O calorão já marca presença no Rio Grande do Sul e, com as altas temperaturas, é preciso ligar o alerta: os cuidados com a saúde íntima devem ser redobrados. A umidade e o abafamento podem colocar a vulva e a vagina em risco – por isso, fungos, bactérias e infecções são comuns nesta época do ano.
Para saber quais os principais cuidados que as mulheres devem ter no dia a dia, Donna conversou com duas médicas que integram a Associação e Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul (Sogirgs): as ginecologistas e obstetras Luciane Lubianca e Silvane Nenê Portela. Veja abaixo como pequenas mudanças de hábitos podem ajudar a evitar problemas:
Xô, umidade!
Está tão calor que a calcinha ficou molhada ao longo do dia, em razão do suor e das secreções naturais do corpo? Então, ligue o alerta. Se a região ficar úmida por muito tempo pode colocar a saúde íntima em risco, explica a médica Luciane:
– No calor, a região genital fica mais suscetível ao aparecimento de fungos e bactérias. Precisamos lembrar que a vagina tem um ecossistema onde a flora vaginal, o estado hormonal e o imunológico necessitam estar em equilíbrio.
Em dias de altas temperaturas, leve uma calcinha extra na bolsa e troque quando a umidade tomar conta da região. Já em casa, a dica é abrir mão da lingerie para garantir que a região fique arejada, principalmente para dormir. Se estiver menstruada, troque o absorvente com mais frequência para não reter umidade.
A mesma lógica segue para o biquíni molhado. Se você vai entrar na piscina ou no mar e quer seguir curtindo o dia de sol fora da água a indicação das especialistas é levar outra peça de roupa na bolsa.
– Evite que a roupa seque no seu corpo. Além disso, outro alerta: não devem ser compartilhadas peças íntimas, toalhas ou sabonetes – afirma a médica Silvane, que também é professora da Universidade de Passo Fundo e da Universidade Federal da Fronteira Sul.
Roupas leves
No verão, peças justas e pesadas, como o jeans, devem ser evitadas porque podem "abafar" o local. A ginecologista e obstetra Silvane sugere o uso de saias e vestidos, que possibilitam uma transpiração mais adequada. Outro ponto importante: opte por calcinhas de algodão.
– A vulva é uma área sensível e delicada, e o algodão é um tecido mais "respirável" e absorvente, facilitando a absorção da umidade extra do local. A oclusão excessiva e o acúmulo de umidade na vulva tornam a área mais suscetível ao desenvolvimento de doenças – pontua Silvane.
Calcinhas secando no banheiro
Ao lavar o biquíni, explica a médica Luciane, o ideal é dispensar amaciantes e alvejantes. A limpeza da peça deve ser feita apenas com sabão neutro e água. E mais: você é do time que deixa a calcinha ou o biquíni secando no banheiro? É melhor rever seus hábitos.
– Ali, a peça seca mais vagarosamente, e a umidade pode facilitar o crescimento de fungos. O ideal é não deixar a peça pendurada no box – diz Luciane.
Limpeza segura
O processo de limpeza sem riscos é simples: passar água morna e, no máximo, um sabonete específico na parte externa. E deu. A ginecologista e obstetra Silvane explica que os produtos mais indicados são aqueles com formulações líquidas, hipoalergênicas e com pH ligeiramente ácido – por isso, dê preferência aos sabonetes íntimos à base de ácido lático. A região íntima deve ser lavada de uma a duas vezes por dia apenas com as mãos (não use toalha, esponja, cotonete, etc.).
Os vilões
Às vezes, preocupadas com o odor mais marcante que pode vir com o calor, muitas mulheres querem "intensificar" a limpeza do local. Não caia em cilada: ducha vaginal, sabonetes comuns, desodorantes e lenços umedecidos mais atrapalham que ajudam. Os produtos aromatizados podem causar alergias e irritar a genitália, por isso são desaconselhados. Já o uso recorrente dos sabonetes e lenços umedecidos pode alterar o pH da superfície da pele e ser prejudicial para a vulva, assim como a ducha vaginal – o que pode abrir espaço para as infecções.
– Assim como a falta de higiene, o excesso também pode ser prejudicial. Os cuidados não devem levar mais de três minutos, caso contrário, pode haver ressecamento e traumatismos na região vaginal. Em alguns períodos, como no ciclo menstrual, depois de exercícios físicos e no pós-parto, a limpeza pode deve ser feita com mais frequência, já que a região fica mais úmida, mas sempre com cautela por ser muito sensível – frisa Silvane.