Apesar da estiagem que atinge o Rio Grande do Sul e traz quebra de produtividade nas lavouras, a 21ª edição da Expodireto-Cotrijal se encerrou nesta sexta-feira (6) com crescimento nos negócios. Segundo os organizadores, o faturamento em cinco dias de evento chegou a R$ 2,65 bilhões, alta de 10% em relação ao ano passado. Ao todo, 256 mil pessoas visitaram as atrações da feira agrícola em 2020, redução de 4% na comparação com 2019.
Nesta edição, o volume de financiamentos encaminhados por bancos chegou a R$ 2,25 bilhões, incremento de 46%. Já os bancos de montadoras movimentaram R$ 262 milhões, 24% de queda. Enquanto isso, o pavilhão internacional girou R$ 10 milhões, tombo de 97% na comparação com 2019.
— Temos muitos produtores capitalizados com recursos próprios, financiamentos bancários com dois anos de carência e muitos negócios de pessoas de outros Estados do Brasil — salienta Nei Manica, presidente da Cotrijal e da Expodireto.
Para Manica, o público semelhante ao do ano passado é algo a ser comemorado, diante de um cenário marcado pela estiagem no Estado e pela epidemia de coronavírus, que reduziu a vinda de algumas delegações internacionais, como a da China. Outro ponto destacado por Manica foi a estreia da Arena Agrodigital, espaço que reuniu empresas, startups e palestrantes em torno de temas ligados à inovação no campo.
Os números divulgados pela organização da Expodireto vão na contramão das projeções realizadas pelos fabricantes de máquinas, principais responsáveis pelo faturamento da feira. O Sindicato da Indústria de Máquinas e Implementos Agrícolas do RS (Simers) calcula que as vendas de máquinas e implementos caíram 13% em relação ao ano passado. Inicialmente, a expectativa do setor era igualar o volume de negócios do ano passado, quando a feira teve faturamento total de R$ 2,4 bilhões.
— O agricultor sem chuva fica desanimado - pontua Claudio Bier, presidente do Simers.
O número é semelhante ao divulgado pela Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (CSMIA/Abimaq). Em consulta realizada entre seus associados presentes na Expodireto, a entidade estima redução de 14% nas intenções de compras, em comparação com 2019. A queda é puxada pelo segmento de máquinas para grãos, com retração de 18%. Já a demanda por equipamentos para armazenagem caiu 4%. O único ramo com saldo positivo foi o de máquinas para pecuária, com crescimento de 7%.
— Temos linhas de crédito funcionando bem e o coronavírus não influenciou o desempenho, portanto o que pesou para o resultado foi a estiagem. O problema da falta de chuva está mais forte do que se imaginava – reforça Pedro Estevão Bastos, presidente da CSMIA/Abimaq.
O dirigente classifica o resultado na Expodireto como pontual. Ainda assim, Bastos ressalta que muitos negócios iniciados na feira poderão ser concluídos nos próximos meses, quando já se terá um cenário definido sobre os efeitos do clima seco na produção de grãos do Rio Grande do Sul. No cenário nacional, a Abimaq mantém a projeção inicial de crescimento de 7% em 2020.
O balanço da feira
Os resultados e a variação percentual em relação à edição passada:
- Financiamento de bancos: R$ 2,255 bilhões (+46%)
- Financiamento de bancos de montadoras: R$ 262 milhões (-24%)
- Recursos próprios: R$ 125 milhões (-47%)
- Pavilhão internacional: R$ 10 milhões (-97%)
- Agricultura familiar: R$ 1,17 milhão (+11%)
Total: R$ 2,653 bilhões (+10%)
Fonte: Expodireto