Falar de sexo, infelizmente, ainda é visto como tabu em muitos lugares, ainda mais quando envolve o público feminino. E se você tiver mais de 50 anos, então, nem se fala. Isso porque tem quem acredite que não existe desejo sexual a partir dessa idade - o que sabemos que não é verdade. Esse tipo de pensamento acaba impedindo debates que abririam caminhos para que mais mulheres se relacionassem melhor com a sua sexualidade.
Com isso, selecionamos quatro famosas com mais de 50 anos que falaram abertamente sobre o assunto recentemente e confirmam que é possível sentir prazer em todas as idades. Confira:
Xuxa
Em entrevista à revista Marie Claire, publicada no mês passado, a apresentadora Xuxa abriu o jogo sobre detalhes da sua vida íntima. Na conversa, afirmou que encontrou a liberdade sexual aos 50 anos com o atual "namorido", como ela costuma chamar, o ator Junno Andrade. E mais: ela credita o aumento da libido à alimentação vegana e ao tratamento para menopausa.
— Quando entrei na menopausa, comecei a usar um creme nas pernas à base de testosterona, hormônio que sempre me faltou. Tanto que tinha uma voz mais fina, pouco cabelo, unha frágil... Agora estou bombando — contou ela. — Ouço jovens dizendo que transam duas vezes por mês. Se isso acontece aqui em casa, tenho de botar a mão na cabeça dele e na minha para ver se estamos doentes. Não é só sexo, a gente namora, um olha para o outro e diz "te amo", beija muito.
Claudia Raia
Aos 54 anos, a atriz Claudia Raia se abriu sobre a sua vida íntima no período de distanciamento social durante participação no programa Saia Justa, do canal GNT, em julho do ano passado. Ao falarem sobre sexo durante a quarentena, bem-humorada, Claudia afirmou:
— Aqui em casa está movimentado, o negócio está bombando. Uma hora pinta a raiz do cabelo, é um pinta que pinta, viu (risos) — brincou ela, que é casada com o ator, bailarino e apresentador Jarbas Homem de Mello. — Aqui o negócio é musical: sobe escada, desce escada, vira de frente, canta e dança. Está sendo animado, tudo é coreografado.
Em suas entrevistas, Claudia costuma dizer que está no seu auge criativo. Em meio à já agitada vida de artista, ela criou um projeto para incentivar outras mulheres a se libertarem de estereótipos que as afastam de buscar novos sonhos depois de chegarem aos 50 anos. Em entrevista exclusiva à Donna em 2019, ela refletiu sobre o assunto.
— A ideia ageless vem para mostrar que a mulher tem seu espaço, seus desejos, seus anseios, em qualquer idade. As pessoas acham que mulher existe até os 30 anos ou depois, quando está com 90 anos, como Fernanda Montenegro. Parece que aquelas que estão nesse intervalo entram em um buraco negro. E não é assim, amor. Estou no meu auge criativo, pessoal e profissional. Tenho as rédeas da minha vida na mão. Estou produzindo, atuando no palco, desenvolvendo mil projetos. Feliz no amor. Feliz no trabalho. Muito realizada. E é sobre isso que quero falar — disse ela. — Não aguento que me digam que já realizei tudo e agora já posso descansar. Amor, é tanta coisa para fazer ainda. Brinco também que estou começando o segundo ato da minha vida agora. E que podem se preparar que será algo grandioso (risos).
No ano passado, em participação no canal do Youtube da apresentadora Sabrina Sato, a artista também afirmou que o sexo fica melhor com a idade. Um dos motivos é o fato de a mulher se sentir mais segura e confiante para pedir o que deseja ao parceiro. Segundo a atriz, isso aumenta a cumplicidade a dois e torna a relação ainda mais excitante.
Susana Vieira
Em 2016, em entrevista à Donna, a atriz Susana Vieira, então com 74 anos, falou sobre a importância de seus papéis na TV mostrarem que a mulher tem vida ativa, incluindo a amorosa, depois dos 70.
— Mantenho ainda essa chama de mulher acesa. Não sou vovó. Tenho dois netos, mas não sou a vovó. Não sou uma senhora, mas não sou mesmo. Pode me chamar do que quiser, mas não sou uma senhora. Sou uma atriz, uma mulher independente, que não depende de ninguém a não ser do trabalho e do emprego, e faço o que quero respeitando todas as leis do país, ou seja, pagando os impostos, sempre pelo lado direito, não atravessando o sinal — disse ela.
Na conversa, ainda afirmou que o desejo sexual "só termina com a morte".
— O desejo de ser feliz, o desejo sexual, de fazer alguma coisa importante, só terminam com a morte. Depende de você deixar morrer ou não. Tenho uma genética muito boa, porque sou uma pessoa muito conservada. Mas, além disso, me preocupo muitíssimo com meu corpo e minha saúde — garantiu. — Não existe nenhuma lei que diga que depois que você é avó, vai tomar conta dos seus netos. Ou que depois que você passa a ser avó, se você não tem um marido, vai morrer sozinha. Na minha vida, quem manda sou eu e não estou fazendo nada de errado. Apenas quero continuar viva, feliz e saudável. E para ser saudável, você tem de estar com todas as antenas de sentimentos bons em volta de você. Isso inclui a vida afetiva e a vida sexual.
Mônica Martelli
Em participação no quadro "Cada Um No Seu Banheiro", também no canal do Youtube da apresentadora Sabrina Sato, a atriz e humorista Mônica Martelli, de 52 anos, revelou que já propôs fetiches seus para o atual namorado.
— A mulher tem muita vergonha de falar as fantasias para o parceiro, porque como a gente é sempre muito julgada, a mulher que fala de prazer, que fala de sacanagem... Lá no fundinho, a gente, que foi criada dentro desse padrão, todas nós, mulheres brasileiras, nessa estrutura machista, a gente carrega isso um pouquinho. Mas eu acho que é uma libertação a gente poder trazer os nossos parceiros para os nossos fetiches, dividir com eles fantasias. Por exemplo, vibrador feminino, é uma coisa que eu amo. Eu amo sozinha, junto com o namorado, amo para tudo — contou ela.
Por fim, a atriz também refletiu sobre como os melhores momentos de sua vida aconteceram quando ela menos esperava.
— Meu reconhecimento profissional veio aos 37 anos, eu engravidei aos 40 anos e, aos 50 anos, achei o grande amor da minha vida — disse ela. — É legal lembrar que a gente tem que ter outros planos para a vida. Quando a gente planeja uma coisa, a gente tem expectativa demais. (...) Com a chegada da menopausa, existe um preconceito muito grande de uma sociedade que endeusa a juventude. E você entrar na menopausa significa ladeira abaixo. Então a gente está aí para provar que a gente pode fazer muitas coisas aos 50 anos.