, autoridades estrangeiras e jornalistas.
Serviço
- Quando: de 6 a 10 de março
- Horário: das 8h às 18h
- Entrada gratuita
- Estacionamento: R$ 35 para carros e motos e acesso gratuito para ônibus e vans
- Acesso: RS 142, km 24 - Não-Me-Toque