Se autoconhecimento é fundamental na vida, imagina quando se trata do nosso próprio corpo? Por isso, o tópico da vez é talvez o órgão feminino mais cercado de dúvidas - e de mulheres de todas as idades, viu?
Reunimos aqui as principais curiosidades sobre ela, a vagina, que você confere abaixo. Espia só:
1. Tamanho não é documento (mesmo!)
Não são poucas as mulheres que se perguntam se a sua vulva é grande ou pequena demais. Pois o tamanho médio da vagina é mais ou menos o mesmo de um tablete de chocolate Prestígio - ou seja, com cerca de 8 centímetros, compreendidos entre a vulva e o colo do útero. Quando a mulher está excitada, ela consegue quase que dobrar de tamanho, e atinge medidas entre 10 e 15 centímetros. Quer mais? A elasticidade do órgão é ainda mais visível no parto, quando a vagina pode ter seu diâmetro aumentado ainda mais para o bebê nascer. E nem precisamos dizer que ela se adapta aos diferentes tamanhos de pênis, não é?
— A vagina é um órgão muito elástico. Durante períodos em que a produção de hormônios é menor, como a menopausa, ela pode diminuir um pouco de tamanho inclusive — explica o ginecologista José Geraldo Ramos, professor de Obstetrícia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
2. Modo viúva-negra
As aranhas viúva-negra receberam o apelido por uma mera injustiça: a de que prendem e devoram os machos depois da cópula. Mas, segundo especialistas, isso não passa de um mito, pois elas não os matam. O que acontece é que o macho fica preso a teia ou, às vezes, têm os órgãos dilacerados durante o ato e acaba morrendo naturalmente (o que acontece depois é da conta delas!). Do mesmo modo, há quem diga que a mulher poderia desenvolver a técnica de prender o pênis do homem no canal vaginal – para o desespero deles. A façanha ficou conhecida como pênis captivus, mas para o ginecologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Paulo Naud, a prática é quase impossível.
– Isto é mais um mito. A vagina é uma mucosa e para a mulher ser capaz de prender um pênis, teria que ter um controle absurdo dos músculos da região da pélvis. Teoricamente, até seria possível, mas, na prática, isto não acontece – esclarece o ginecologista Paulo Naud.
3. Pompoarismo: contrair e relaxar, contrair e relaxar
Exercitar a vagina é possível (e necessário)! Para quem não conhece, o pompoarismo é o exercício do chamado assoalho vaginal, uma complexa estrutura muscular que fica em torno da pélvis feminina. A técnica, que foi criada na Índia e aperfeiçoada na Tailândia, origina-se do yoga tântrico – uma filosofia comportamental que busca o desenvolvimento do ser humano nos aspectos físico, mental e espiritual.
Para praticar o pompoarismo, é preciso exercitar os músculos que ficam próximos do órgão feminino. O professor da UFRGS Paulo Naud, explica que a mulher tem o poder de contrair e relaxar essa musculatura. É tudo uma questão de exercitar.
A técnica possui benefícios físicos comprovados, que vão desde a prevenção de doenças (como cólicas e incontinência urinária) até a proteção contra a flacidez vaginal. Além disso, o pompoarismo dá uma forcinha na hora do sexo. Exercer o controle sobre o canal vaginal aumenta a libido da mulher e o prazer do homem na hora da penetração.
4. Cai ou não cai?
Você já ouviu daquela tia uma história sobre a vagina que "caiu"? Surreal! Calma, isso não é verdade, a vagina não cai. O que acontece é a chamada bexiga ou útero caído, o nome popular e impreciso para designar o prolapso genital. Isto acontece quando os músculos do assoalho pélvico (a musculatura que fica em torno da vagina), ficam mais frágeis, causando a perda da sustentação dos dois órgãos, que podem ceder até a região da abertura da vagina.
– Estes órgãos, que repousam na parte superior da pélvis, na região do abdômen, podem fazer pressão sobre a vagina quando os músculos do assoalho pélvico estão enfraquecidos. Inclusive, podem acabar caindo na abertura da entrada da vagina – explica o ginecologista Paulo Naud.
Segundo o médico, a abertura da vagina - uma espécie de fenda - é uma fragilidade para os órgãos da região do abdômen, o que não acontece com os homens que têm o membro exposto. Casos de prolapso genital acontecem em gravidezes sucessivas, envelhecimento, além de obesidade e certas doenças musculares. Para tratar o problema, é necessário cirurgia para recolocar os órgãos na posição adequada e reforço da musculatura. A dica é: pompoarismo pode ajudar a prevenir o problema, pois reforça a musculatura!
5. O botão mágico
Sabia que as mulheres tem um órgão com o exclusivo intuito de proporcionar prazer? Trata-se do clitóris, que funciona basicamente como o pênis: quando a mulher está excitada, o fluxo sanguíneo faz com que ele aumente e "cresça", tornando-se mais rígido e protuberante - quase como uma ereção, sabe? Para fins de comparação, o clitóris tem 8 mil terminações nervosas, enquanto a glande do pênis soma cerca de 4 mil.
— Mas a vagina em si quase não tem terminações nervosas. Ela é um dos tecidos mais resistentes do corpo, o que faz com que a dor no parto seja minimizada — afirma o médico José Geraldo Ramos.
7. Lisinha ou não?
Ok, agora a gente sabe que os pelos tem mil e uma funções, mas ainda assim muitas mulheres optam pela depilação - e, em muitos casos, completa. A questão, claro, divide os especialistas.
Segundo o ginecologista Elson Almeida, do Hapvida Saúde, os pelos servem como uma defesa para o organismo e a depilação íntima completa deixa esta região mais exposta ao ambiente externo, aumentando a possibilidade de contaminações.
— Com a retirada dos pelos, bactérias têm acesso livre para região interior da pele, podendo ocasionar inflamação ou infecção, que precisará de acompanhamento médico. O atrito direto com a calcinha e absorventes são outros fatores que aumentam a umidificação do local, responsáveis pela proliferação de bactérias —, explica.
Mas, para o professor de Obstetrícia José Geraldo Ramos, a tão adorada brazilian wax está liberada.
— Não tem problema nenhum optar pela retirada total dos pelos. Vai da preferência de cada mulher.
8. Sabonete íntimo? Que nada, ela é autolimpante!
Sabe aquele corrimento inodoro e esbranquiçado que, muitas vezes, te causa um certo incômodo no dia a dia? Calma, ele tem uma função - e bem nobre! A secreção é responsável por eliminar bactérias, toxinas e células mortas, o que faz a vagina ser considerada "autolimpante". Ou seja, não é necessário apelar para sabonetes íntimos específicos, viu?
— Aliás, quem faz lavagem vaginal com buchas apresenta mais riscos de desenvolver infecções. O mesmo vale para sabonetes íntimos, que podem retirar a proteção natural do órgão. O banho diário já é o suficiente — aconselha o ginecologista José Geraldo Ramos.
Se for sabonete com pH natural (tipo os infantis!), melhor ainda!
9. Qual a semelhança entre o iogurte e a vagina?
Sabe como se faz iogurte? O leite passa por um processo de fermentação no qual uma bactéria é usada: os lactobacilos. E essas bactérias também estão presentes na vagina – e são importantíssimas para a saúde do órgão. Sim, é isso mesmo. Isto porque elas são responsáveis por metabolizar o glicogênio e produzir o ácido lático, que faz com o pH da vagina diminua, protegendo o órgão da proliferação de outras bactérias que podem causar infecções.
– Na fase reprodutiva da mulher, os lactobacilos protegem a vagina de infecções. Com a menopausa, essas bactérias desaparecem – explica o ginecologista e professor da UFRGS, Paulo Naud.
O tipo de lactobacilo utilizado na indústria é diferente. No entanto, uma cientista da Universidade de Winsconsin, nos Estados Unidos, criou um iogurte produzido a partir de secreções da própria vagina (ECA!). A história repercutiu nas redes sociais depois que Janet Jay escreveu um artigo, publicado no site da revista VICE, chamado “How to make breakfast with your vagina” (Como fazer o café da manhã com a sua vagina, em tradução livre), contando como a amiga havia feito o produto. “Ficou azedo e com um aroma especial, deixando um leve formigamento na língua”, dizia o artigo. Mas que fique claro que ingerir bactéria vaginal é uma má ideia, ok?
10. Alô, bisturi!
É para lá de normal ter um lábio vaginal maior do que o outro, sabia? Apesar de comum, a característica incomoda muitas mulheres, que buscam na cirurgia plástica a remodelação do órgão. E a labioplastia é cada vez mais procurada, sabia? Durante o procedimento, o médico retira o excesso de pele de lábios volumosos demais, por exemplo. Há também quem opte pela lipoaspiração do Monte de Vênus - exatamente, aquela região mais "gordinha" da vagina. Vale frisar que todos, salvo exceções, são procedimentos puramente estéticos.
— Há muita procura de plásticas vaginais, mas não há estudos a médio nem longo prazo que comprovem que essas técnicas são seguras. Há até uma técnica a laser em que são retiradas as rugas da vulva, que não é liberada para o uso rotineiro. Ainda há muitas restrições — alerta o professor de Obstetrícia da UFRGS José Geraldo Ramos.
— O que noto, e não só no Brasil, é que existe uma tendência a exagerar nas indicações de cirurgia. Óbvio que há casos em que elas são necessárias, como em casos em que o parto deixa uma cicatriz defeituosa, mas a prática está excessiva — completa.
Ou seja, pense duas vezes (ou mais!) antes de se submeter a um procedimento puramente estético. Conversar com seu médico de confiança é sempre a melhor opção.