A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A adesão aos consórcios no segmento de máquinas agrícolas e implementos deu um salto expressivo nos últimos cinco anos. Segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), o crescimento foi de 326,5% na comparação entre os primeiros cinco meses de 2018 a 2022.
Eram 7,47 mil cotas no período de janeiro a maio de 2018, passando para 31,86 mil no mesmo período em 2022.
O maior volume acumulado de consorciados contemplados neste período esteve na região Sul, com fatia de 37%, muito pelo seu polo representativo dentro do agro e também pela grande concentração de administradoras de consórcios. A região é a segunda maior no registro de adesões (25,1%) no país, atrás apenas do Sudeste (39,1%).
Um dos motivos que explicam o crescimento da modalidade é o juro alto no país, com a Selic em 13,25% ao ano. Outro, é que os consórcios costumam praticar baixas taxas mensais de administração. Além disso, a modalidade aceita pagamentos variados, em parcelas que podem ser pagas por safras anuais ou antecipadas.
Jocimar Martins, presidente da ABAC para a regional Sul I, que abrange Rio Grande do Sul e Santa Catarina, pontua que o crescimento não é de hoje e tem a ver com o panejamento dos produtores, algo que é inerente ao agronegócio.
— Também não é algo passageiro. Temos no agro a oportunidade de renovar frotas, do pequeno ao grande produtor — acrescenta Martins.
Na avaliação de Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), o consórcio é uma ferramenta que veio para ajudar o setor.
— É um mercado que está crescendo muito nos últimos anos porque o produtor vai fazendo uma poupança forçada e quando tem a necessidade de comprar, dá um pequeno lance e já consegue adquirir uma boa máquina — observa Bier.
Conforme levantou a ABAC, os créditos praticados pelos consórcios têm 0,147% como taxa mensal média de administração e 88 meses de prazo médio de duração dos grupos. Os índices de correção mais utilizados nos contratos são a tabela do fabricante e o IPCA. O valor médio do crédito praticado no consórcio de máquinas agrícolas e implementos é de R$ 291 mil.
— O produtor viu no consórcio uma oportunidade. São alternativas para não ficar dependendo do Moderfrota (linha de financiamento para aquisição de máquinas vinculada ao Plano Safra) e outros créditos oficiais do governo — completa Bier.
Além disso, segundo o dirigente da ABAC, outro motivo que atrai participantes é o fato de que não há reajustes retroativos dentro do consórcio, sendo isso uma tranquilidade para o produtor e um grande diferencial da modalidade.
A pesquisa ainda mostra que 66,7% dos contemplados em consórcio de máquinas optaram por equipamentos novos e 33,3% pelos seminovos. Os bens mais escolhidos nos últimos anos foram tratores (87,7%), colheitadeiras (8%) e semeadoras e preparadoras (0,7%).
O uso dos créditos também tem crescido para imóveis, como construção de galpões, silos e outras instalações nas propriedades. Há ainda os produtores que estão apostando no consórcio para tecnologia, investindo em drones, geração de energia e serviços de informatização.