Nem só de máquinas e de tecnologias vive a Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque. Oportunidade para conhecer as delícias produzidas no Interior, o Pavilhão da Agricultura Familiar é um dos pontos mais procurados pelos visitantes da feira, que vai até sexta-feira (11).
Os dias de calor escaldante no parque alavancaram as vendas de suco na banca da Agroindústria Lucca, de Crissiumal, uma das mais disputadas para matar a sede, logo na entrada do pavilhão. Abacaxi com hortelã e butiá são os sabores que mais têm saída dentre as sete opções de bebida vendidas. O copo de 300 ml custa R$ 5, e a garrafinha de 500 ml, R$ 7.
– Quarta-feira foi um estouro, tivemos que buscar produto extra. Vendemos 900 garrafinhas e 300 copos de suco. O calor, para nós, é fundamental, e com esse empurrão estamos superando as expectativas – conta Viviane Lucca, filha do proprietário do empreendimento que vende polpa congelada.
O desempenho na Expodireto tem sido um alento. A pandemia afetou 95% da operação da agroindústria por causa do fechamento de restaurantes, escolas e da suspensão das feiras.
Produtora rural de Coqueiros do Sul, Silga Chagas experimentou o suco de abacaxi com hortelã e deixou o estande elogiando a bebida. Ela levou a neta para passear na feira e fazer compras no pavilhão.
– Muito refrescante! Está aprovado – atestou.
Produto exclusivo entre as opções da feira, o queijo coalho temperado com chimichurri da agroindústria Marlac, de Caiçara, também é um dos destaques do pavilhão. Tanto que a procura esgotou o estoque, e um novo carregamento deve chegar para o último dia de feira.
Para atrair a clientela, o funcionário Daniel Prestes oferece pedaços do queijo grelhado na hora, conquistando os visitantes pelo aroma e pelo sabor. Em três dias de exposição, já comercializou em torno de 250 quilos de queijo. A banca vende queijo colonial e queijo temperado, com preços que variam de R$ 15 a R$ 30 a peça.
– Ninguém tem (esse queijo) na feira. Usamos uma mistura de 14 ervas para produzir, e o pessoal gosta muito porque normalmente só conhece o tempero (o chimichurri), não queijo com ele – diz Prestes.
A agroindústria Piquiri, de Nova Esperança do Sul, é uma das estreantes na Expodireto este ano. A experiência deu tão certo que no quarto dia de feira a banca já estava quase sem o seu principal produto, um doce de leite, de tanto que vendeu.
À frente do empreendimento, Lorenzo Iop conta que as vendas deram um salto: foram 30 unidades no primeiro dia, 70 no segundo e 300 no terceiro.
– É a nossa primeira vez na feira e pretendemos voltar. Mas, no ano que vem, vou organizar diferente e pesar no que vende mais. Trouxemos 500 unidades do doce de leite e tem só para mais um dia – diz Iop.
O sucesso do pavilhão é celebrado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul, uma das entidades que organiza o setor. Jocimar Rabaioli, assessor de Política Agrícola e Agroindústrias da Fetag, lembra que a Expodireto em 2020 foi uma das últimas feiras a ocorrer, antes de eclodir a pandemia de covid-19, e que a reabertura ao público este ano tem potencial de marcar a grande retomada das feiras agropecuárias.
– Por mais que estivéssemos otimistas, o movimento superou expectativas. Os produtores nunca venderam tanto quanto ontem (quarta-feira), que foi um dia de excursões. Acreditamos que seja a retomada das grandes feiras – avalia Rabaioli.
De passeio pela feira desde cedo, as irmãs Nair Zago e Zélia Dalla Santa saíram de Ibiaçá para passar o dia na Expodireto. Depois de bater perna pela área da Emater onde ficam expostas plantas e flores, a dupla fez uma pausa no passeio para lanchar no pavilhão. No fundo do corredor, um espaço com mesas abriga os visitantes que querem degustar as compras já no local mesmo.
– Estamos adorando. Com tanta coisa ruim acontecendo, seca, guerra, é um momento de se ter ânimo com alguma coisa – comemorou Nair.