O Dia do Orgulho Nerd foi comemorado nesta quarta-feira porque o 25 de maio reúne três grandes acontecimentos deste universo: é a data da estreia, em 1977, do primeiro filme da franquia Star Wars, é o Dia da Toalha, para os fãs da série literária O Guia do Mochileiro das Galáxias, e é referenciada como Glorioso 25 de Maio nos livros Discworld.
Mas, ultimamente, todos os dias podem despertar o orgulho nerd.
A turma que, nos anos 1980 e 1990, cresceu à mercê da exclusão social e do bullying por gostar de histórias em quadrinhos de super-herói, sagas de ficção científica e jogos (fossem os de tabuleiro, fossem os eletrônicos) concretizou a Vingança dos Nerds que dava nome a uma comédia lançada em 1984. Os guris esquisitos ou tímidos de outrora se tornaram manda-chuvas em Hollywood, como Kevin Feige, 49 anos na próxima quinta-feira (2), presidente da Marvel Studios, Ryan Reynolds, 45 anos, ator que encarna o desbocado e deformado Deadpool e foi o astro de Free Guy: Assumindo o Controle (2021), ou os irmãos Matt e Ross Duffer, gêmeos de 38 anos criadores do seriado Stranger Things, que terá sua aguardadíssima quarta temporada lançada nesta sexta (27) pela Netflix.
Se na adolescência de Feige, de Reynolds e dos Duffer os filmes de super-herói eram escassos — um Superman (1978) aqui, um Batman (1989) ali, um Spawn (1997) acolá —, sem dinheiro nem tecnologia para levar ao cinema os superpoderes e os mundos fantásticos dos gibis e com uma recepção nem sempre positiva (tanto pela crítica quanto pelo público), hoje o cenário é completamente diferente.
Para o bem ou para o mal, os super-heróis conquistaram o mundo do entretenimento. Tornaram-se onipresentes. Somente em 2022, serão lançados oito longas-metragens, incluindo Thor: Amor e Trovão, com Natalie Portman mostrando-se digna de empunhar o martelo Mjolnir, Adão Negro, protagonizado por Dwayne Johnson, a animação Liga dos Super Pets e Pantera Negra: Wakanda para Sempre, que deve girar em torno do sucessor do rei T'Challa após a morte do ator Chadwick Boseman, em 2020. Há também uma penca de séries nas plataformas de streaming, como Cavaleiro da Lua, Ms. Marvel e Mulher-Hulk, no Disney+, Pacificador, na HBO Max, Sandman, na Netflix, e a terceira temporada de The Boys, no Amazon Prime Video.
Com orçamentos milionários — Vingadores: Ultimato (2019) custou US$ 356 milhões, Liga da Justiça (2017), US$ 300 milhões —, os efeitos visuais estão cada vez mais evoluídos, embora nem sempre agradem (vide a escuridão de Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, em 2021).
Do retorno, não há muito do que reclamar. Pantera Negra (2018) e Coringa (2019) disputaram o Oscar de melhor filme. A Academia de Hollywood premiou duas vezes o arqui-inimigo do Homem-Morcego: Heath Ledger venceu como ator coadjuvante pelo Coringa de Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008), e Joaquin Phoenix foi o melhor ator na pele do protagonista de Coringa. No agregador de críticas Rotten Tomatoes, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (2021) fechou em primeiro lugar o ranking do ano passado. (Em compensação, Morbius, de 2022, tem míseros 17% de avaliações positivas no mesmo site.)
Na lista das 50 maiores bilheterias de todos os tempos, 13 são estreladas por personagens nascidos nas HQs do gênero — e todas ultrapassaram a marca de US$ 1 bilhão. No top 10, estão Vingadores: Ultimato (2º), com US$ 2,79 bilhões, atrás apenas dos US$ 2,84 bilhões de Avatar (2009), Vingadores: Guerra Infinita (5º), Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (6º) e Os Vingadores (2012).
Nas bilheterias de 2022, o líder é Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, com US$ 807,7 milhões, seguido de Batman, com US$ 769,2 milhões. Vale citar que o quarto colocado é Uncharted (US$ 400,8 milhões) e o sexto, Sonic 2 (US$ 375,5 milhões), ambos baseados em games. Em quinto, com US$ 388,7 milhões, está Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore, derivado do universo Harry Potter, um dos mais bem-sucedidos nerds da ficção.