Está sentindo muita coceira na vagina e notando um corrimento diferente na calcinha? Pode ser candidíase, infecção vaginal e vulvar causada por fungos que ocorre quando há um desequilíbrio na flora vaginal, explica a ginecologista e obstetra Bárbara Schneider Eisele.
Durante a pandemia, houve um aumento nos relatos de mulheres com este problema. A também ginecologista Rafaela Colle Donato afirma que isso pode ter relação com o estresse.
— Esses fungos, que habitualmente existem na flora vaginal, estão em equilíbrio com outros microrganismos e não causam sintomas sempre. Quando ocorre um desequilíbrio nessa flora é que os sintomas aparecem. E as alterações de imunidade são uma das causas disso. Por isso, quando estamos passando por um período de grande estresse, a candidíase tende a aparecer — afirma.
Como o confinamento muda as rotinas de alimentação, atividade física, sono e bem-estar, tudo isso pode alterar o equilíbrio corporal e promover a proliferação do fungo, que se reproduz com bastante facilidade na região genital da mulher.
Como evitar?
Antes de tudo, é preciso saber que há alguns fatores predisponentes que aumentam as chances de você desenvolver a doença, como:
- Gravidez;
- Diabetes - altos níveis de glicose diminuem a defesa e aumentam a aderência do fungo;
- Uso de hormônios e anticoncepcionais - causam alteração da imunidade vaginal;
- Antibióticos - alteram a flora vaginal;
- Espermicidas - causam desequilibro da flora vaginal;
- Uso de diafragma ou de DIU;
- Imunossupressão - causa diminuição da resposta imunológica.
E, sim: até mesmo o tipo de roupa que usamos pode influenciar.
A médica Rafaela dá a dica: dormir sem calcinha, dar preferência a roupas íntimas de renda ou algodão e fazer a higiene sempre após as relações sexuais também ajudam a evitar a infecção.
E Bárbara ressalta: apesar de não ser uma DST, a candidíase também pode ser transmitida pelo sexo. Por isso, é sempre importante o uso de preservativo.
Por fim, o aumento de estrogênio no corpo, que acontece por diversos fatores, também pode desencadear o fungo. Já o consumo de doces e carboidratos em excesso pode alterar o pH da vagina, tornando o local mais propenso para proliferação dos fungos, afirma a médica.
Quais são os sintomas?
O principal sintoma - e o que mais incomoda as mulheres - é a coceira, que pode ser intensa e vir junto de inchaço. Além disso, pode ocorrer um corrimento grumoso (que parece leite talhado).
Outros indícios são dor para fazer xixi - o que pode confundir o diagnóstico com infecção urinária -, dor e irritação vaginal na relação sexual, além de pequenas rachaduras e vermelhidão na parte externa da vagina, explicam as médicas.
Como tratar?
O tratamento é feito com uso de antifúngicos, que pode ser tanto via oral ou com cremes vaginais.
E quando não passa?
Aproximadamente 75% das mulheres terão pelo menos um episódio de candidíase na vida - e 5% delas terão infecção de repetição, explica Rafaela. São essas que tendem a ter a sensação de que os sintomas nunca passam. Para a médica, é importante determinar os fatores de risco que a mulher apresenta para tentar evitar a recorrência.
— Uma dica bem importante é evitar iniciar o tratamento por conta. Nem sempre é candidíase ou só candidíase. Algumas mulheres sofrem de ressecamento vaginal, que pode mimetizar os sintomas — pontua.
Bárbara acrescenta que é preciso paciência para descobrir os motivos dos quadros de repetição e a solução para que este pare.
— É necessário que se investigue toda a vida da mulher: hábitos como alimentação e rotina de exercícios, higiene, vestimentas, uso de anticoncepcional, DIU, diabetes, uso de antibióticos e espermicidas. O tratamento nesses casos é mais prolongado — diz ela.
As médicas também afirmam que o uso de lactobacilos para melhorar a flora vaginal pode diminuir a recorrência da doença e melhorar o desempenho dos tratamentos.