Com representantes de peso do agronegócio e de diversas forças políticas, a Expodireto Cotrijal foi oficialmente aberta nesta segunda-feira (7), em Não-Me-Toque, no norte do RS. A ausência na mesa das autoridades, porém, ficou por conta da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que havia sinalizado presença, mas não desembarcou no Rio Grande do Sul para a cerimônia.
O tom dos discursos na solenidade de largada da feira foi de cobrança, não só por medidas permanentes de contenção à estiagem, mas também pela presença da ministra e do presidente Jair Bolsonaro. A expectativa é de que a passagem da comitiva do governo federal fique para sexta-feira (11), último dia da exposição. Caso não ocorra, será a primeira vez em 22 edições da Expodireto que um titular da pasta Agricultura não marca presença no parque.
— Que este ato aqui repercuta lá em Brasília, para que a ministra e o presidente venham — cobrou o presidente da Cotrijal, Nei Manica.
Ao dar as boas-vindas ao público, Manica destacou a importância da Expodireto enquanto referência na exibição de tecnologia e inovações para o campo. Depois de um 2021 sem edição presencial por causa da pandemia de covid-19, a feira voltou ao formato tradicional neste ano, com a expectativa de bons negócios, apesar do forte impacto na estiagem.
— É um orgulho podermos estar aqui. Com todas as adversidades do clima, da questão cambial e da inflação, o agronegócio não parou e não vai parar nunca porque é o propulsor da nossa economia. A feira traz inovação e oportunidades, e as empresas vieram preparadas para apresentar o que de mais novo existe no mundo da tecnologia — afirmou o presidente da Cotrijal.
A preocupação com os efeitos da estiagem e a cobrança por medidas efetivas aos produtores, que demoram a acontecer, foram unânimes entre os discursos das lideranças.
O governador em exercício, Ranolfo Vieira Junior, fez um reconhecimento especial à Assembleia Legislativa pelo esforço em levar adiante as demandas dos produtores gaúchos na esfera estadual, e mencionou as ações do governo estadual por meio do programa Avançar, que conta com liberação de R$ 275,9 milhões para a agricultura. Mas reforçou o coro de que é necessário ir além:
— A estiagem é uma realidade cada vez mais presente e grave. Temos que ter ações estruturantes, essa é a palavra-chave. Temos que ter um olhar só, de todas as frentes, para buscar soluções.
Valdeci Oliveira, presidente da Assembleia, também destacou o empenho da comitiva gaúcha indo a Brasília para pedir que o Rio Grande do Sul seja atendido por políticas permanentes. E elevou o tom ao reafirmar a necessidade de ações concretas por parte do governo federal, argumentando que a agricultura é fundamental para garantir renda, emprego e segurança alimentar.
Representando a Câmara, o deputado federal Pedro Westphalen (PP), disse que a presença na feira será importante para retomar o contato direto com o primeiro setor:
— Vamos ficar a semana toda aqui escutando para levar adiante as demandas.
O empenho da classe política em concentrar as demandas dos agricultores também foi endossado por Luis Carlos Heinze, representando o Senado. O senador lembrou que uma parte da ajuda federal já foi anunciada, via recursos do Pronaf, mas reconheceu que "falta muito mais". Segundo Heinze, há movimentos sendo feitos no sentido de ajustar a legislação federal para destravar o uso de água de açudes, de poços e de grandes barragens, como forma de resolver futuros problemas de estiagem.
Além da representação do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, também estavam presentes entidades diretamente ligadas ao agro, como Farsul, Fecoagro e Fetag, entre outras.