A higiene íntima ainda é tabu para muita gente, inclusive nas consultas médicas. Mas essa série de cuidados pessoais é fundamental para prevenir doenças infecciosas, algumas delas graves.
– As pessoas acham que se trata de um conhecimento automático e instintivo, e não é. Muitas vezes, também associam higiene íntima a sexualidade, o que também está errado – diz o professor titular de Ginecologia da Unicamp Paulo César Giraldo.
Um dos pontos que o médico ressalta é que entre 10% e 20% das mulheres não sabem se limpar corretamente depois de ir ao banheiro. O hábito adequado – de frente para trás – evita infecções vaginais e outros problemas. Ele também desfaz um equívoco comum sobre a questão.
– Higiene íntima é higiene externa, nos pequenos e grandes lábios, na vulva. Não se deve lavar a vagina, não há necessidade. E entre o papel higiênico e o lenço umedecido, melhor o lenço, que é mais eficiente nessa limpeza mecânica – explica.
As dicas que os especialistas dão não inspiram uma rotina neurótica de cuidados ou a utilização de produtos especiais. Água e sabonete neutro são os aliados básicos, mas é importante observar as peculiaridades de cada pessoa e também a enxurrada de produtos que prometem resultados nem sempre tão saudáveis, como perfumes íntimos e lingeries que podem machucar a área.
– Nada que tem perfume é adequado para a limpeza íntima – sentencia o urologista Carlos da Ros, chefe do Departamento de Urologia da Sociedade Brasileira de Urologia.
Dicas para cuidar da saúde íntima feminina
— Lave-se com água e sabonete neutro, com pH entre 5 e 6, que é o pH semelhante ao da área da vulva. Evite usar cotonetes, esponjas e similares. Use as mãos e faça movimentos delicados, para evitar lesões na pele da vulva.
— Sabonetes íntimos não são necessários, mas podem ser uma opção. Também observe o pH e evite os que têm perfume.
— Fique atenta. Lavar é superimportante, mas secar é fundamental. Use toalhas macias e seque bem a região. Umidade é um prato cheio para fungos, alguns dos principais causadores de infecções vaginais.
— Se não for possível lavar-se com água e sabão a cada visita ao banheiro, tome cuidado na limpeza com o papel higiênico. Ela deve ser feita sempre da frente para trás, no sentido do ânus. O inverso pode levar bactérias das fezes para a vagina, provocando infecções.
— Evite qualquer produto com perfume e observe os rótulos – há muitos no mercado carregados de substâncias químicas que podem causar alergias. Os lenços umedecidos não são contraindicados e ajudam a retirar resíduos que o papel higiênico deixa para trás, mas prefira as versões sem perfume e sem álcool.
— Calcinhas de algodão são mais confortáveis, mas de nada adianta usá-las por baixo de uma calça jeans superapertada. Aliás, roupas apertadas são grandes inimigas da saúde íntima das mulheres. Portanto, evite-as.
— A limpeza deve ser restrita às regiões da vulva, ânus, pequenos e grandes lábios. Não se deve introduzir duchas ou perfumes, por exemplo, na região da vagina.
— No período menstrual, dê mais atenção à higiene. O absorvente deve ser trocado pelo menos de hora em hora ou em um período menor se o seu fluxo for muito intenso. Os absorventes internos também devem ser trocados com frequência.
— Os absorventes de proteção diária não são unanimidade, mas é importante que permitam que a região fique arejada. Em situações como puerpério (período logo após o parto), ajudam a evitar aborrecimentos por conta do aumento da secreção vaginal.
— Evite depilar a região com lâminas. Elas causam fissuras na pele da vulva, o que pode ser uma porta de entrada para infecções.
— Os médicos sugerem aparar os pelos pubianos, deixando-os com pelo menos meio centímetro de comprimento. Pelos compridos comprometem a higiene, e os muito curtos podem encravar, causando as chamadas foliculites. Compressas de chá de camomila ajudam nas irritações causadas pelas depilações a laser.
— Faça higiene após as relações sexuais.
— Em qualquer sinal de corrimento, procure um médico.