O uso de lubrificantes íntimos virou pauta nas redes sociais no início deste ano. O motivo? Um vídeo compartilhado pela atriz Carla Diaz em seu Instagram, no qual o produto aparece sem querer na mesa de cabeceira da artista, que aproveitava as férias com o namorado, Felipe Becari, em um hotel de Gramado, na Serra. A repercussão foi tão grande que a ex-BBB foi parar até nas manchetes internacionais: o jornal norte-americano New York Post e o britânico The Sun noticiaram o episódio.
Apesar de Carla ter levado os comentários dos internautas na brincadeira (e até aproveitado o momento para estampar publicidades de marcas que vendem o produto), a situação serviu para escancarar preconceitos que muitos ainda cultivam sobre a questão. Por exemplo, nos comentários das redes sociais, teve gente afirmando que Carla só pode ter praticado sexo anal ou ainda presumindo que a atriz sofre com problemas de lubrificação por fazer uso do item.
— As pessoas acham que o uso de lubrificante se restringe a sexo anal porque é de senso comum que o ânus não tem lubrificação própria. As pessoas associam porque é o tipo de prática sexual que não tem como fazer sem lubrificante. Mas é um item indispensável na hora do sexo — diz Andressa Schütz Gigante, sócia-fundadora da sexshop Vulvas Autônomas.
Os benefícios do lubrificante vão muito além de facilitar o sexo anal ou resolver uma disfunção sexual. Além de Andressa, consultamos também a ginecologista e sexóloga Michelli Osanai para esclarecer dúvidas sobre o produto, que conta com propriedades umectantes próprias para a região genital. Tanto a dois quanto sozinha, o item pode aumentar o prazer, o conforto e a saúde íntima durante o sexo. Confira:
Prazer e conforto
O primeiro benefício já deveria ser suficiente para comprovar a importância dos lubrificantes: os produtos deixam o sexo mais prazeroso. Afinal, quanto mais lubrificada você estiver, mesmo que artificialmente, maior será o prazer no toque e na penetração, melhor é a resposta de excitação sexual e mais fácil é atingir o orgasmo, lista a sexóloga.
— Estar lubrificada na penetração é fundamental para a satisfação sexual — pontua.
Alterações hormonais em determinados períodos da vida, como durante a amamentação e após a menopausa, podem causar afinamento e ressecamento da mucosa vaginal, dificultando a produção de lubrificação natural da mulher durante o sexo. Alguns medicamentos também podem produzir o mesmo efeito. Nestes casos, o lubrificante atua reduzindo o atrito e, assim, diminuindo o desconforto na penetração.
— O lubrificante devolve qualidade de vida sexual para quem está passando por situações de menos lubrificação, como durante o tratamento de vaginismo e dispareunia. Transar com pouca lubrificação é muito desconfortável, todo mundo sabe — reforça Andressa. —Recomendamos ainda o uso (de lubrificante) com vibradores para tornar o momento mais confortável.
Mais tempo de relação
Se a ideia é fazer sexo por mais tempo com prazer, o lubrificante está aí para ajudar, evitando o ressecamento e microlesões que o atrito prolongado pode causar. Sem pressa e com mais satisfação!
Saúde íntima em dia
Os lubrificantes também contribuem para a saúde íntima. Por diminuírem o atrito, o ressecamento e as microlesões, podem proteger contra cistites e vaginites, diz a médica. Combinados com camisinha, também funcionam como uma proteção adicional contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), uma vez que diminuem a probabilidade de fissuras no canal vaginal. Além disso, alguns ainda contam com propriedades hidratantes e protetoras.
Quais são os mais indicados?
Os lubrificantes íntimos mais recomendados são os feitos a base de água, por serem menos alergênicos e não danificarem preservativos. As especialistas ressaltam que hoje existe uma grande variedade do produto - alguns esquentam, esfriam, trazem sensação de formigamento e até sabor para uso no sexo oral.
— É uma maneira de trazer algo a mais para a relação — afirma Andressa. — Também temos lubrificantes especiais para quem tem alergia. Por exemplo, sem propileno glicol, uma substância que causa alergia em algumas pessoas e é muito comum em lubrificantes de farmácia. Também temos lubrificantes específicos para mulheres no período pós-parto e na menopausa, que auxiliam na lubrificação natural da região.
No entanto, fique atenta: a mucosa genital é sensível e suscetível a alergias quando exposta a irritações causadas por produtos de baixa qualidade. Por isso, é importante ter cuidado na hora de escolher o produto, reforçam as especialistas.
— Os lubrificantes feitos a base de silicone, vaselina, óleo e produtos derivados de petróleo não são recomendados. Jamais usar saliva, sabonete, cremes corporais, xampu ou condicionador. Além de não terem efeito lubrificante esperado, podem ser irritantes para as mucosas — lembra a médica.
Óleo de coco pode ser usado como lubrificante?
Sim. O óleo de coco tem a vantagem de ser natural, sem irritantes químicos, é mais barato, acessível e não apresenta contraindicações, afirma a ginecologista.
O óleo de coco extravirgem é o mais indicado, pois conserva as propriedades naturais. Outra vantagem é que pode ser usado na água, como no banho, por exemplo. Nestes casos, os lubrificantes a base de água se dissolvem e perdem o efeito.
O óleo de coco também pode trazer outros benefícios para a saúde íntima feminina, pois contém ácido caprílico e ácido láurico, com propriedades bactericidas, antifúngicas e calmantes. Além disso, hidrata, equilibra o pH e diminui a ocorrência de candidíase e vaginites. Pode, inclusive, ser aplicado diariamente após o banho, recomenda a médica.
Fique ligada
Os preservativos são feitos de látex, que pode ser danificado pelos lubrificantes a base de óleo, seja o óleo natural, como óleo de coco, ou industrializado, aumentando as chances de rompimento. As camisinhas sem látex feitas com poli-isopreno também são sensíveis aos lubrificantes a base de óleo. Ou seja: ao usar camisinha, o correto é fazer uso de lubrificantes a base de água.
*Colaborou Luísa Tessuto