Maior em tamanho — foram adicionados 33 hectares para abrigar um número maior de expositores e atividades —, a 23ª Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, começa na próxima segunda-feira, dia 6, com foco no que a consagrou: inovação, tecnologia e negócios. O cenário deste ano traz desafios extras: uma nova estiagem impacta a safra de grãos de verão, e linhas de crédito do Plana Safra estão temporariamente suspensas. Ainda assim, os organizadores e a indústria estimam ser possível buscar o resultado de 2022, quando as vendas somaram R$ 4,9 bilhões em propostas encaminhadas.
Pelo menos dois fatores embasam esse otimismo: no evento do ano passado, o Rio Grande do Sul igualmente enfrentava uma estiagem e, mesmo assim, obteve-se esse que foi um faturamento nominal histórico. Outro ponto destacado pelo presidente da Expodireto Cotrijal, Nei César Mânica, é a presença de produtores de outras regiões do país com interesse em adquirir equipamentos na feira:
— Temos de lembrar que, no resto do Brasil, a safra será muito boa.
Presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do RS (Simers), Claudio Bier compartilha a confiança de Mânica de que seja possível igualar os resultados do ano passado. O dirigente lembra que a escassez de crédito também já foi registradas em edições anteriores. Para ele, os efeitos da estiagem para o produtor gaúcho preocupam mais do que a suspensão dos financiamentos.
— É uma feira que vem muita gente de fora, não vende só para o Rio Grande do Sul — reforça Bier sobre os negócios.
A dificuldade trazida pelo tempo também deve alimentar o aumento na procura por equipamentos de irrigação. O tema, a propósito, estará em pauta na conversa de entidades do setor com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. O titular da pasta confirmou presença na abertura, como antecipou a coluna.
Na interlocução com o representante do governo federal será apresentada a proposta para a criação do que vem sendo chamado de Fundopem da irrigação, com a concessão de benefícios fiscais para incentivar o investimento na adoção do sistema.
Mais cauteloso, Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), entende que o juro elevado e a suspensão dos recursos do Plano Safra são fatores que tendem a fazer a indústria de máquinas colocar o pé no freio em 2023. No ano passado, o faturamento com as vendas no país chegou a R$ 89,6 bilhões. A cifra representa alta de 1,7% sobre o ano anterior, que foi recorde. Outro termômetro para essa constatação foi o primeiro mês do ano, já consolidado e divulgado nesta terça-feira (28) pela Abimaq: a receita caiu 26,7%, fechando janeiro em R$ 4,48 bilhões.
— A janela de investimentos está ruim — salienta o dirigente.
No caso de produtores gaúchos, o quadro fica ainda mais complicado na avalição de Estêvão, que participará da Expodireto:
— Claro que vamos estar lá com o agricultor. Se não comprar agora, pode comprar depois.
*Colaborou Carolina Pastl