Quando falamos em prazer feminino, é impossível não citarmos o protagonista: o clitóris. Conversamos com a ginecologista e sexóloga Sandra Scalco para listar 10 fatos que todo mundo deveria saber sobre o órgão mais sensível do corpo das mulheres.
A maioria atinge o orgasmo por causa dele
O clitóris é o órgão que mais traz prazer para a mulher por ser o mais sensível, mais bem capacitado e habilitado para isso, garante a médica.
— Se sabe, por vários estudos, que a grande maioria das mulheres tem orgasmo por estímulo no clitóris. Se estima que mais da metade tem orgasmo com estímulo nessa região. Uma porcentagem, de 20% a 30%, tem orgasmo com estímulo clitoridiano e vaginal. E uma minoria, em torno de 5%, só com estímulo vaginal — afirma.
Então, de fato, há um predomínio de mulheres que se estimulam, tanto para ficar excitada quanto para ter o orgasmo, através dele.
— Eu costumo dizer que o clitóris está para a mulher assim como o pênis está para o homem — compara Sandra.
Mas não é o único
Isso não significa, é claro, que não existem outras maneiras de se "chegar lá". Sandra ressalta também a importância do desejo, da fantasia e da concentração como componentes das relações.
Um cuidado extra com a penetração: como dito anteriormente, existe, sim, uma parcela de mulheres que chega ao orgasmo nesta fase, mas ela não precisa ser o foco.
— Temos que ter um certo cuidado de não valorizar tanto a penetração, e contextualizar que o sexo é um todo. Várias possibilidades circundam a cena sexual para além da penetração. Quando se dá um foco muito grande para essa fase, parece que é em detrimento do restante, enquanto que em outras práticas, como as preliminares, o casal tem várias formas de se estimular — explica Sandra.
Não existe manual
Cada mulher, assim como cada ser humano, tem sua individualidade. Por isso, cada uma vai ter um trajeto, um jeito e um roteiro sexual de sua preferência. Não existem "regras" a serem seguidas que vão garantir o orgasmo. Por isso, a importância do autoconhecimento feminino – só sabendo do que gostam elas vão poder comunicar ao outro e chegar a bons resultados juntos.
A resposta sexual das mulheres é mais lenta
Já entendemos a importância de estimular o clitóris para o prazer da mulher, certo? Mas é também fundamental frisar que as mulheres têm uma resposta sexual mais lenta que a dos homens, e, por isso, precisam ser estimuladas nesta região por cerca de 15 a 20 minutos para entrarem em um nível razoável de excitação que equivaleria à ereção de um homem, explica a médica.
É bem maior do que parece
A glande, que normalmente é reconhecida como se fosse a totalidade do clitóris, na verdade representa só a pontinha do iceberg. Além da parte externa que surge na fusão dos pequenos lábios, o clitóris é muito maior e pode atingir, em média, 10 centímetros, porque se estende por baixo dos pequenos lábios.
— Tem um curta francês premiado, Le Clitoris, que mostra essa imagem do clitóris — indica a médica.
Confira:
Dobra de tamanho quando excitado
Durante a excitação, o clitóris tem o equivalente a uma ereção, praticamente dobrando de tamanho. Quando a mulher tem o orgasmo, ele diminui novamente e se retrai.
Não é igual em todas as mulheres
Assim como qualquer parte anatômica, ele também não é padrão no corpo de todas as mulheres.
Tem apenas uma função: dar prazer
De acordo com a médica, estima-se que as terminações nervosas talvez cheguem a oito mil na glande do clitóris. É o órgão mais inervado do corpo de uma mulher. E é feito especialmente para dar prazer – diferente do pênis, que acumula outras funções.
Autoconhecimento é tudo
Se conhecer, saber o tempo e a forma que esse clitóris tem que ser estimulado sem a interdependência do parceiro, faz com que a mulher amplie as possibilidades e possa conversar sobre o que gosta.
Por mais que não tenha sido a realidade de muitas mulheres, Sandra explica que é mais fácil uma mulher primeiro aprender a ter orgasmo sozinha, se masturbando, para depois ter um orgasmo a dois, em uma relação.
— Está bem documentado em artigos que, em geral, as mulheres que sabem gozar, que aprendem a ter orgasmo ainda na adolescência, entre os 15 e 20 anos, nas suas primeiras tentativas de masturbação, demoram em média cinco anos para conseguir ter orgasmo em uma relação — relata a médica.
Um erro de muitas mulheres é colocar a responsabilidade de seu orgasmo no outro, quando cada pessoa deve saber do seu próprio potencial. De acordo com a médica, no grupo de mulheres que afirmam ter orgasmo sempre que fazem sexo, a grande maioria se masturba. Assim como muitas das mulheres que nunca chegaram ao orgasmo não têm o costume de se tocar.
— Tem aí um componente interessante, um sinalizador com relação à prática da masturbação, que é um autoconhecimento, uma naturalidade com o próprio corpo, um saber se olhar, se conhecer, como gosta, e poder traduzir isso na cena sexual para o seu parceiro — aponta Sandra.
Ponto G?
O ponto G foi descrito pela primeira vez por Ernst Gräfenberg, no início dos anos 1900, e ganhou popularidade de novo com Beverly Whipple, na década de 1980, quando se difundiu a ideia.
Entretanto, os últimos estudos chegam a questionar a existência do ponto G, que seria um ponto na parede anterior da vagina, mais ou menos no terço médio, que equivaleria a um estímulo indireto, como se fosse por trás do corpo do clitóris.
— Eu acho que o que está por trás de falar ou não do ponto G, é falar sobre sexualidade, trazer à tona as questões anatômicas — opina Sandra.
*Produção: Luísa Tessuto