O resultado veio até abaixo do esperado – no mercado, circulavam projeções médias de 0,45% –, mas confirmou que o aumento de preços em 2024 ficará bem acima do teto da meta de inflação. O IPCA-15 de dezembro foi de 0,34%, o que levou o acumulado no ano para 4,71%. Representa forte desaceleração em relação a novembro, quando havia subido 0,62%.
A meta de inflação para o ano era de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Se a inflação no ano não passasse de 4,5%, ficaria dentro do teto. Conforme o IPCA-15, porém, excedeu esse limite em 0,21 ponto percentual.
Para lembrar, o IPCA-15 tem exatamente a mesma metodologia do IPCA "cheio", que é o indicador oficial de inflação do Brasil. Só o que muda é a data de coleta de preços, que ocorre entre meados de um mês e a metade do seguinte. Por isso, é chamada de "prévia da inflação". A do mês de dezembro "cheio" (de 1º a 31) só será conhecida em meados de janeiro.
Conforme o IBGE, que calcula os IPCAs, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco tiveram alta em dezembro. A maior variação ocorreu no grupo alimentação e bebidas (1,47%), com alta expressiva dos preços de carnes vermelhas. O que mais contribuiu para a desaceleração foi o de habitação, que teve queda de 1,32%.
A consequência
O estouro da meta da inflação vai fazer com que Gabriel Galípolo, que está no exercício da presidência do Banco Central (BC), seja obrigado a escrever uma carta de explicações. Embora 2024 ainda seja de responsabilidade de Roberto Campos Neto, ele entrou em recesso no dia 20 e não retorna.
A carta é pública, dirigida ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e deve explicar os motivos de não ter atingido a meta e informar as medidas que serão adotadas para persegui-la.