A cada edição, a Expodireto Cotrijal apresenta resultados portentosos em volume de negócios (confira os dados detalhados abaixo), ainda que a economia sofra o impacto de algum quadro desfavorável. Em 2020, foram R$ 2,6 bilhões comercializados, com 573 expositores presentes.
Em 2022, porém, a comercialização pode trazer reflexos sobre a mais atípica das variáveis econômicas: a pandemia de covid-19, responsável pelo hiato do evento em 2021. Somada a isso, a estiagem prolongada no Rio Grande do Sul pode frear o ímpeto dos empresários rurais em novos investimentos.
O superintendente administrativo-financeiro da Cotrijal, Marcelo Schwalbert, prefere não fazer projeções sobre números, mas rejeita expectativas negativas sobre o resultado dessa edição.
"O copo meio cheio" vem vitaminado pelo preço dos grãos (especialmente soja e trigo), pelo produtor que se capitalizou na safra passada e pelos consumidores do Centro-Oeste e outras regiões não atingidas pela seca e que esperavam oportunidade para investir em equipamentos de alta tecnologia.
— Com a escassez de alguns componentes, temos a limitação de oferta de produtos em outros Estados, mas a Cotrijal é uma feira que traz muita inovação. Para se ter uma ideia, teremos uma arena de drones, uma tecnologia que no Brasil é incipiente em termos de oferta. Então, mesmo com crise e seca, o produtor virá ver — avalia.
Negócios também são fechados após a feira
Economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antonio da Luz corrobora essa visão. Ele acrescenta ainda que, em um evento com as características da Expodireto Cotrijal, a venda "é uma consequência", já que difunde inovações para o produtor, que, como gestor, deve decidir o timing do investimento.
— Há uma enorme riqueza dentro de uma feira dessas, que não se consegue medir em volume de vendas. Tem muitos negócios que vão acontecer no decorrer do anos, talvez nem mesmo nesse ano. O número (de vendas durante a feira) é um termômetro, um indicador, mas a expressividade da feira vai muito além disso — afirma.
Antonio da Luz ainda faz uma recomendação para os produtores:
— Sempre digo que não se deve fazer investimento porque as coisas estão muito bem e nem deixar de fazê-los porque as coisas vão muito mal. Tem de ser de acordo com a necessidade e viabilidade econômica.
Em números
Confira os resultados das últimas edições da Expodireto Cotrijal*:
- Em 2017, a comercialização alcançou R$ 2,6 bilhões, reuniu 573 expositores e recebeu 256 mil visitantes;
- Em 2018, a comercialização alcançou R$ 2,4 bilhões, reuniu 534 expositores e recebeu 268 mil visitantes;
- Em 2019, a comercialização alcançou R$ 2,2 bilhões, reuniu 527 expositores e recebeu 265,6 mil visitantes;
- Em 2020, a comercialização alcançou R$ 2,1 bilhões, reuniu 511 expositores e recebeu 240,6 mil visitantes.
* Fonte: Cotrijal