Cuidar da higiene íntima é essencial na vida de qualquer mulher e requer alguns cuidados especiais. Manter a vagina saudável exige que se adote alguns hábitos - e se deixe outros de lado - para impedir a entrada de bactérias ruins e a proliferação de fungos, que podem causar infecções e desconfortos. São detalhes que vão da forma de limpar adequadamente a região genital até o tecido da calcinha, que podem fazer toda a diferença para manter o equilíbrio da flora vaginal.
Donna ouviu as ginecologistas e obstetras Kenya Netto, da Clínica Maternitá - Saúde da Mulher e Pediatria, e Ana Paula Dresch, do Hospital Moinhos de Vento, que indicam algumas práticas essenciais na rotina de higiene feminina e apontam os hábitos que podem fazer mal à saúde íntima.
1. Vestir roupas apertadas por muito tempo
Evite usar peças justas demais com frequência e, na temporada de calor, não permaneça muito tempo com biquíni ou maiô molhados na piscina ou praia. A umidade e o abafamento na região genital acabam provocando um desequilíbrio interno da flora vaginal, o que pode levar à candidíase de repetição e a infecções bacterianas, como a gardnerella, explica Ana Paula, que também é especialista em reprodução humana:
— É uma bactéria que faz parte da nossa flora e não causa sintoma nenhum, mas quando se altera o pH pode ocasionar secreção com cor e cheiro.
2. Usar calcinhas de tecidos sintéticos
As calcinhas de algodão são as melhores aliadas da saúde íntima, pois é um tecido leve, que impede o abafamento e permite a transpiração da região ao longo do dia, ajudando a evitar infecções, alergias ou coceiras. Quando optar por outros tecidos, é importante que pelo menos o forro seja de algodão.
Também é recomendado dormir sem calcinha e com roupas largas, quando possível, para deixar a região genital mais ventilada. A peça íntima deve ser trocada, no mínimo, uma vez ao dia.
3. Usar produtos com perfume
Evite usar sabonetes perfumados, pois podem alterar o pH vaginal. Dê preferência aos produtos líquidos e hipoalergênicos.
— Alguns sabonetes íntimos contêm lactobacilos, que são fundamentais para manter a microbiota, o equilíbrio da flora vaginal — observa a médica Kenya.
Atenção também aos lenços umedecidos, que devem ser preferencialmente sem perfume, assim como lubrificantes, cuja melhor opção são aqueles feitos à base de água.
Após a higiene íntima, é importante secar bem a vagina, com toalhas de algodão secas e limpas que não agridam a região.
4. Não hidratar a região íntima
Remover os pelos da região genital exige cuidados e atenção durante e após o procedimento. Conforme o Guia prático de condutas sobre higiene genital feminina, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), é recomendado o uso de substâncias calmantes (água boricada e soluções de camomila) após a depilação, assim como o uso de hidratante não oleoso – mas somente na região externa da vagina.
Kenya diz que o método a laser é o mais indicado para a saúde feminina do que depilação com cera e lâmina, por ter uma chance menor de machucar ou cortar a região. Além disso, é importante conhecer o lugar e o profissional onde será feita a depilação.
A frequência deve ser a menor possível, mas a extensão da área depilada depende do gosto de cada mulher, pois o excesso de pelos pode contribuir para o acúmulo de resíduos e secreções.
5. Usar duchas intravaginais
A higiene da vagina deve ser feita diariamente, mas ambas ginecologistas não recomendam o uso de duchas intravaginais, pois altera o pH vaginal e predispõe a algumas vaginoses ou infecções fúngicas.
— Elas tiram toda a proteção natural da vagina — alerta Kenya.
A limpeza correta deve ser feita com água corrente, sabonete neutro, de preferência líquido, fazendo-se movimentos circulares. Os banhos de assento são indicados somente quando houver recomendação médica
— Cuide para fazer a higiene por fora, na vulva, e não dentro da vagina — complementa Ana Paula.
6. Não cuidar da alimentação
Além dos hábitos de higiene, manter uma alimentação balanceada e nutritiva e ingerir bastante líquidos no dia a dia é fundamental para a saúde genital.
— As dietas muito ricas em carboidratos e em açúcares alteram o pH da vagina e podem trazer mais riscos de infecções de repetição — alerta Kenya.
A ingestão de lactobacilos, presentes em iogurtes, por exemplo, também é recomendada para a saúde da flora vaginal, principalmente para mulheres com histórico de candidíase.
7. Não fazer higiene pós-relação sexual
Em primeiro lugar, não dispense o uso de preservativos. Já no pós-relação sexual, é importante fazer muito bem a higiene da vagina e do ânus, com a combinação de água e sabão neutro.
— Fazendo uma higiene pós-relação há menos risco de infecções urinárias por germes até de origem intestinal — diz Kenya.
Urinar depois da relação também é uma conduta indicada pelas médicas.
8. Ficar muito tempo com o mesmo absorvente
Quando se trata do modelo tradicional de absorvente, a ginecologista Ana Paula lembra que se deve tentar trocá-lo pelo menos a cada quatro horas. E jamais dormir com o absorvente interno.
E mais
O uso de anticoncepcionais também exige atenção, já que alguns podem alterar a microbiota e isso predispõe algumas infecções genitais, afirma a ginecologista Kenya. No pós-menopausa, também podem ocorrer alterações na flora vaginal.
— A reposição hormonal, nesse sentido, é muito importante. O uso de hormônios tópicos na pré e pós menopausa e o uso de hormônios via oral também ajudam na saúde da genitália — acrescenta Kenya.
Além de manter esses cuidados diários, é importante que toda mulher faça consultas de rotina ao ginecologista, no mínimo uma vez ao ano.