Grande atração da Expodireto Cotrijal, as tecnologias são campeãs de público nos estandes espalhados pelo parque da feira, em Não-Me-Toque, no norte do Estado. Cada vez mais modernas e conectadas, as máquinas possantes chamam atenção pelo tamanho, enquanto novos recursos despertam curiosidade pela inovação que prometem agregar à lida no campo.
Uma plateia de olhos atentos se forma toda vez que os voos demonstrativos de drones são realizados em frente à Arena Digital da exposição. O equipamento, cada vez mais incorporado às atividades agrícolas, é a sensação da feira entre os visitantes.
Expondo drones para pulverização pela primeira vez na Expodireto, a empresa ADS, de Frederico Westphalen, trouxe para a feira dois modelos do equipamento, com capacidade de carga para 10 e 30 litros de produto. Custam R$ 130 mil e 230 mil, respectivamente. O modelo maior consegue cobrir uma área de até 15 hectares por hora, trazendo grande otimização do trabalho para o produtor.
– São equipamentos que vêm para agregar e facilitar. Não tem amassamento da cultura, que é o rastro que fica pela passagem do trator, e tem uma área de cobertura maior. Outro ponto é o momento de entrada na lavoura, com maior timing de aplicação. Depois da chuva, por exemplo, por via normal, teria de esperar o terreno secar. Com o drone, consegue ganhar tempo e aplicar – explica Mathias Mozer, consultor de negócios da ADS.
A tecnologia é considerada de fácil manuseio. Ainda assim, ao adquirir o equipamento, o produtor passa por um treinamento da empresa, que se encarrega também do cadastro dos clientes na Anac para licença de operação.
– A tecnologia não impede que o produtor mais simples consiga pilotar. Outro dia, um produtor de 65 anos nos contou que conseguiu pulverizar 290 hectares em dois dias. Gostou tanto que veio aqui e comprou um segundo drone, agora para prestar serviço – relata o diretor de TI da ADS, Matias Lazarotto, que é instrutor habilitado pela fabricante chinesa DJI para treinamento de uso de drones rurais.
Os agricultores Loreni e Sabino Bilibio, de Ronda Alta, observavam atentos às demonstrações de voo no pátio da feira. Recentemente, eles adquiram um drone para uso na propriedade. Por enquanto, estão "apenas brincando" com o artefato novo. Mas depois que dominarem a tecnologia, a ideia é apostar em novos implementos.
– É um vuco-vuco, virou sensação na vizinhança. Todo mundo vem conhecer e tirar foto – diverte-se Loreni.
"Movido pela natureza"
Na outra ponta do parque, onde se concentram as máquinas, os destaques são os lançamentos que focam no melhor desempenho do maquinário, sobretudo pelo aproveitamento inteligente dos recursos.
Apostando na sustentabilidade, a fabricante New Holland exibe na feira o primeiro trator do mundo 100% movido a gás biometano. Entre as vantagens, a tecnologia promete reduzir em até 80% as emissões de gás carbônico, em comparação com um motor a diesel.
Adquirir a tecnologia, porém, requer investimento grande. Além do trator em si, que custa em torno de R$ 900 mil, é necessária uma estrutura de biodigestor para coletar os dejetos que servirão de matéria-prima para gerar a energia, e de um purificador para "limpar" o gás que vai abastecer o equipamento.
Por isso, grandes propriedades com criação de gado de corte e leiteiro, além de granjas destinadas a suínos e avicultura são as mais viáveis para utilização do trator sustentável, pela possibilidade de destinação dos dejetos.
– É um processo sustentável e rentável. Reutiliza os dejetos, elimina a emissão de CO2 e ainda é rentável porque o que sobra pode ser utilizado no solo, como fonte de fertilização. Considerando o valor do litro do diesel hoje, chega um momento que o investimento se paga – diz Juliano Perelli, especialista de marketing de produto da New Holland.
No estande da marca, o casal de produtores Nara e Edemar Breancini, de Não-Me-Toque, admirava o trator, curioso pela tecnologia sustentável. Todos os anos, eles marcam presença na Expodireto para conferir as novidades.
– Os preços das máquinas ainda ficam muito distantes, mas a tecnologia ajuda muito a trabalhar com mais conforto. Adquirir não é todo ano, mas sempre viemos para olhar de perto o que tem de novo – diz Nara.
Irrigação conectada
Em meio a uma das mais severas estiagens na história da agricultura gaúcha, os produtos voltados à irrigação também disputam grande procura nos estandes. A novidade são os recursos associados à conectividade, com sistemas que permitem gerenciar o funcionamento das estruturas de forma remota.
Na Fockink, o destaque é um pivô de irrigação com estrutura customizável ao tamanho da propriedade e monitorado direto do celular do produtor. A estrutura pode chegar a um quilômetro de extensão linear, com capacidade para irrigar área de 350 hectares.
O monitoramento remoto permite programar as horas de trabalho do equipamento, controlar a quantidade de água que será irrigada e monitorar os dados coletados a partir de uma estação meteorológica acoplada à estrutura.
Segundo o gerente comercial de irrigação da empresa, Juan Latorre, o maior movimento no estande é de produtores que ainda não possuem lavouras irrigadas e que estão buscando entender como implantar a tecnologia para evitar novos prejuízos nas propriedades.
– A grande presença é novos irrigantes, que percebem cada vez mais a necessidade de poder dormir tranquilo – diz Latorre.