Depois de acumular três estiagens e uma cheia, o Rio Grande do Sul espera um 2025 de normalidade. O tempo é crucial para a produção agropecuária, força da crescimento gaúcho. Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul, falou sobre os prognósticos do próximo ano. Confira trechos
A projeção da Farsul para 2025 é de alta de 1,85% no PIB brasileiro e de 2,20% para o RS. O que explica a diferença?
Primeiro, a própria safra. Se for normal, puxa o PIB do RS para um crescimento um pouco maior do que o do Brasil. O PIB de ambos cresce muito parecidos, a diferença é justamente em anos de estiagem e de recuperações. Acreditamos que em 2025 possamos ter uma safra melhor do que a deste ano. A indústria, por outro lado, cresceu bem menos em 2024 do que a média do Brasil. Como é movida a grão, e vem de uma base fraca, que é 2024, acreditamos que também passe a ter um desempenho um pouco melhor em 2025. Nessa combinação de crescimento no agro, na indústria, podemos ter um resultado do RS um pouco melhor do que o do Brasil.
O endividamento dos produtores pode comprometer a capacidade produtiva?
Em três anos de estiagens, perdemos uma safra inteira. Isso é o que significa a soma dessas três frustrações. E, para plantar uma safra, é caro. Vai fertilizante, defensivo, máquina, contratação de pessoas...Quando não têm a receita suficiente para cobrir o custo, o produtor, via de regra, equilibra com uma dose maior de crédito no ano seguinte. Observamos um aumento da necessidade de financiamento com recursos de terceiros por conta dessas frustrações (de safra). Temos um montante de dívidas altas de curto prazo. E esse é o grande problema.
Com R$ 24 bilhões renegociados e mais R$ 4,5 bi por entrar, o que ainda falta resolver?
Quando pegamos todas as renegociações, temos 166 mil produtores. Só que levantamento da Emater falava em cerca de 200 mil (afetados). Se as contas estiverem corretas, temos 34 mil que não conseguiram acessar. Só que tem um número muito importante, de 38 mil produtores que fizeram renegociaçõe de recursos livres bancários, atreladas à CDI. E isso é absolutamente impagável, porque esse tipo de juro é insustentável. Não queremos esperar vencer as primeiras parcelas. Começamos desde agora a fazer um desenho de uma solução mais estruturada, porque são R$ 6 bi com 38 mil produtores por trás e juro acima de 20%.
Ouça a entrevista no programa Campo e Lavoura